10ª. Edição (2009)

Categoria Individual

 

Abdias do Nascimento

Abdias do Nascimento (1914 – ) é intelectual, escritor, artista e ativista na defesa dos direitos humanos e civis dos negros. Nascido em Franca (SP), atua no combate à discriminação racial desde a década de 1930, quando se alistou no exército e participou da Frente Negra Brasileira. Durante o Estado Novo, foi preso e condenado por protestar contra a ditadura. Poucos anos depois, voltaria à prisão por “resistir a agressões racistas”. Dessa vez, decide criar o Teatro do Sentenciado da Penitenciária do Carandiru com um grupo de presos que escreviam, dirigiam e interpretavam. Em 1944, já em liberdade, funda o Teatro Experimental do Negro (TEM), considerado um marco na história das artes cênicas brasileiras. Em 1945 funda o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, que luta pela anistia dos presos políticos, e organiza a Convenção Nacional do Negro que propõe à Assembléia Nacional Constituinte a inclusão da discriminação racial como crime, então negada. No ano seguinte, participa da fundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Rio de Janeiro.

Alvo de perseguição política, deixa o país em 1968. É então convidado pela Fairfield Foundation para uma série de palestras nos EUA. Durante os quinze anos fora do Brasil, Abdias envolve-se com intelectuais e movimentos de direitos civis de diversas regiões do mundo. A partir dessa experiência, ganha reconhecimento fora do país. Participa como professor visitante de atividades em universidades norte-americanas e africanas. Em 1970, funda a cadeira de “Culturas Africanas no Novo Mundo” da Universidade do Estado de Nova York.

De volta ao Brasil, funda, ao longo da década de 80, diversas entidades e atua como deputado e senador. Em 1999, assume a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em 2000, volta a dedicar-se às atividades de escritor e pintor.

Recebeu diversos prêmios e distinções. Em 2004, foi homenageado pela Presidência da República como “o maior expoente brasileiro na luta intransigente pelos direitos dos negros, no combate à discriminação, ao preconceito e ao racismo“.

 

Categoria Institucional

Caminhada pela Paz

Caminhada pela Paz é um projeto social desenvolvido pela Paróquia Nossa Senhora do Morro por meio do Centro Social Padre Danilo, coordenado pelo Padre Matozinhos de Oliveira e Padre Mauro Luiz da Silva. Sediado em Belo Horizonte (MG), o projeto busca melhorar as condições de vida dos moradores do Aglomerado, composto pelas favelas Barragem Santa Lucia, Morro do Papagaio, Vila Estrela, Vila Esperança e Vila São Bento. A população do Aglomerado é composta, em sua maioria, por jovens negros.

As atividades do projeto tiveram início em 2000, como forma de protesto à violência instaurada nas comunidades e à ausência do poder público. Inicialmente um evento realizado uma vez por ano, a Caminhada pela Paz, ganhou abrangência por meio de ações multidisciplinares que envolvem educação, cultura, esporte, lazer, saúde, meio ambiente, cidadania e direitos quilombolas com metodologia baseada na participação dos próprios moradores.

Dentre as atividades sociais em andamento, podem ser citadas o projeto “Criança Quilombola” que inclui atendimento pedagógico, bibliotecas, brinquedotecas e centros de recreação; programa “Escola Integrada”, desenvolvido em conjunto com a prefeitura, no qual as crianças são acolhidas em período integral para atividades de reforço escolar e lazer; Curso de Inglês; programa de Alfabetização de Adultos pelo método “Paulo Freire”; Sala de Informática e Multimeios; [lan house] para permitir a inclusão digital dos moradores; curso pré-vestibular comunitário “Conquistar”, que colaborou na aprovação de mais de 200 jovens e adultos; Associação dos Universitários do Morro (AUM), que planeja implementar um banco de currículos e vagas de emprego para facilitar o ingresso dos moradores no mercado de trabalho; passeios comunitários por cidades mineiras; bazares beneficentes; cooperativa de costura “Copernossa”; Pastorais da Saúde e da Criança; projeto “Thalita Kum”de assistência aos acamados, garante remédios e transporte de emergência para consultas e internações; o projeto “Melhor Idade”de atendimento aos idosos.

