Enciclopédia Brasileira de Teleodontologia – ISSN 2448-1181 Universidade de São Paulo (USP) Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP)
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Material Odontológico: Biosilicato: Interesse Médico e Odontológico

Marcelo Rodrigues Azenha – Email Currículo Lattes
Valdemar Mallet da Rocha Barros 


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 AZENHA,M.R., BARROS, V.M.R. Material Odontológico: Biosilicato: Interesse Médico e Odontológico. Encicl. Bras. Teleodontol., Volume 1 (Série A): página 1, abril, 2011, ISSN 2448-1181


O interesse pelo uso clínico de cerâmicas de vidro nas áreas médica e odontológica para o reparo, substituição ou aumento de tecido mineralizado tem aumentado nas últimas décadas. Nos últimos 30 anos diversos tipos de vidros de silicatos, cerâmicas de vidro e silicatos de cálcio têm sido avaliados como biomateriais, sendo utilizados no reparo ou na substituição de tecidos duros (YAMAMURO et al., 1990).

Uma característica especial desses materiais é que eles interagem com o ambiente biológico e estimulam a osteogênese, um processo que favorece a mitogênese de células mesenquimais indiferenciadas levando à formação de células osteoprogenitoras, dando origem ao novo osso (MOURA et al., 2007).

Há uma tendência ao desenvolvimento de substitutos artificiais de osso que não afetem o tecido normal, não possuam qualquer risco de infecção viral ou bacteriana para o paciente e possam ser empregado em qualquer tempo, em qualquer quantidade (Kokubo et al., 2003).


Pesquisa realizada na Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, Brasil com uma cerâmica de vidro pertencente ao sistema iO2.P2O5.Na2O.CaO e 100% cristalina denominada Biosilicato® (PI 0300644-1) visando a sua aplicação em áreas médicas e odontológicas, e que vem sendo avaliada como substituto ósseo na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP), da Universidade de São Paulo ((MOURA et al., 2007).

RORIZ et al. (2010) realizaram um estudo avaliando histologicamente o Biosilicato® (PI 0300644-1) implantado em alvéolo dental. Os autores observaram que os alvéolos tratados com tal material apresentaram mais formação de tecido mineralizado do que aqueles não tratados. Os resultados sugerem que o Biosilicato® é biocompatível e que esta biocompatibilidade pode aumentar a formação óssea após a extração dental. Esse resultados estimulam as pesquisas para o desenvolvimento de novos materiais bioativos na engenharia tecidual.


AZENHA (2010) realizou pesquisa laboratorial para avaliar histologicamente e histomorfometricamente a resposta óssea a três composições de Biosilicato com diferentes fases de cristalização (Vítreo, 1F e 2F) comparando-as com o Bioglass®45S5, que foi empregado como controle. Cilindros de Biosilicato 2F, Biosilicato 1F, Biosilicato®vítreo e Bioglass®45S5 foram implantados em fêmur de coelhos e as amostras obtidas após 8 e 12 semanas da colocação, sendo as mesmas preparadas para análise histológica e histomorfométrica utilizando microscopia de luz. Nesses períodos foi avaliada a resposta óssea e o contato direto osso/implante na porção cortical e no canal medular do fêmur de todos os materiais. A maior quantidade de contato osso implante na região cortical, após 8 semanas, foi observada no material Biosilicato 2F, seguido pelo Biosilicato 1F, Bioglass®45S5 e Biosilicato®vítreo. A análise estatística não evidenciou diferença estatisticamente significante entre os materiais Biosilicato 1F e 2F (p=0,06). Entretanto, nesse período, esses materiais mostraram diferenças estatisticamente significantes em relação aos materiais Biosilicato®vítreo e Bioglass®45S5 (p=0,02). Após 12 semanas o Biosilicato 2F também apresentou os melhores resultados, seguido pelo Bioglass®45S5, Biosilicato®vítreo e Biosilicato 1F, sem contudo serem observadas diferenças estatisticamente significantes (p>0,05). Avaliando a porção medular no período de 8 semanas, observa-se maior formação óssea ao redor do implante de Biosilicato®vítreo, seguido pelos implantes de Bioglass®45S5, Biosilicato 2F e Biosilicato 1F.

Fato a destcar é que decorridas 12 semanas, observa-se melhor resposta óssea nos implantes de Biosilicato 1F, seguido pelos implantes de Biosilicato 2F, Biosilicato®vítreo e Bioglass®45S5, sem contudo serem observadas diferenças estatisticamente significantes entre os materiais ou tempos analisados. Os resultados do presente trabalho demonstram o excelente comportamente biológico das cerâmicas de Biosilicato® (AZENHA, 2010). cabe ao cirurgião dentista realizar minuciosamente a anamnese e os procedimentos específicos preventivos ou reabilitadores de maneira adequada e segura [1,2,3,4].


REFERÊNCIAS

1. AZENHA, M. R. Resposta óssea ao Biosilicato® e ao Biosilicato® Vítreo implantados em fêmur de coelhos. 2010. 83 p. Dissertação (Mestrado – Área de Concentração: Cirurgia Buco-Maxilo-Facial) – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2010.[ Orientador: Prof. Dr . Valdemar Mallet da Rocha Barros].  [LINK]
2. MOURA  J, et al . In vitro osteogenesis on a highly bioactive glass-ceramic (Biosilicate®). J Biomed Mater Res A 2007; 82: 545 –[LINK
3, RORIZ, V.M. et al. Efficacy of a bioactive glass–ceramic (Biosilicates) in the maintenance of alveolar ridges and in osseointegration of titanium implants. Clin Oral Impl Res; 10: 148 – 55,  2010 [LINK]
4. YAMAMURO, T. et . Replacement of the lumbar vertebrae of sheep with ceramic prostheses. J Bone Joint Surg Br 72 (5): 889-93. 1990 [LINK]


  Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP), Centro de Atendimento Especializado em Diagnóstico Oral (CAEDO). Responsável: Profa. Dra. Suzie Aparecida de Lacerda. Pesquisador Colaborador: Marcelo Rodrigues Azenha


Recebido:  18/8/2012 – Publicado: 1/9/2012 – Enciclopédia Brasileira de Teleodontologia – ISNN 2448-1181