A trajetória até a defesa da tese “Saúde Mental e Atenção Primária à Saúde: Agentes Comunitários de Saúde e a redução do estigma” de Bruna Sordi Carrara

À esquerda, Drª Bruna Sordi Carrara e à direita, Draª Carla Aparecida Arena Ventura.

Bruna Sordi Carrara é pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem, Saúde Global, Direito e Desenvolvimento (GEPESADES) e defendeu em 12 de maio de 2023, a tese de doutorado intitulada “Saúde Mental e Atenção Primária à Saúde: Agentes Comunitários de Saúde e a redução do estigma”, vinculada ao programa de Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP) e orientada pela Profª Drª Carla Aparecida Arena Ventura. Bruna S. Carrara é convidada do CEDiHuS para compartilhar sua trajetória até o doutorado:

“Uma vez ouvi que ser pesquisador é um vício. Hoje eu concordo, mas acrescento: “desde que se tenha condições favoráveis para tal!”. Eu tive este privilégio desde quando dei início à Iniciação Científica (IC) em todo período da minha graduação em Psicologia (Uni-FACEF), e também nos últimos sete anos, com o Mestrado e o Doutorado pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem Psiquiátrica (EERP/USP). Em toda trajetória acadêmica, tive referências profissionais incríveis (docentes e pesquisadores) e que me inspiram ad eternum! E sim, considerando minha trajetória, ser pesquisador é um vício!

Quando penso nessa trajetória, inevitavelmente penso nas aulas de Antropologia e de Fundamentos em Pesquisa que tive no primeiro ano da minha graduação. Essas duas disciplinas, ministradas por docentes admiráveis, fizeram diferença na minha formação e nas minhas escolhas, pois ampliaram meu olhar e me conduziram a lugares (externos e internos) que jamais teria oportunidade de pisar para (re)conhecer minha visão de homem e de mundo. Escolhi estudar/pesquisar/trabalhar com grupos considerados vulneráveis socialmente (idosos, pessoas com transtorno mental), e o fenômeno do estigma relacionado a esses grupos começou a ganhar espaço nos meus interesses, por meio de diferentes caminhos para melhor compreendê-lo, e assim segui até a conclusão do doutorado… e sigo!

Minha tese teve como título Saúde Mental e Atenção Primária à Saúde: Agentes Comunitários de Saúde e a redução do estigma. Defendi a ideia de que os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), trabalhadores da Estratégia Saúde da Família (ESF) são peças fundamentais na construção de estratégias para a diminuição do estigma com relação às pessoas com transtorno mental, pois são os trabalhadores de saúde mais próximos das comunidades e que têm maiores possibilidades de fortalecerem as relações, o vínculo e a confiança com os usuários e famílias.

Posso afirmar que essa temática esteve tão presente em mim nos últimos anos, que o momento da defesa, e todo o processo de preparação da apresentação, foi permeado de emoções positivas e significativas. Sempre me senti segura por ter a Profa. Carla Ventura ao meu lado em todos esses anos, me transmitindo confiança, me respeitando e, no momento da defesa, não foi diferente. Sua presença ali, num ritual simbólico de fechamento de um ciclo, confirmou nossa parceria… E uma parceria bem bonita! Além disso, a presença da família e amigos assistindo a defesa deixou meu coração mais quentinho e em paz – ter ali pessoas que sempre me apoiaram, concretizou as escolhas realizadas e o momento de recebimento do título de doutora.

As docentes que participaram da banca contribuíram muito compartilhando experiências profissionais, impressões sobre a tese e sugestões para publicação de artigos. As perguntas realizadas possibilitaram momentos de reflexão sobre a temática do estigma com relação às pessoas com transtorno mental no contexto da Atenção Primária à Saúde, bem como sobre minhas principais lições apreendidas. Além de reconhecer a importância da construção de parceria e confiança com o local e participantes da pesquisa, da necessidade de adaptação de ideias e planejamentos de acordo com os contextos, reconheço que escutar, com respeito e ética, o que o outro tem a nos dizer sobre seus “espaços de vida” (percepções, pontos de vista, crenças, atitudes, etc…) é fundamental para construirmos conhecimento e fazermos pesquisa.

Como eu disse, fui muito feliz no caminho escolhido e encontrei, em todo o processo, pessoas incríveis que me ensinaram muito sobre muitas coisas, inclusive sobre como ser (ou se construir) pesquisador(a). O meu desejo é continuar aprendendo e tentando fazer alguma diferença nesse mundo injusto, e belo! E se me é permitido deixar alguma dica para quem deseja seguir carreira acadêmica, digo: compreenda que tudo é um processo, uma construção, e perceba se o que está sendo construído faz sentido para você; acredito que, assim, as coisas todas podem ficar mais leves. E para quem vai defender: se joga, o momento é especial e todo seu!”.

BRUNA SORDI CARRARA
Doutora em Ciências pelo programa de Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). Mestre em Ciências pelo programa de Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário de Franca Uni-FACEF (2013). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem, Saúde Global, Direito e Desenvolvimento (GEPESADES).