Além dessas atividades, o Caminhada pela Paz realiza ações que abordam questões de ocupação do solo e meio ambiente, como o projeto “Replantando a Paz” que tenta garantir segurança nas encostas por meio do plantio de mudas; o projeto “Tá Limpo”, instituído para a coleta de lixo; a formação do subcomitê “Bacia do Leitão” para monitoramento das águas na região, ligado ao Projeto Manoelzão da UFMG; o projeto “Balaim de Fulô” que trata do cultivo de hortas em canteiros comunitários e distribuídos em meio às vielas e becos das comunidades; e o projeto “Bela Viola” que com a participação de arquitetos e engenheiros voluntários, possibilita melhorias nas moradias.

Para 2009 foram elaboradas nove propostas de ação. São elas: construção do “Centro Comunitário Jesus Sol da Justiça” na favela Vila Estrela, ainda pouco atendida pelo projeto; realização do “Quilombo do Papagaio 2009”, evento anual que aborda temas ligados aos Direitos Humanos e à questão racial por meio de atividades que incluem palestras, oficinas, mostras culturais e gincanas. O evento dura vinte dias; curso de Direitos Humanos e Questão Racial do Grupo “OASIS na Caminhada”, também ligado à Paróquia Nossa Senhora do Morro; Projeto Emaús, que cuida da divulgação da Caminhada pela Paz por meio do “Jornal da Caminhada” e do “Portal da Paz”, para web; realização da 10ª Caminhada pela Paz; apoio à Missão de Paz na Vila São Bento, que tenta garantir a permanência dos moradores em um terreno disputado com a prefeitura e grandes empreendedores; projeto “Paulo de Tarso” que prevê o desarmamento do Aglomerado; projeto “100x PAZ no Natal”,por meio do qual são confeccionados cem letreiros luminosos com a palavra “paz”, distribuídos entre os moradores; primeira Formatura Coletiva no Quilombo do Papagaio, na qual 36 jovens recém-formados receberão diploma da Universidade Quilombola, uma instituição simbólica criada para valorizar o conhecimento produzido dentro das favelas, pelos próprios moradores.

Desde a implantação do projeto, houve uma sensível redução no número de assassinatos e tiroteios no Aglomerado, segundo dados da própria Polícia Militar. Além dessa conquista, o projeto vem cumprindo com sua meta de viabilizar o acesso à educação. Em 2007, recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal, na categoria Enfrentamento à Pobreza.

 

Menções Honrosas:

Categoria Individual

Débora Diniz Rodrigues 

A antropóloga Débora Diniz Rodrigues é professora da Universidade de Brasília(UnB). Coordena estudos sobre questões de gênero e opção sexual, diversidade cultural, bioética, saúde reprodutiva e pública. Tem vários artigos, dois livros, documentários sobre temas sociais, do direito ao aborto de bebês anencéfalos à realidade dos manicômios.

 

Categoria Institucional

Arsenal da Esperança

O Arsenal da Esperança, fundada por Ernesto Olivero e Dom Luciano Mendes de Almeida, em 1996, oferece todos os dias acolhida a 1.150 homens que se encontram em dificuldades, na maioria das vezes, por falta de trabalho, casa, alimentação, saúde e família. Quem ingressa nessa casa recebe acolhida digna e, sobretudo, a oportunidade de transformar sua própria condição de vida.

Dentre seus diversos serviços estão: refeições, leito, banho, roupas, calçados, atendimentos médicos, fisioterápicos e odontológicos; cursos de alfabetização, informática e profissionalizantes; biblioteca; atividades esportivas, de recreação e culturais, como coral, teatro e sessões de cinema. O Arsenal responsabiliza-se, ainda, pela assistência jurídica e orientação previdenciária às pessoas carentes.