8ª. Edição (2007)

Categoria Individual

Dom Paulo Evaristo Arns – Cardeal Emérito de São Paulo

Nascido em Criciúma, Santa Catarina, em 1921, Dom Paulo Evaristo Arns ingressou na ordem franciscana em 1939. Ordenou-se presbítero em 1945 em Petrópolis, Rio de Janeiro. Na Sorbonne, em Paris, laureou-se em Patrística e Línguas Clássicas. Trabalhou como vigário nos subúrbios de Petrópolis, onde era amigo das crianças e dos pobres dos morros, quando, em 1966, foi indicado e sagrado bispo auxiliar de Dom Agnelo Rossi em São Paulo. Atuou intensamente na Região Norte de São Paulo e em março de 1973, o Papa Paulo VI o nomeou Cardeal da Santa Igreja. Dirigiu a arquidiocese São Paulo de 1970 até 1998. Hoje é Arcebispo Emérito de São Paulo.

Na arquidiocese de São Paulo criou quarenta e três paróquias, incentivando e apoiando o surgimento de mais de duas mil Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) nas periferias da metrópole paulistana, particularmente nas atuais dioceses sufragâneas de São Miguel, Osasco, Campo Limpo e Santo Amaro, além das regiões de Belém e de Brasilândia. Em 1972, lançou o Operação Periferia, para servir as áreas mais carentes da cidade. No ano seguinte, vendeu o Palácio Pio XII, indo morar em uma casa simples no bairro do Sumaré. Com isso conseguiu construir 1200 centros comunitários na periferia. Nesse período assinou também sete Planos de Pastoral, com prioridades sempre eleitas democraticamente pelas comunidades. Criou, em 1992, os Vicariatos de Comunicação e dos Construtores da Sociedade e, em 1993, o Vicariato para o Povo da Rua.

Como Arcebispo, tornou-se voz dos sem voz e arauto da justiça social em nosso país, assumindo de forma destemida a defesa dos direitos humanos, constantemente violadas pela ditadura militar (1964-1985). Foram momentos marcantes sua ida a Brasília em 1974, acompanhando familiares de presos políticos, para encontro com o general Golbery do Couto e Silva, quando apresentou dossiê sobre 22 casos de desaparecimentos, ou quando celebrou, em 1975, na Catedral da Sé, o histórico culto ecumênico em memória de Wladimir Herzog, jornalista morto na tortura dos porões da ditadura militar.

Em 1985, a Arquidiocese de São Paulo publicou o livro Brasil: nunca mais, um relato para a história do uso institucionalizado da tortura durante a ditadura militar. Em seu prefácio, Dom Paulo num relato de sua vivência reforça que a tortura além de desumana é o meio mais inadequado para levar-nos a verdade e chegar a paz. O livro permaneceu 91 semanas consecutivas nas listas dos 10 mais vendidos.

Ainda neste ano, a convite das igrejas da África do Sul pronunciou uma série de conferências como parte da campanha End of Conscription (Fim da Convocação Militar). Estimulou a criação do Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidioceses de São Paulo, com o objetivo de coordenar e ajudar a resolver problemas locais de vários centros regionais de defesa dos direitos humanos. No ano seguinte, participou da fundação da Agência Ecumênica de Notícias e presidiu a celebração ecumênica da Paz na Praça da Sé. Em 1989 foi indicado oficialmente para o Prêmio Nobel da Paz.

Entre 2001 e 2004, representou a sociedade civil no Conselho Deliberativo do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo, e foi Membro Titular do Conselho da Cátedra UNESCO desse Instituto. Em 17/02/2002 a Universidade de Brasília concedeu o titulo de Doutor Honoris Causa ao Cardeal, cuja honra é também a causa dos pobres.

Entre 2001 e 2006 lançou dez livros, somando-se perto de 60 obras publicadas.

É pela sua vida dedicada aos Direitos Humanos que a Universidade de São Paulo tem o orgulho de conceder a Dom Paulo Evaristo, Cardeal Arns o VIII Prêmio USP de Direitos Humanos, na categoria Individual.

 

Categoria Institucional

Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu artigo 3º, afirma que “todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. E esse direito fundamental é que tem norteado, durante toda a sua existência, as atividades do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, além da proteção do Meio Ambiente e do Patrimônio.

Até 1879, os incêndios na cidade de São Paulo eram basicamente combatidos pela população que ficava em fila, e, do poço mais próximo iam os baldes passando de mão em mão, até chegarem ao prédio em chamas. Em 1851, pensou-se na criação de um grupo especialmente treinado para essa difícil missão e várias tentativas foram feitas durante a década de 1870, mas foi apenas na década seguinte que tal plano se concretizou de forma institucional: a 1º de março de 1880, começaram os trabalhos de extinção de incêndio na Capital do Estado de São Paulo, com a criação da Seção de Bombeiros, composta de 20 homens.

Nesses 127 anos de existência, várias foram as mudanças na corporação, como, por exemplo, a troca de veículos de tração animal por aqueles de tração a motor e a criação, em 1990, do sistema de Resgate para atendimento pré-hospitalar das ocorrências de salvamento. E nos momentos mais difíceis, tanto das pessoas comuns, como da cidade como um todo, nas grandes tragédias e catástrofes pessoais e da sociedade, o Corpo de Bombeiros esteve presente de forma heróica, com profissionalismo, persistência e prontidão. E é essa ação generosa desses homens e mulheres que gerou o reconhecimento da instituição por parte do estado que a abriga e por todo o país: por seis anos consecutivos, o bombeiro foi registrado como o profissional em que o brasileiro mais confia.

Toda essa excelência nas ações a favor da vida pode ser vista nos números que representam o tamanho da corporação e o alcance de seus atos. Diariamente, seu telefone de emergência recebe em média 30.000 ligações. A corporação conta hoje com 9.271 homens e mulheres, com 224 postos de atendimentos executando ações emergenciais de resgate, combate a incêndios e salvamentos totalizando mais de 500.000 atendimentos de ocorrências anualmente. Apenas em 2002, foram mais de dois mil incêndios, 48 mil salvamentos, 243 mil resgates e 128 mil trabalhos juntos à comunidade. Esses números incluem as atividades do 17º Grupamento de Bombeiros- Salvamar Paulista, que cobre, de numa extensão de 392.460 m, 283 praias da cidade do litoral do Estado de São Paulo.

Com a dedicação e a seriedade daqueles que integram suas fileiras, essa centenárias Corporação escreve gloriosa história, sempre pronta para novos desafios, buscando acompanhar, no país e no mundo, as evoluções tecnológicas e operacionais, para, cada vez mais, ofertar à nossa população, o que há de melhor em serviços de bombeiros.

Por tudo isso, a Universidade de São Paulo tem o orgulho de conceder ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do estado de São Paulo o VIII Prêmio USP de Direitos Humanos, na categoria Institucional.