O cenário em que o Brasil se encontra atualmente não é menos do que preocupante. Desde 2018, o país voltou a ocupar manchetes de destaque quando o tema é fome, miséria e caos social. Parando para ver os números e dados, o que temos é: mais de 6,35 milhões de famílias sem um teto para morar, 50 milhões em situação de pobreza e números não param de aumentar. Enquanto isso, programas de apoio social não param de desaparecer – na última semana, o Bolsa Família foi extinto, após 18 anos de existência.
Em decorrência desse contexto, é cada vez maior a quantidade de grupos que tentam encontrar algum espaço para ocupar. É desses espaços nascem comunidades de ocupação – que, na maioria das vezes, se encontram em condições de vulnerabilidade. Famílias que ali vivem não estão buscando apenas uma moradia digna, mas também o acesso a recursos básicos como água limpa, energia elétrica, saneamento, alimentação e outros serviços essenciais, seja atendimento médico ou educação. São milhões de pessoas sem condições de pagar aluguel e que se vêem forçadas a se instalar em ocupações e assentamentos informais.
Fatores externos também não tornam o cenário promissor: a crise climática já está acontecendo e o resultado já é assustador. Enchentes, escassez de chuvas, reservatórios de água quase vazios e o valor do boleto da conta de energia nas alturas. Os impactos já são sentidos pelo país: o Brasil está passando na pior crise hídrica registrada nos últimos 91 anos. Para se ter uma noção, em 2020, já durante a pandemia de COVID-19, dados da OMS e da UNICEF apontaram que 15 milhões de moradores das cidades brasileiras não têm acesso à água limpa. Em áreas rurais, esse número chega aos alarmantes 25 milhões de cidadãos.
Paremos para pensar: no total, são 40 milhões de brasileiros sem ter acesso a água limpa e tratada. Desse total, 1600 vivem aqui do lado.
Na zona oeste de Piracicaba, está localizada a Comunidade Renascer, ocupação urbana que conta com cerca de 480 famílias vivendo nessa situação de vulnerabilidade. Na Comunidade, e também fora dela, nem todos têm como beber ou cozinhar utilizando água potável; quando têm, é insuficiente e costuma faltar. Tampouco há sistema de esgoto e a rede elétrica é precária.
A Renascer também sofre constante ameaça de ações de reintegrações de posse e, como consequência do descaso político e social, da falta de recursos e incerteza com relação ao futuro. “Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito!” tornou-se o lema da comunidade. Comer ou pagar o aluguel não deveria ser uma escolha. Moradia, alimentação e acesso à água são direitos humanos.
O relatório lançado pela Agência Meteorológica da ONU apontou que as mudanças climáticas devem impactar diretamente a relação da sociedade com a água. Isso significa que a alternância entre de secas e inundações (em todos os lugares do mundo), além do aumento do número de pessoas que vivem com escassez de água, será cada vez mais frequente e desastrosa.
A demanda é urgente.
Para tentar diminuir o impacto de tantas crises sobre a comunidade, nós, da Enactus, estamos trabalhando com a Renascer para viabilizar melhores condições de moradia. No final de 2020, por exemplo, promovemos a Campanha de Natal – uma tentativa de atender pedidos de fim de ano das crianças da comunidade. Cada pessoa que se dispusesse a apadrinhar uma carta escrita por uma criança se responsabilizava por presentear com o que lhe fosse pedido. A Campanha conseguiu atender cerca de 70 crianças da Renascer.
Agora, em 2021, durante as últimas semanas de setembro, apoiamos outro projeto com a Renascer: foram entregues 41 cestas de alimentos para famílias participantes dos projetos Akeyi e Mousiké na comunidade. As cestas foram montadas com alimentos orgânicos de pequenos produtores locais e produtos não perecíveis, com destaque para os produtos da Cargill. Uma maneira encontrada de auxiliar famílias em situação de vulnerabilidade agravada pela COVID-19.
Você pode se informar mais sobre o assunto nesses links: