Primeiras Dramaturgias
116 gramas
Peça para emagrecer
Personagens
A Gorda
Espaço Cênico
Uma caixa preta
Uma balança está na porta do teatro.
O público entra e cada pessoa escolhe se pesar ou não.
Uma atriz gorda está no centro do palco. Atrás dela há uma projeção com os pesos das pessoas que sobem na balança.
O 3º sinal toca.
Começa a tocar uma música e ela começa a se despir. Ela caminha até uma mesa no canto do palco e mexe no celular. Na projeção uma contagem regressiva de 5 minutos. Ao fim, o alarme do celular toca. Ela desliga e começa a tocar outra música.
Ela arruma o espaço cênico. Arrasta uma mesa que estava no canto para o centro do palco. Sobre a mesa tem um par de óculos de grau, um projetor, um computador, muitas folhas de papel tamanho A4, alguns figurinos, as suas roupas dobradas, uma garrafa d’água, dois pesos de perna, uma luva de boxe cor-de-rosa, uma piñata de cisne e uma saia de bailarina. No fundo do palco aparece “116 gramas”. A música termina, ela coloca os óculos e caminha para o proscênio.
Prólogo
A Gorda:
Eu comecei a dançar com a Britney Spears (toca “Baby One More Time” e ela curte o som). Eu tinha 9 anos e eu queria ser exatamente como ela (projeções de capas de revista de Britney), mas eu precisava dançar muito mais. Eu dancei axé quase que profissionalmente, fiz dança cigana, flamenca, contemporânea, jazz e ballet… E não foi o suficiente. Então, eu comecei a pensar grande e fui fazer natação, aeróbica, boxe… Fiz muay thai e até ganhei uma faixa por isso. Nada disso adiantou, eu ainda não me parecia com a Britney. Eu sabia que tinha que tentar mais, então eu fui pra corrida, musculação, jump, spinning… vôlei, handebol, basquete e chutei muita gente no futebol…
Na mesma época, a Britney já tinha aderido à “dieta da morte” que era basicamente tomar muitos remédios e ficar sem comer. Eu tinha medo disso, então tentei fazer dietas menos intensas. Eu tentei a dieta da proteína, a dieta paleolítica, a dieta vegana, a dieta ovolactovegetariana… a dieta da sopa, a dieta da USP e a dieta da sopa da USP, eu morria de fome porque o lanche era comer meia uva COM caroço… e eu ainda não conseguia ficar minimamente parecida com a Britney Spears.
A Britney então foi presa pela família dela logo depois e eu decidi que já não queria ser ela. Precisava criar uma outra obsessão. Victoria’s Secret (projeção). Eu troquei a Britney pela Gisele. E ensaiava como uma top model na esteira. Na minha cabeça era mais fácil chegar na Gisele e seus 1,80 de altura…
Pausa.
No mundo das top models os distúrbios alimentares eram (são) muito comuns e naquele tempo eram até incentivados. Uma vez eu entalei o ralo do chuveiro com macarrão parafuso e tive que desentupir com uma colher de sopa.
Eu fiz de tudo pra emagrecer para ser como Britney, Gisele e tantas outras. Só que eu não consegui… até agora.
A única coisa que eu não fiz para emagrecer foi uma peça e é por isso que eu tô aqui.
Ela pega algumas folhas A4 nas mãos.
Parte 1: Aquecimento
A Gorda:
Eu vou tentar emagrecer nesse palco,
nessa peça,
hoje.
Pausa.
Tudo começou quando eu pensei que deveria criar uma espécie de aula de academia em forma de peça teatral. Mais ou menos assim, a cada final de espetáculo eu deveria estar suada e exercitada como se eu tivesse feito uma aula de aeróbica comum tipo zumba ou jump, sabe? Então eu precisei entender primeiro o quanto eu peso e o quanto eu teria que gastar.
Ela pega uma balança e sobe nela.
Hoje é dia x/x/xxxx e eu estou pesando X quilos.
Sai da balança. Um exame é projetado – ou a balança de bioimpedância.
