Políticas baseadas em evidências são chave para recuperação da aprendizagem, diz especialista

Políticas baseadas em evidências são chave para recuperação da aprendizagem, diz especialista

A pandemia trouxe impactos severos para a aprendizagem dos estudantes brasileiros, especialmente nas escolas públicas. Mas investir em políticas públicas educacionais baseadas em evidências e em pesquisas pode ser a chave para reverter esse cenário. Para entender melhor o que são essas políticas e como a universidade tem contribuído para embasá-las, o USP Analisa conversa neste mês com o titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP, professor Mozart Neves Ramos.

No programa que vai ao ar na Rádio USP nesta sexta, ele comenta os resultados recentes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021, divulgados no mês passado, e também fala sobre como as políticas públicas educacionais baseadas em evidências podem ajudar na recuperação da aprendizagem.

Mozart destaca que a edição do Saeb anterior à pandemia mostrava dificuldades no desempenho em língua portuguesa e matemática principalmente no ensino médio. Apesar disso, de uma forma geral, o país vinha melhorando lentamente seus resultados, o que foi interrompido com o fechamento das escolas na pandemia. Com a recomendação do Conselho Nacional de Educação para que não houvesse reprovação dos alunos, evitando-se assim o rompimento do vínculo com a escola, os índices de 2021 tiveram uma melhora artificial, mas os dados também demonstram que a defasagem no aprendizado é grande.

“Precisamos como nunca entender que o continuum curricular, as avaliações diagnósticas, saber definir com clareza as aprendizagens essenciais – e aí a Base Nacional Comum Curricular é uma bússola importante nesse contexto – e investir na formação dos professores e nas novas tecnologias vai ser fundamental. É fazer aquilo que a gente chama de ‘sala de aula invertida’, fazer com que o aluno possa levar parte dos estudos para casa ou mesmo trabalhar o contraturno quando possível. Notadamente as escolas de tempo integral vão levar alguma vantagem nesse quesito porque será mais fácil organizar esse processo. Mas vai ser extremamente desafiador o processo da aprendizagem escolar daqui por diante, vamos precisar usar todas essas características para estruturar um processo de ensino-aprendizagem que possa recompor essas aprendizagens num ritmo que nos leve a, o quanto antes, pelo menos um estágio anterior à pandemia e voltar novamente a crescer de maneira consistente, como já vinha acontecendo nos anos iniciais”, diz ele.

O titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira aponta ainda que será crucial, após as eleições, criar uma espécie de pacto nacional pela educação brasileira. “A gente tem um grande desafio pela frente, vai precisar como nunca de um trabalho colaborativo entre as redes, com a sociedade e, principalmente, de uma grande aliança nacional pela educação, suprapartidária, para que de fato o Ministério da Educação realmente faça um trabalho de coordenação, de articulação, que os investimentos sejam ampliados e a gestão seja extremamente profissional, para que a gente possa ter os melhores resultados. E uma gestão profissional é aquela que trabalha com base em evidências, trabalha com base em eficiência, eficácia e efetividade”.

O USP Analisa é quinzenal e leva ao ar nesta sexta, às 16h45, um pequeno trecho do podcast de mesmo nome, que pode ser acessado na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music.

O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram.

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