Projeto social ensina música e reciclagem para crianças

Beatriz Milanez
Quem não se lembra de, ainda na escola, se deparar com imensos latões coloridos na hora de jogar o pacote de salgadinho devorado no recreio? E, num primeiro momento, a dúvida latente de qual era a cor correta para se jogar a embalagem suja: azul, vermelho, verde ou amarelo?
Ainda que o ensino sobre reciclagem comece na infância – em especial no ambiente escolar –, separar o lixo para reciclagem é algo que pouco acontece no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), há uma defasagem significativa na quantidade de material reciclado no país.
Segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos de 2021, divulgados pela Abrelpe no último domingo (5), o índice de reciclagem no Brasil é de apenas 4%. Perto de um total de 27,7 milhões de toneladas anuais de lixo reciclável gerados em território brasileiro, essa porcentagem é ínfima.
Ainda que o dia 5 de junho seja lembrado por comemorar o Dia do Meio Ambiente, a data também celebra o Dia Nacional da Reciclagem. Trata-se de uma tentativa de conscientizar a população sobre a importância da coleta seletiva, ainda pouco efetiva na maioria dos municípios nacionais, como apurou a matéria veiculada pelo Jornal Nacional.
Como resultado da falta de ações para promover a destinação adequada dos resíduos, a qualidade do ambiente é prejudicada, novos empregos deixam de ser criados e a qualidade de vida das famílias brasileiras também é afetada, com a degradação da qualidade do ar, do solo, além de atrair animais vetores de doenças. Por isso, é necessário exemplificar, na prática, como a separação e destinação correta de materiais recicláveis pode contribuir para o bem-estar social.
Ao conhecer a Comunidade Renascer, as visitas frequentes permitiram constatar que muitas crianças vivem em situação de vulnerabilidade, muitas com dificuldade de acesso às instituições de ensino formal, formas de lazer ou saneamento básico. Por vezes, a insalubridade se faz presente no local, uma vez que a coleta seletiva da cidade não abrange toda a comunidade e é possível encontrar lixo espalhado pelas ruas, apesar do esforço dos moradores para dar a destinação correta a esses materiais e também gerar uma fonte de renda.
Na contramão disse cenário, a ENACTUS segue fomentando projetos que incentivam pessoas a se inteirarem sobre as pautas socioambientais, a fim de mostrar como pequenas ações do cotidiano podem melhorar o dia a dia da comunidade.
É o que acontece com o projeto Mousiké , que utiliza instrumentos confeccionados a partir de materiais recicláveis. Dessa forma, é possível incentivar a musicalização das crianças a partir do contato direto com produtos que receberam um novo significado.
Por meio das aulas, que agora voltaram a acontecer presencialmente, os alunos aprendem não apenas conceitos introdutórios de música, mas também sobre sustentabilidade. Durante o recreio, é provável que surja a dúvida de onde jogar a embalagem do salgadinho, meio de metal e meio de plástico, e é importante saber que pode ser jogada no latão amarelo.
Enquanto isso, a fim de tentar melhorar esse contexto a nível nacional, o Governo Federal anunciou, em abril, o Plano Nacional dos Resíduos Sólidos (Planares). O pano estabelece a meta de aumentar a taxa de reciclagem no país de 4% para 48% no período dos próximos 18 anos.
Nesse meio tempo, fazemos nossa parte. E você, já separou o lixo hoje?