Essa é uma balança que mede além do seu peso e, esse dado aqui que nos interessa: mais da metade do meu corpo é gordura. Uma capa que me envolve, me cobre e, de certa forma, me protege também. É o que me faz boiar no mar e o que me impede de congelar quando eu tomo chuva e está frio.
Meu objetivo: perder essa gordura, perder metade do meu peso, metade de mim. E, sendo honesta, eu sinto aqui dentro que eu só vou conseguir ser feliz de verdade se eu for magra.
Matar metade do que eu sou pra, assim, poder caber em roupas de brechós, sentar em cadeiras de plástico da Skol, passar em catracas de ônibus e quem sabe então ser uma atriz de verdade ou uma bailarina…
Alarme toca. Ela então pega dois pesos de perna, prende em cada canela, sobe na mesa e começa a fazer exercícios.
Pra não perder tempo, vamos começando e eu vou fazendo tudo meio junto. A qualquer momento vocês podem me parar pra perguntar caso percam alguma informação.
Os cálculos são simples: Eu descobri que 1 quilo de gordura equivale a 7.000 calorias, ou seja, tirando minha metade de 70 quilos e multiplicando daqui e dali que é o que tenho que perder – dá mais ou menos…
Resultado no slide: 490.000 calorias.
É um número alto. E eu preciso me dedicar e equilibrar a quantidade de caloria que preciso, junto de uma atividade de grande gasto calórico. Fui pesquisar então quais as atividades mais vendidas como as que mais queimam calorias por aula.
Projeção.
Veja o crossfit, de 800 a 1.000 calorias.
Foi mais ou menos assim que eu cheguei no nome do espetáculo. Eu fiz alguns cálculos mirabolantes e mega complexos que deram errado. Eu queria descobrir em peso quanto se perde numa aula dessa e eu cheguei em 116 gramas. Essa era a quantidade de peso que eu deveria perder, portanto. Quando fui refazer os cálculos eu descobri que eu errei e nunca mais encontrei os 116 gramas e sim 120, 125… mas eu me apeguei ao número, me apeguei ao erro e decidi ficar com ele. Decidi que eu vou encontrar em mim mesma esse número para perdê-lo todos os dias em que eu fizer essa peça e na numerologia, por exemplo, o 116 significa “Amor, glória e beleza”, que é o que eu espero conseguir ao final dessa jornada.
Tira os pesos das pernas.
Parte 2: Sobre a Verdade
A Gorda:
A ciência diz que a obesidade é uma doença e pra gente conseguir ver o quão doentes estamos a gente calcula o IMC de uma pessoa, o índice de massa corporal, IMC é igual ao peso dividido pela altura ao quadrado. Um IMC considerado “normal” fica na faixa entre 18,5 e 24,9. Menos que 18,5 abaixo do peso, acima de 30 é considerado obeso e acima de 40 é considerado Obesidade Grau III, conhecida também como Obesidade Mórbida.
O meu é 52.
Estar acima é estar fora. É fazer parte duma parcela do mundo que não deveria existir… tudo é feito pra metade de mim, a outra tem que partir.
O mundo não é pra mim e pra muita gente. Então pra quem que é?
Projeção com rostos e IMCs de celebridades.
ANGELINA JOLIE 17.9 – anoréxica
ARNOLD SCHWARZENEGGER 30.8 – gordo
LUCIANA GIMENEZ 18 – anoréxica
GISELE BUNDCHEN 17.58 – anoréxica
BRUNA MARQUEZINE 20 – normal
MADONNA 19 – normal
GRAZI MASSAFERA 19 – normal
PRETA GIL 27 – gorda
BEYONCE 21 – normal.
