Democracia foi uma palavra bastante presente no noticiário brasileiro em 2018, tanto em virtude da realização de eleições, quanto das comemorações dos 30 anos da Constituição de 1988 e até mesmo pelo questionamento de muitas pessoas sobre a eficácia desse sistema político. Para abrir a temporada de programas de 2019, o USP Analisa traz esse tema para discussão em uma série especial de três programas com o professor, historiador e ex-vereador de Ribeirão Preto Gilberto Abreu e o docente da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP Nuno Manuel Morgadinho dos Santos Coelho.
A série vai abordar as origens da democracia, seu desenvolvimento no Brasil e seu reflexo na atualidade. No primeiro programa, os professores falam sobre o surgimento desse sistema político em Atenas, na Grécia Antiga, e suas relações com o conceito de república, instituído em Roma.
“Quando olhamos para o passado, podemos pensar: Atenas não era uma cidade democrática porque as mulheres não participavam [das decisões], porque os estrangeiros não participavam, porque havia escravos. Mas nós estamos falando de uma civilização antiga que, comparada a todas as suas contemporâneas, é absolutamente diferente, tinha uma singularidade da qual eles, gregos, em especial os atenienses, se orgulhavam. Era uma cidade formada por cidadãos que precisavam preencher pura e simplesmente a condição de cidadania para poder participar igualmente de todos os cargos políticos”, lembra Morgadinho.
Considerando a relação entre a democracia e a república, Abreu destaca que são sistemas complementares, já que o conceito de república foi criado pelos romanos a partir dos princípios da isonomia e da igualdade. “A ideia de república vai permear toda a história, sobretudo do ocidente, e vai criar inclusive uma grande discussão posterior, que é se a república, por extensão à democracia, poderia ser estabelecida em territórios muito grandes. Isso só vai acontecer no século XVIII, quando num gesto também ousado, os americanos vão criar a primeira república num território muito extenso. Todos os exemplos anteriores de existência republicana só foram possíveis em cidades, em cidades-estado, que não abrangiam um território muito grande. Porque o essencial na democracia é a participação do cidadão. E a grande questão era: em um território muito extenso, a participação será efetiva de todos?”, diz o historiador.
O programa vai ao ar na Rádio USP nesta sexta (1º) às 12h, na quarta (6) às 21h e no domingo (10) às 11h30. O USP Analisa é uma produção conjunta da Rádio USP Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.