Amazônia Indígena, Ribeirinha, Urbana. Ecologia de Saberes e Desafio Decolonial nas Artes, na Arquitetura e no Território (AUH-5876) é uma disciplina ministrada pelos professores Renata Maria de Almeida Martins e Luciano Migliaccio, com sua edição mais recente no 1º semestre de 2024. Contou com a participação dos professores colaboradores Dra. Bruna Rocha (UFOPA), Dra. Cristiana Barreto (MPEG) e Dr. Jackson Rêgo Matos (IBEF-UFOPA).
[OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA] Fundada e pensada através do Ciclo de Seminários Quintas Ameríndias promovido pela FAU-USP / Projeto Jovem Pesquisador Barroco Cifrado FAPESP, pela atuação do grupo de pesquisa Abya-Yala FAU. Opção Decolonial e Culturas Ameríndias na História da Arte e da Arquitetura, e inspirada pelos recentes estudos em “perspectiva decolonial” (Mignolo, 2007; Walsh, Moreno, Lambuley, 2018) e por uma “ecologia de saberes” (Santos, 2010, 2019), esta disciplina nasce pela necessidade e desafio em se compreender os fenômenos históricos-artísticos globais/locais, de colonialidade/modernidade, de continuidades/rupturas, e de interculturalidade, através das janelas privilegiadas plurais e de “todos os tempos” (Neves, 2015) que são as Amazônias: indígena, ribeirinha, urbana. Verificada a ausência de disciplinas que se dediquem ao estudo da complexidade destas múltiplas realidades amazônicas, em suas artes e arquiteturas, o programa se justifica por propor, através de uma ecologia de saberes sempre em movimento, um percurso histórico-artístico crítico atualizado, articulado por um pensamento “pós abissal”, ou seja, composto de “novas cartografias” e pela “afirmação das epistemologias do sul [do hemisfério sul global]” (Santos, 2010, 2019); envolvendo as problemáticas ligadas à presença atemporal das culturas indígenas, como também das culturas africanas e mestiças na Amazônia, e à invisibilidade dos sujeitos artísticos da região Norte do Brasil no panorama nacional e mundial.
Os objetivos desta disciplina consistem em: 1. Estabelecer e promover estudos artísticos descentralizados, por via de uma ecologia de saberes, ancorada na transnacionalidade, na transtemporalidade, nos hibridismos, na interculturalidade, nas mestiçagens, e indagada pelas colonialidades/modernidades, presentes nas manifestações de arte e de arquitetura na Amazônia indígena, ribeirinha, e urbana, desde o século XVI ao XXI; 2. Discutir e interrogar o papel da Amazônia na cultura artística brasileira e mundial – desde o período colonial à contemporaneidade –, articulando, para isso, em perspectiva decolonial e transdisciplinar, as Artes, as Culturas Material e Imaterial, a Arquitetura e o Urbanismo, a História Social, a Arqueologia, a Antropologia, a Paisagem Cultural; 3. Promover e incentivar pesquisas supranacionais, pós-abissais e de fronteira, através dos complexos e fluidos contextos históricos, culturais e territoriais amazônicos, e de suas artes e arquitetura, em período de longa duração; 4. Prover discussões acerca dos fenômenos artísticos locais(amazônicos)/globais e da agência indígena, através dos choques/encontros, continuidades/descontinuidades, circulações, fluxos e deslocamentos de diferentes sujeitos, artistas, ideias, objetos, modelos artísticos e arquitetônicos, desde o século XVI ao XXI nas Amazônias; 5. Estabelecer um espaço aberto para debate na agenda disciplinar da pós-graduação da FAU-USP, envolvendo pesquisadores da USP e de outras universidades, dedicados às problemáticas relativas ao colonialismo/modernização, e à presença das culturas artísticas europeias, mestiças, indígenas e negras na Amazônia, nas Américas e na Europa; 6. Refletir criticamente, no campo da construção do conhecimento em História da Arte e da Arquitetura, sobre as formas de pensamento abissais ligadas ao colonialismo, à violência e à discriminação racial e de gênero, à destruição ambiental, e ao apagamento e silenciamento das culturas indígenas, africanas, mestiças, ribeirinhas, caboclas, populares e das mulheres na Amazônia; 7. Colaborar para estabelecer constantes reflexões e um pensamento crítico acerca dos desafios decoloniais e contemporâneos, humanos, culturais, artísticos e ambientais na Amazônia.
[BIBLIOGRAFIA]
- MIGNOLO, Walter. La Idea de América Latina. La Herida colonial y la opción Decolonial. Barcelona: Gedisa Editorial, 2007.
- NEVES, Eduardo Góes. “Santarém: a cidade de todos os tempos”. In: Revista National Geographic, dez. 2015.
- SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez Editora, 2010.
- SANTOS, Boaventura de Sousa. O Fim do Império Cognitivo. A Afirmação das Epistemologias do Sul. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
- WALSH C., MORENO P. P., LAMBULEY R. Aprender, crear, sanar: estudios artísticos en perspectiva decolonial, Bogotá, Universidad Distrital Francisco José de Caldas, 2018.
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