Quer dizer que pra nossa sociedade médica, se a gente for como a Beyoncé a gente é normal? Ter um IMC normal é ser normal? O que é estar na norma? Eu gosto muito da história de que a Beyoncé é uma Illuminati. Pra que essa conversa não fique enfadonha sobre números que qualquer pessoa pode encontrar no Google, eu decidi fazer dessa parte do experimento, um momento para contar pra vocês outra obsessão que eu tenho, além de emagrecer. São as teorias de conspiração. Aqui eu lhes trago informações valiosíssimas que eu garanto serem verdade comprovadas apenas por mim mesma sobre os Illuminatis. Pra quem não conhece, a sociedade secreta da Ordem dos Illuminati é uma seita cheia de gente famosa e poderosa do mundo inteiro, tipo maçonaria versão turbo. Essas seriam as pessoas responsáveis pela ordem mundial. Eles comandam o início e o término de guerras, detém o controle dos paraísos e infernos fiscais e de tudo que gira o dinheiro no mundo, inclusive paradas musicais, enfim, tudo. O 11 de setembro é apontado como uma das manifestações mais recentes e mais impactantes deles.
George W. Bush, Barack Obama, papa Francisco, rainha Elizabeth II, Justin Bieber, Walt Disney, Justin Timberlake, Miley Cyrus, Madonna, Lady Gaga, Britney Spears… e o casal Beyoncé e Jay Z também fazem parte do clube… o que dizem é que a cantora teria se casado com seu marido, Jay-Z, para turbinar sua carreira e se tornar a primeira-dama da Nova Ordem Mundial.
O nome da filha do casal, Blue Ivy, seria a abreviação de Born Living Under Evil, Illuminati’s Very Youngest (Nascida Vivendo sob o Mal, A Caçula dos Illuminati).
A Rihanna também é parte, mas ela é uma personalidade mais complexa porque além de Illuminati, ela é também reptiliana, mas isso fica pro próximo espetáculo da Trilogia do Peso, que ainda tá sem patrocínio, então quem souber de algo me avisa…
Bom, voltando ao assunto: aqui no Brasil essa comunidade ainda atua na clandestinidade, no entanto, existe um nome que representa a ordem illuminati no nosso continente latino-americano.
Vídeo do MC Bin Laden.
Talvez exista um lugar nessa ordem pra mim.
A cena é arrumada e surge uma piñata em formato de CISNE e ela veste luvas de boxe.
Parte 3: Autonocaute
A Gorda (senta numa cadeira de plástico branca):
Eu nunca fui body positive, não que eu tenha algo contra, mas também não tenho nada a favor. Pra mim, a ideia de começar a me elogiar e a me amar desse jeito não me parece honesto… Eu odeio que meu quadril seja tão grande e tenha que ficar amassado. Meu maior medo é sentar nessas cadeiras em locais públicos e elas quebrarem. Cadeiras de plástico da Skol me arrepiam a espinha. A humilhação de encostar as costas no chão que alguém passou e cuspiu, ou ainda mijou depois de uma noitada após um jogo de futebol ou um ballet de Tchaikovsky.
Levanta e dá um soco no cisne.
Dizem que socar algo com muita raiva extravasa…
Meu sonho era dançar um ballet de Tchaikovsky. Ensaiar até a unha do dedão se descolar dos dedos depois de virar 16 piruetas sem cair. Mas me diziam que quando eu girava eu parecia um peão e não um cisne.
Não para mais de socar o cisne.
Eu odeio ser um peão ralado de tanto me desequilibrar. Eu odeio sentir vergonha de comer em público porque é como se eu tivesse numa arena com olhares molhados voltados para mim, esperando eu abocanhar o mundo até a morte e fazer com o público goze. Eu odeio que eu não pude ser uma bailarina com sapatilhas de ponta gastas porque eu furaria os palcos. Eu odeio não caber em nenhuma roupa sem elástico. Eu odeio quando dizem que sou bonita de rosto porque eu acho as minhas pernas bonitas. Eu odiei ir nos Vigilantes do Peso com 9, 10, 11 e 12 anos ao invés de dançar mais Britney Spears, talvez se eu tivesse dançado mais eu não estaria aqui desse tamanho. Eu odeio ficar presa na catraca do ônibus. Eu odeio ter que transar de costas e no escuro. Eu odeio o plus size porque é como se me fizessem um favor fabricando calcinhas do meu tamanho. Eu odeio lembrar de quando eu tinha 11 anos e um garoto chamado Maluve fazia a turma toda levantar quando eu me sentava na sala de aula depois do recreio. Eu odeio quem me disse que eu tinha que beber água quando eu sentisse fome. Eu odeio sentir fome. Eu odeio as feridas que eu mesma me causei. Eu odeio como as pessoas da plateia conseguem cruzar as pernas. Eu odeio viver aqui dentro.
