Estudo aponta as relações entre a cobertura vegetal e eventos de instabilidade na região da bacia do rio Pindaré

Desmatamento na região pode causar deslizamentos e erosão

Um artigo publicado recentemente no Journal of South American Earth Sciences relaciona a ocorrência de instabilidades no solo às mudanças na cobertura e no uso da terra. A área de estudo é a região da bacia do rio Pindaré, no bioma amazônico, onde também se localiza a Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão. A análise indica que o principal fator que propulsiona essas mudanças na região é o desmatamento, que tem fins na agropecuária, na silvicultura e no desenvolvimento de infraestrutura urbana.

A origem da Estrada de Ferro Carajás ocorreu a partir de 1976 com a autorização para sua construção, a fim de ligar a Serra de Carajás e o porto da Ponta da Madeira, na capital maranhense. Marcos Timóteo Rodrigues de Souza, geógrafo e pós-doutorando do GeoInfraUSP, explica que a relevância dessa construção para essa região é “totalmente atrelada ao entendimento de “corredor de exportação de minério”. Os estados do Pará e do Maranhão possuem grandes riquezas naturais e a bacia do Pindaré está no coração deste corredor”.

Depois da construção da Estrada Carajás, a agricultura na região do Pindaré foi alavancada por incentivos governamentais entre as décadas de 80 e 90. Com isso, o desmatamento, principalmente para o plantio de soja, milho e eucalipto, avançou.

Marcos aponta que os principais impactos da perda de cobertura vegetal na região da bacia do Pindaré são a contribuição para o aumento da temperatura local e a alteração do regime de chuvas. Além disso, a perda da vegetação nativa deixa o solo mais vulnerável e, portanto, mais propenso a casos de erosão. Um exemplo disso são as voçorocas que, conforme Marcos, corroboram problemas de moradia e segurança na região.

Segundo o estudo, a maioria das ocorrências de instabilidades não acarretavam risco para a circulação de trens em Carajás, mas 21% delas poderiam promover riscos com restrições de velocidade e paralisação na circulação.

Leia o artigo na íntegra em: https://doi.org/10.1016/j.jsames.2025.105373

*Imagem da capa: Reprodução/Fernando Santos Cunha Filho/Wikimedia Commons

Posts recentes