Edição de genes pode ser usada no combate à covid-19

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Uma técnica que já existe há cerca de 5 anos na genética e que agora está sendo utilizada em pesquisas voltadas ao combate à covid-19 desenvolvidas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, ambas da USP. Trata-se da Crispr-Cas9, um procedimento de edição de genes que poderá ser usado para evitar a infecção de célula pelo Sars Cov-2. Para falar sobre esse estudo, o USP Analisa recebe nesta semana o professor da FORP Geraldo Aleixo Passos.

Ele explica que o vírus infecta as células por meio de um mecanismo semelhante ao de chave-fechadura. A técnica seria usada para interferir no “segredo” que reconhece a “chave”. “Para fazer isso nós temos que ‘fazer uma cirurgia’ no gene que está no núcleo da célula e que codifica o receptor do vírus. É nessa hora que entra essa técnica de edição de genes, porque nós vamos em uma região específica do genoma onde está situado o gene do receptor do vírus e vamos introduzir alterações que impedem a proteína do vírus de se associar”. 

A ideia de usar essa técnica vem da expertise que o laboratório de Passos adquiriu estudando a genética molecular do sistema imunológico com foco na tolerância imunológica, ou seja, a capacidade do corpo não atacar seus próprios órgãos e tecidos. A perda dessa tolerância está associada à glândula do timo, que expressa o gene AIRE (autoimmune regulator). Os pesquisadores utilizaram a técnica Crispr para “desligar” o gene e estudar o efeito da falta de sua função.

“Nós já tínhamos adquirido a expertise com essa pesquisa fundamental. Quando surgiu o problema da covid, nós começamos a estudar o que a literatura nos diz sobre essa infecção, como o vírus entra na célula. Então nós raciocinamos de usar o Crispr para alterar a parte da ACE2 [proteína que fica na superfície das células e funciona como receptor do vírus] exatamente no ponto em que o vírus se atraca nessa proteína. Mas isso só foi possível por causa de um trabalho prévio, de um projeto prévio que não tinha nada a ver com a covid”, diz ele, ressaltando a importância da pesquisa básica no atual momento. 

A entrevista, que encerra a primeira temporada deste ano, vai ao ar nesta quarta (24), a partir das 18h05, com reapresentação no domingo (28), a partir das 11h30. O programa também pode ser ouvido pelas plataformas de streamingiTunes e Spotify. O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto.

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