Não há nada para se elogiar aqui.
Eu odeio ser gorda.
Ao fim da cena, a piñata de cisne deve estar destruída. Ela pede ajuda de alguém do público para abrir um arquivo no computador.
Parte 4: E se eu For um Mito?
A Gorda:
Zeus com raiva por ter o fogo entregue aos mortais deu a Prometeu um castigo que durou milênios. As suas vísceras eram bicadas por um gigante pássaro enquanto ele ficava acorrentado no Monte Cáucaso. Até que Hércules o salvou.
Se é verdade que a história se repete, em qual Monte Cáucaso Prometeu segue acorrentado? No Chile, Peru ou Argentina? Em São Paulo, Vila Velha ou Rio Branco? Na praça da Sé? No largo do Paissandu ou talvez no da Penha? Hércules viria da Grécia Antiga? Pegaria metrô? Quebraria as catracas na saída da estação Paraíso e salvaria o traidor de seu pai?
Gosto de pensar que todo corpo gordo deve ser o de um Prometeu invertido, que ao invés de ter tripas mastigadas, elas são alimentadas e inchadas todos os dias. Acorrentados a essa massa imensa e monstruosa até que um pássaro, ou talvez um cisne, venha nos alimentar enfiando um grande bico cheio de comida goela abaixo. Inchando todo o nosso corpo, como gansos indo para o abate e para que o meu fígado vire patê gourmet nas gôndolas de supermercado. Comer, comer e comer até suar, suar até morrer. Cada gota de suor que se desprende dos nossos corpos, aqui nesse palco ou no abate, é uma despedida. Morrendo lentamente e aos montes.
Se eu pudesse sonhar um sonho, sonharia com isso: escolher como morrer. Assim, nenhum cisne me bicaria ou me arranharia. Tampouco puxariam a minha pele, roubariam as minhas vísceras para diminuírem o meu tamanho…
Eu não me vejo nua à luz do dia, sempre com medo de enxergar qualquer reflexo da minha monstruosidade e de que Zeus me descubra. Eu vivo numa prisão em fuga. Protegendo as minhas vísceras com essa capa de gordura. Como? Como, eu como a tristeza de um mundo que não me quer. Eu não tô dividindo meu corpo aqui para ter mais vida. Eu tô deixando a vida aqui, morrendo e escolhendo como morrer. Sem pedir a pena de ninguém…
Dentro
de mim
há uma guerra
eu contra eu mesma…
Estou pingando lentamente a morte… eu deixo 116 gramas hoje, 116 gramas amanhã e depois de depois de amanhã…
Podem bicar meus 116 gramas…
Pausa.
Parte 5: A Farsa
A Gorda:
Nesse momento eu descansaria um pouco no espetáculo… Pra quem faz atividade física, seriam aqueles 15 segundos entre uma série de abdominais e outra na academia, sabe? Só que eu preciso contar uma coisa que tem me angustiado desde o primeiro dia que idealizei esse espetáculo aqui, lá em 2018. Desde que eu comecei a me preparar fisicamente, emocionalmente e artisticamente pra esse processo, eu percebi que ele seria realizável. Pensei comigo “caramba, talvez agora vai!”
E eu tô com pavor de ser magra!
Foi tão difícil me entender dentro dessa gordura toda que agora parece que sem ela, eu não sou. Acho que eu realmente vou ficar invisível e eu tô com medo de sumir. Meu corpo passou a desenvolver uma compulsão alimentar. Tem dias que eu como 5 vezes mais. Eu, dentro de mim, passei a criar estratégias contra mim mesma. Eu mesma criei um projeto e criei o fim dele. A tese e a antítese; o vírus e o antígeno… Como pode alguém ter tanto medo daquilo que mais se quer? Eu tenho certeza que é isso que eu quero, que eu sempre quis. Quando eu tinha 8 anos, a minha mãe me levou nos vigilantes do peso, e chegando lá́ eu recebi uma cartilha na qual eu deveria preencher o porquê de eu querer emagrecer.
