
As chuvas no Litoral Norte ainda trazem lembranças de histórias recentes: Petrópolis, Sul da Bahia e Minas Gerais. Assim como nesses outros casos, há justificativas falhas, verbas emergenciais liberadas às pressas e kits básicos de sobrevivência entregues por autoridades sobrevoando o local.
As causas e consequências são as mesmas conhecidas: ocupação desordenada de áreas de encostas e beiras de rios, aumentando o perímetro urbano de forma tumultuada. Da mesma forma, também é conhecida a solução: a conclusão de obras de contenção, acompanhar o clima com tecnologias já existentes, aprimorar e acionar os planos de alerta em emergência e valorizar a Defesa Civil.
Assim como, pessoas em situação de risco, ou seja, que vivem em locais abrasivos, devem ser monitoradas e deslocadas para regiões seguras.
Autoridades locais ainda culpam a chuva pelos estragos quando, na verdade, o maior culpado é a falta de preparo e contenção de um problema crônico. Em Março de 1967, no Litoral Norte, mesma localidade, enchentes e deslizamentos geraram uma tragédia em Caraguatatuba apelidada de Hecatombe, devido ao número drástico de morte e destruição.
Na época, foram contabilizadas 436 mortes, mas acredita-se que esse número pode chegar ao triplo, já que bairros inteiros desapareceram e não havia sobreviventes para relatar as mortes.
Cinquenta anos depois, ainda perdemos pessoas pelo mesmo motivo, como se fosse natural ou como se nada pudesse ser feito. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios, em 2022 foram 457 mortes em desastres causados por chuvas no Brasil. Não parece 457 mortes, mas uma morte 457 vezes.