Violência por parceiro íntimo: aspectos da saúde da mulher

Fonte: Pixels

Muito se fala sobre como as mulheres vítimas de violência perpetrada por seus parceiros devem buscar auxílio em delegacias da mulher e no sistema de justiça em geral. No entanto, já pensamos sobre como a saúde dessas mulheres é afetada pela ocorrência da violência? É nesse ponto que começamos a perceber algumas características que podem surgir em relação à saúde da mulher. Mas antes, vamos voltar ao início! Sabemos que a violência é um ato intencional de usar força ou poder para ameaçar ou causar danos a uma pessoa, comunidade ou a si mesmo, com consequências que incluem danos psicológicos, físicos e até mesmo a morte. A violência perpetrada pelo parceiro íntimo contra a mulher ocorre quando a violência é cometida pelo parceiro contra a mulher e pode se apresentar de diversas formas, entre elas estão:

Violência psicológica: qualquer conduta capaz de causar dano emocional. Um exemplo é o parceiro atacar a autoestima dessa mulher com comentários de deboche, ou mesmo humilhá-la publicamente. 

Violência patrimonial: qualquer conduta que resulte em retenção, subtração, destruição parcial ou total dos seus objetos. Exemplificando, seria quando este parceiro destrói documentos, fotos que pertencem a sua parceira, ou mesmo causar danos financeiros a esta mulher.

Violência física: qualquer ato com uso intencional da força. É uma violência que deixa marcas e lesões e é mais reconhecida popularmente. Entre esses atos estão, tapas, murros, queimaduras entre outros.

Violência sexual: qualquer ato que venha constranger, a presenciar, a manter ou participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. Um exemplo disso pode ser a parceira recusar a fazer sexo, mesmo que sejam namorados/casados ou morar juntos, e o parceiro insistir, ou ameaça-la a realizar tal ato. 

A ocorrência da violência pode causar danos à qualidade de vida da mulher. A violência psicológica pode ter consequências graves para a saúde mental da vítima, como ansiedade, depressão, transtorno pós-traumático e isolamento social de amigos e familiares, devido à coerção do parceiro, entre outros. Além disso, é sabido que mulheres vítimas de violência física podem apresentar lesões corporais, como hematomas, risco de fraturas e possíveis queimaduras.

Outros danos podem ocorrer devido ao controle excessivo do parceiro, que pode querer monitorar o dinheiro da parceira e persegui-la por diversas motivações, causando insegurança na vítima e dificuldade em confiar nas pessoas, além de sofrer terror psicológico.

No caso da violência sexual, podem surgir danos à saúde íntima da mulher. Ela pode evitar realizar exames importantes, como o exame preventivo, e há risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) devido ao comportamento de risco do parceiro, que a obriga a ter relações sexuais sem camisinha. Isso também pode resultar em gravidez indesejada e falta de planejamento familiar.

A saúde da mulher deve ser discutida e abordada de forma integral, principalmente no âmbito da saúde. A violência não é apenas um problema a ser levado às delegacias; existem redes de enfrentamento que envolvem saúde, assistência social, educação, além do sistema de justiça.

A atenção primária à saúde tem condições de articular diferentes setores sociais, facilitando a comunicação entre eles e a formação de redes de enfrentamento.

Destacar os danos à saúde da mulher mencionados acima é apenas uma parte do enfrentamento do problema complexo que é a violência. Os serviços de saúde devem ser utilizados para minimizar esses danos, desenvolvendo estratégias de tratamento, prevenção e educação em relação ao tema.

 

RAYZA RAMOS
Psicóloga pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), atualmente mestranda no Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva na Universidade do Estado do Amazonas. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Enfermagem, Saúde Global, Direito e Desenvolvimento (GEPESADES).