E nem sabia direito porque eu queria, mas eu escrevi era para poder cruzar as pernas e usar top aparecendo o umbigo. Eu nunca consegui nenhum dos dois. Era tão ruim aquela coisa de comer pouco e sentir fome de tudo. Era uma fome enlouquecedora. Fome de salgado, de doce, de amor, de desejo, de erro, de cadeiras grandes, de roupas G de verdade, fome de tudo. E até hoje eu sinto fome. Parece que ela não vai embora nunca.
Parte 6: É por Ser uma Baleia que eu Nado Tão Bem
Pega um balde de água e se lava.
A Gorda:
Eu sinto que é como se eu tivesse permanentemente suja…
Como se eu precisasse andar sempre com um balde pelas ruas
No qual eu pudesse me limpar, como se cada parte que eu soubesse que é minha, Precisasse ser constantemente limpa,
Porque não importa o quanto eu esfregue, sempre tem algo que ainda está́ impregnado,
Uma sujeira, que eu não sei bem o nome…
Uma sensação esquisita de…
Quando eu era criança eu achava que
A beleza era uma coisa muito simples de ser alcançada,
Era um jeito de se comportar, era uma atividade que você fazia,
Era um modelo de corpo
Como se fosse uma roupa de boneca,
Uma roupa de Barbie que você veste: e pronto!
Você está bonita!
Eu tentei muitas vezes vestir essas roupas,
Mas por algum motivo, algum motivo,
A indústria têxtil ainda não investe em zíperes maiores,
Por algum motivo os zíperes ainda são feitos para crianças pequenas,
Como se sempre a gente tivesse colocando zíperes infantis em roupas de adulto, Assim a gente não tem que crescer nunca,
Porque sempre estaremos vestindo algo infantil.
Eu não sei se eu tô sendo clara…
Acho que eu tô um pouco confusa também, é porque tem uma sujeira
Aqui atrás do meu ombro, uma sujeira que eu não consigo limpar…
Ai, e que vai escorrendo pelos meus peitos e…
É realmente muito incômoda
Não sei se vocês entenderiam. Acho que não.
O que importa é que aqui tô eu:
Tentando mais um dia conseguir ficar limpa por alguns segundos,
Até porque a limpeza é uma coisa que dura muito pouco,
É muito efêmera, muito efêmera…
É por ser uma baleia que eu nado tão bem
Os meus pensamentos, eles são todos inimigos entre si
Mas eu repito: é por ser uma baleia que eu nado tão bem
E eu tento lavar as minhas palavras, e eu tento lavar a minha boca,
Porque parece que também aquilo que sai de dentro de mim não é tão limpo
Parece que aquilo que sai de dentro de mim
Não me deixa limpa nunca…
É por ser uma baleia que eu nado tão bem
E nado muito, muito, consigo percorrer 200 km todos os dias em poucos segundos
Em poucos segundos…
Se enxuga e mostra uma meia-calça.
Essa vai ser a minha última tentativa de emagrecimento dessa noite. Eu vou colocar essa meia calça tamanho único… – pensa que é fácil vestir isso? – e eu gostaria que vocês imaginassem que eu também sou um tamanho único. Que vieram assistir a um ballet muito famoso e eu tenha me tornado a bailarina que eu sonhei uma vida para ser. Essa é A Morte do Cisne, eu fiz isso pra vocês e eu estou muito feliz de finalmente poder fazer isso.
Ela coloca a meia-calça com muito esforço e um tutu de ballet. Começa a tocar A Morte do Cisne de Tchaikovsky e ela dança.
Fim
Epílogo
A música acaba, ela sobe numa balança, olha pro público. Blecaute.