Economia brasileira se recupera, mas ausência de política econômica definida dificulta

Economia brasileira se recupera, mas ausência de política econômica definida dificulta

O ano de 2020 trouxe severos impactos à economia brasileira, acentuando um cenário delicado que já vinha se desenhando com a queda no emprego. A pandemia de covid-19 e o isolamento social determinado por ela fechou empresas e piorou a situação do trabalhador. Agora, com o avanço da vacinação em diversos países e outras mudanças políticas e econômicas internacionais, a economia começa a dar sinais de recuperação. Para avaliar o atual cenário econômico brasileiro e as perspectivas que se desenham para ele, o USP Analisa exibe a partir desta semana uma entrevista em duas partes com o economista e presidente do Banco Ribeirão Preto Nelson Rocha Augusto e o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP Rudinei Toneto Junior, que também integram o Conselho Consultivo do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP.

Para Nelson, a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos mudou a pauta econômica. Além disso, a expansão do número de vacinados trouxe perspectivas de crescimento internacional que, aliados à alteração de patamar e de preço das commodities, desenham um cenário bastante benéfico para o Brasil. Apesar disso, segundo ele, a situação interna não é animadora. A falta de uma política econômica bem definida, com unicidade de linguagem, tira credibilidade da equipe econômica

“A economia vai se recuperando por conta do estímulo monetário do cenário internacional, da pujança, da dinâmica, do empreendedorismo brasileiro, mas com muito sofrimento, desemprego e principalmente destruição de empresas, sobretudo as pequenas e médias. O estado financeiro está funcionando muito bem, com cada vez mais competitividade, cada vez mais eficiência. Com o advento do PIX e, daqui a pouquinho, do open banking, finalmente há concorrência no sistema financeiro e o crédito vai se expandindo de uma maneira forte. O crédito e o cenário internacional ajudam a empurrar a economia para frente, mas isso não está acontecendo não por uma política econômica consistente, organizada e amarrada”.

Rudinei demonstra também preocupação com o mercado de trabalho e os impactos no capital humano provocados pelo desemprego. Somado a ele, os demais trabalhadores subutilizados – ou seja, pessoas que trabalham menos horas do que gostariam e os que não buscam emprego, mas gostariam de trabalhar – gera perda de qualificação na força de trabalho.

“Esse desemprego insistente, que já vinha anteriormente, mas que foi muito acentuado na pandemia, pode gerar um impacto muito grande em termos de produtividade, em termos de capacidade da retomada da economia. É o que os economistas discutem: o produto potencial pode ter sido muito afetado. E outra questão relacionada à falta de comando na educação é um problema econômico de longo prazo, a questão de fatores. O quanto nós vamos perder de capital humano e de produtividade dessa geração que está hoje sendo afetada em termos educacionais. Como é que a gente vai recuperar esse capital humano perdido?”, questiona o docente.

A primeira parte da entrevista vai ao ar nesta quarta (16), a partir das 18h05, com reapresentação no domingo (20), às 11h30. O programa também pode ser ouvido pelas plataformas de áudio iTunes e Spotify

O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o programa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram.

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