A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) abriu chamada para Projetos de Alto Impacto em saúde com foco no desenvolvimento de dispositivos médicos, diagnósticos avançados, fármacos e farmoquímicos de produção nacional.

A iniciativa representa um passo decisivo para superar as barreiras estruturais do setor de saúde no Brasil, expostas de forma crítica em 2019, durante a pandemia da COVID-19.

Na época, a crise global evidenciou o despreparo do sistema de saúde e reforçou o impacto e a importância dos investimentos em inovação tecnológica em saúde.

Com aporte de R$60 milhões do Ministério da Saúde, a chamada busca estimular projetos colaborativos com Unidades EMBRAPII, focados no desenvolvimento de novas tecnologias terapêuticas e insumos estratégicos. A proposta inclui soluções para o combate de doenças negligenciadas e para o diagnóstico eficaz em regiões de difícil acesso e com infraestrutura precária.

Esses recursos fazem parte de um pacote de investimentos estratégicos de R$150 milhões em inovação na área da saúde, anunciado pela EMBRAPII em julho deste ano. Estima-se, no entanto, que os projetos envolvidos poderão movimentar até R$240 milhões, somando as contrapartidas de empresas e Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs).

Serão selecionados até 6 projetos, com recursos que somam até R$12 milhões disponíveis nesta etapa. A seleção é feita em fluxo contínuo, o que exige agilidade na submissão das propostas. Além disso, o processo é simplificado e realizado pelo sistema EMBRAPII (SRINFO), sem necessidade de publicação de edital tradicional.

A ação contempla projetos com níveis de maturidade tecnológica (Technology Readiness Level – TRL) entre 3 e 7, que incluem desde a prova de conceito até estudos clínicos de fase 2. Outro destaque da iniciativa é a oferta de recursos financeiros não reembolsáveis que podem cobrir cerca de 60% a 70% do orçamento total do projeto.

Entre os principais benefícios, destaca-se o compartilhamento de risco tecnológico com centros de excelência, como a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), referência nacional em ciências farmacêuticas e biotecnologia, além da agilidade e flexibilidade na tramitação e contratação dos projetos.

O edital busca mobilizar empresas e Unidades EMBRAPII para a realização de Projetos de Alto Impacto voltados à solução de demandas complexas da indústria nacional da saúde. As duas linhas temáticas principais são: o desenvolvimento de dispositivos médicos e o desenvolvimento de fármacos ou farmoquímicos.

Entre as soluções esperadas estão plataformas produtivas e tecnologias da informação avançadas para diagnóstico de precisão, além de tecnologias digitais para gestão, monitoramento, predição de doenças e integração de dados em saúde.

Na segunda linha temática, os projetos devem propor soluções baseadas em plataformas produtivas para descoberta e fabricação de insumos farmacêuticos ativos (IFAs), de base química, biotecnológica ou verde, com possível uso de tecnologias digitais para medicamentos e anticorpos monoclonais voltados ao tratamento de doenças críticas para o país.

A execução desses projetos prevê maior visibilidade às doenças negligenciadas e amplia o acesso à saúde em todo o território nacional. Desenvolver terapias eficazes e infraestrutura de diagnóstico em regiões vulneráveis representa um avanço significativo para a saúde pública brasileira.

Ademais, um dos grandes diferenciais desta chamada é o envolvimento de Unidades EMBRAPII, como a Unidade EMBRAPII da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Com base em Centros de Pesquisa com sólida experiência em pesquisa translacional e desenvolvimento de IFAs e de tecnologias diagnósticas, a Unidade se destaca como parceira estratégica para propostas de alto impacto e inovação disruptiva no setor de saúde.

Com atuação estratégica das Unidades EMBRAPII especializadas em saúde, esta iniciativa fortalece a capacidade nacional de resposta a desafios no setor e amplia as oportunidades de inovação colaborativa entre academia, indústria e governo.