Recuperação no setor cultural deve ser lenta, dizem especialistas

Recuperação no setor cultural deve ser lenta, dizem especialistas

O setor cultural foi um dos mais afetados pela pandemia de covid-19. A limitação de público e mesmo o fechamento de espaços culturais, para seguir regras de distanciamento social, dificultaram a realização das atividades. As lives, transmissões ao vivo por plataformas de vídeo, ajudaram nesse período, mas não substituem o prazer de assistir uma apresentação presencialmente. A coordenadora de projetos na Associação Pró-Esporte e Cultura de Ribeirão Preto Mariana Souza e o presidente do Cineclube Cauim, Fernando Kaxassa contam como tem sido essa experiência de trabalho na segunda parte da entrevista especial ao USP Analisa desta semana.

Kaxassa destaca que, embora as lives tenham contribuído até mesmo para ajudar financeiramente alguns profissionais, quando houver uma reabertura maior, a tendência é que as pessoas voltem a sair. Mas isso não significa uma recuperação instantânea para o setor cultural. 

“É aquele negócio: como é que volta? Como é que vão abrir esses teatros, o custo, o imposto? Porque para quem tem prédio, como o Cauim, é muito caro. A estrutura física é muito cara. Meu custo não diminuiu nada, aluguel tudo bem, nós negociamos com os proprietários, mas vai voltar. E até você trazer esse público de volta, demora. Porque as pessoas têm medo e com razão”, diz ele.

Para Mariana, a polarização política, que tende a se intensificar com as eleições no próximo ano, não assusta quem trabalha com cultura, já que, de acordo com ela, o fazer artístico é, em muitas vezes, um ato político.  

“Essa polarização faz com que as pessoas cobrem dos artistas um posicionamento político e se identifiquem mais ou menos com ele. A gente vem de um Brasil polarizado desde as últimas eleições, tudo leva a crer que este novo quadro eleitoral vai ser muito polarizado também. E acho que é papel de quem é influenciador se posicionar e é nosso papel se posicionar. Estamos vivendo um momento muito complicado, especialmente no quesito saúde pública, mas também na pauta cultural e artística. A gente trabalha com isso, depende de política pública, então nada mais justo que a gente se posicione. E eu acho que isso faz parte do fazer artístico, para falar a verdade”, afirma ela. 

A segunda parte da entrevista vai ao ar nesta quarta (7), a partir das 18h05, com reapresentação no domingo (11), às 11h30. A partir da próxima semana, o programa faz uma pausa e dá espaço à programação musical na Rádio USP. As entrevistas inéditas voltam no dia 4 de agosto e todos os episódios podem ser ouvidos também pelas plataformas de áudio iTunes e Spotify.

O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o programa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram.

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