Sobre o evento

12/02/2014

O histórico de impactos ambientais demonstra a capacidade de humanos em alterar o ambiente ao seu redor. Desde a segunda metade do século 20, a influência humana sobre os ambientes naturais tem se intensificado cada vez mais devido à expansão da população humana que aumenta a pressão sobre os serviços ecossistêmicos prestados pelos ecossistemas naturais. À medida que a sociedade avança, novas tecnologias que visam facilitar o cotidiano da população são desenvolvidas e, consequentemente, novos padrões de consumo são estabelecidos. O desenvolvimento de novas substâncias sintéticas, por exemplo, está diretamente associado a este avanço, podendo resultar em problemas ambientais até então desconhecidos. Se amplamente utilizadas, estas novas substâncias sintéticas ao serem introduzidas na natureza têm a potencialidade de causar impactos sobre os ecossistemas, a partir de alterações de suas características químicas, físicas e biológicas.

A poluição por plásticos evidencia como o desenvolvimento da sociedade e as mudanças nos padrões mercado afetam o meio ambiente. A partir da década de 40, quando passaram a ser produzidos em larga escala, os materiais plásticos tornaram-se cada vez mais comuns no cotidiano da sociedade, bem como na indústria, agricultura e medicina. Estima-se que mais de 360 milhões de toneladas de plásticos são produzidos anualmente em todo o mundo. Além disso, analistas estimam que a produção anual de plástico possa chegar a 622 milhões de toneladas em 2050. Como consequência da sua elevada produção, é observado o descarte em locais inadequados de uma grande quantidade de plásticos. Apenas cerca de 6-9% do plástico produzido em todo o mundo é reciclado, o restante é destinado a aterros sanitários ou liberado no meio ambiente natural.

O descarte inadequado de plásticos por si só é considerado um grande problema ambiental, porém, se considerarmos que estes materiais são persistentes no meio ambiente, este cenário torna-se ainda mais preocupante. Nas últimas décadas, uma nova perspectiva acerca da poluição, desta vez por plásticos, tem sido considerada pela comunidade científica. Pequenas partículas plásticas têm sido frequentemente detectadas em diferentes ecossistemas aquáticos ao redor do mundo, sendo denominadas “microplásticos”.

A presença de microplásticos nos ecossitemas e as projeções que apontam para um aumento considerável no consumo destes materiais nas próximas décadas faz com que a poluição por microplásticos seja considerada uma questão ambiental que requer muita atenção, especialmente pelas evidências que demonstram seu potencial ecotoxicológico.

Considerando a necessidade de expandir o conhecimento acerca da poluição por microplásticos em ambientes aquáticos, o Encontro Científico sobre Microplásticos visa reunir os principais nomes da pesquisa em microplásticos do país, a fim de discutir o status da pesquisa em microplásticos no Brasil e ampliar a rede de colaborações entre pesquisadores.