Mulheres Cientistas: entre desafios, pesquisas e premiações

Objetivo: Relacionar a biotecnologia com a ODS 5 – Igualdade de Gênero, de modo a evidenciar pesquisadoras de destaques que receberam prêmios e tiveram um papel importante na contribuição com as pesquisas e a ciência atual.

Apesar da questão de gênero existente na sociedade desde o início das civilizações, é inegável que diversas cientistas mulheres ficaram conhecidas ao longo da história pela sua contribuição essencial com a ciência mundial. Assim, hoje vamos conhecer um pouco mais algumas dessas cientistas, além de entender o papel importante que elas tiveram com o avanço da ciência e da biotecnologia.

Começando com uma das mulheres que revolucionou a física e a química, sendo a primeira mulher que apresentou um doutorado em ciências na França e, também, a primeira que recebeu dois Prêmios Nobel: Maria Salomea Sklodowska, popularmente conhecida como Marie Curie. Ela nasceu em 7 de novembro de 1867 em Warsaw, Polônia, sendo a filha mais nova da família [1].

Quando adulta, Marie se casou com Pierre Curie, também cientista que se tornou seu parceiro durante suas pesquisas. Ambos faziam ensaios em relação ao magnetismo, onde a cientista teve um papel extremamente importante na descoberta da radioatividade. A partir da invenção do Raio-X de urânio, concluiu que a atividade desse elemento químico não depende do estado químico e sim da sua quantidade, além de introduzir a teoria de que um elemento desconhecido e novo poderia ser descoberto por meio da diferença na radioatividade dos elementos até então conhecidos [1]. Além disso, ela também foi responsável por auxiliar na purificação de dois novos elementos: polônio e rádio [2].

Devido a sua extensa contribuição com a ciência da época, em 1903, a Royal Society of London concedeu ao casal a Davy Medal, pela descoberta mais importante do ano no campo da química [1]. Ademais, também receberam, em conjunto com Henri Becquerel, o Prêmio Nobel de Física de 1903, pelo trabalho conjunto na investigação das propriedades radioativas. Em 1911, veio o segundo Prêmio Nobel de Marie Curie, desta vez em química, reconhecendo o seu papel fundamental no conhecimento a respeito dos elementos Polônio e Rádio [1]. Marie Curie morreu em 1935, com 66 anos, devido a uma leucemia causada pelo efeito secundário da radiação [3], deixando sua filha Irene Curie, que também seguiu os passos dos pais e recebeu um Prêmio Nobel de Química no mesmo ano, devido a sua pesquisa, na qual estudou o bombardeamento do alumínio com partículas alpha, produzindo um isótopo radioativo do fósforo [1]. 

Atualmente, também há nomes de mulheres de destaque no campo da ciência. Abaixo tem uma lista de cientistas de destaque que receberam Prêmios Nobel em diversas áreas [4]:

  • Françoise Barré-Sinoussi (2008 – França): Prêmio Nobel de Medicina, por suas descobertas sobre o vírus da imunodeficiência humana;
  • Ada Yonath (2009 – Isarel): Prêmio Nobel de Química, por suas pesquisas sobre a estrutura e a função do ribossoma;
  • May-Britt Moser (2014 – Noruega): Prêmio Nobel de Medicina, devido suas descobertas em relação à células que constituem um sistema de posicionamento do cérebro;
  • Tu Youyou (2015 – China): Prêmio Nobel de Medicina, pelas suas descobertas sobre uma nova terapia contra a malária;
  • Donna Strickland (2018 – Canadá): Prêmio Nobel de Física, por invenções inovadoras no campo da física do laser;
  • Katalin Karikó (2023 – Hungria e Estados Unidos): Prêmio Nobel de Medicina, pelas descobertas em relação às modificações de base que permitiram o desenvolvimento de vacinas de mRNA eficazes contra a COVID-19.

Apesar da inegável contribuição feminina em diversos campos da ciência, é claro que o papel social histórico atribuído às mulheres limita e desafia a participação destas no campo profissional da sociedade [5]. As mulheres que apresentaram destaque na história da ciência tiveram grande incentivo por parte de familiares e se colocaram numa posição de desafiar certas normas de sua época. Desde conseguir um diploma em uma universidade renomada até conquistar uma cadeira em uma academia de ciências, estas cientistas foram e são a chave para abrir portas para que as meninas consigam enxergar seu lugar para além do socialmente imposto.

Há diversos grupos e movimentos que são de extrema significância para incentivar meninas a seguir o caminho da ciência. No Brasil, há o movimento Girl Up [6], que treina, inspira e conecta jovens para que sejam líderes e ativistas pela igualdade de gênero, incluindo atividades presenciais para estimular o interesse e conhecimento pela ciência. Além disso, dentro do campus da EACH – USP Leste, há dois grupos de incentivo à Ciência e Tecnologia com protagonismo feminino: o Lab das Minas [7] e o projeto Vai Ter Menina na Ciência [8]. Ambos são responsáveis por organizar atividades e oficinas para estimular e difundir cientistas e projetos de extrema importância para a sociedade, que incluem mulheres em posição de destaque.

Portanto, é importante que cada vez mais meninas e mulheres sejam incentivadas a estudar e ocupar posições de protagonismo na ciência, onde projetos e movimentos, desde o ensino fundamental até a graduação, destaquem e reafirmem a necessidade que estas têm de contribuir com a pesquisa e a ciência mundial. Assim, futuramente, poderemos ver cada vez mais figuras femininas contribuindo com a ciência global e recebendo premiações relevantes para toda a sociedade.

Referências:

[1] ROCKWELL, Sara. The life and legacy of Marie Curie. The Yale Journal of Biology and Medicine, v. 76, n. 4-6, p. 167, 2003.

[2] FRIEDRICH, Christoph; REMANE, Horst. Marie Curie: Recipient of the 1911 Nobel Prize in Chemistry and discoverer of the chemical elements polonium and radium. Angewandte Chemie International Edition, v. 50, n. 21, p. 4752-4758, 2011.

[3] PASACHOFF, Naomi. Marie Curie: And the science of radioactivity. Oxford University Press, 1996.

[4] WIKIPEDIA. Lista de mulheres laureadas com o Nobel. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_mulheres_laureadas_com_o_Nobel. Acesso em: 12 jun. 2025.

[5] FERREIRA, Karolaine Pacheco; GENOVESE, Cinthia Leticia de Carvalho Roversi. Os desafios das mulheres na Ciência: Marie Curie como figura feminina no campo científico. Educação, Ciência e Cultura, v. 27, n. 2, 2022.

[6] GIRL UP. Girl Up Brasil. Disponível em: https://girlup.org/pt/brasil. Acesso em: 12 jun. 2025.

[7] LAB DAS MINAS. Lab das Minas. Disponível em: https://labdasminas.github.io/. Acesso em: 12 jun. 2025.

[8] EACH USP. Vai Ter Menina na Ciência. Disponível em: https://each.usp.br/meninaciencia/. Acesso em: 12 jun. 2025.

Autor: Julia Deffente de Figueiredo