O imunometabolismo é um termo criado em 2011 para definir a área de conhecimento que apresenta duas perguntas centrais:

•  Como ocorre a interação das células imunológicas com os órgãos metabólicos e como processos fisiológicos (envelhecimento) ou doenças podem alterar essa relação. Como exemplo prático, podemos citar a obesidade. Já está bem demonstrado que o tecido adiposo é um órgão complexo com células que armazenam lipídeos (adipócitos) e muitos outros tipos celulares, inclusive vários subtipos de células imunológicas. Durante a obesidade, o número e tipo de células imunológicas que compõe o tecido adiposo branco, se modificam e passam a produzir fatores que influenciam no quadro de doenças associadas à obesidade levando ao aumento da inflamação crônica de baixo grau. Descobrirmos os mecanismos que levam a essa interação servirá para criar novos alvos que reduzam o impacto do aumento do tecido adiposo em humanos obesos. Outro exemplo pode ser o tecido muscular esquelético que apresenta células imunológicas que interagem com os miócitos para manutenção da homeostasia desse tecido. Em condições patológicas, como a sarcopenia induzida pelo câncer, há um aumento de células imunológicas que produzem fatores inflamatórios que levam a redução da síntese e aumento da degradação proteica. 

• Outro alvo de estudo do Imunometabolismo é entender as complexas alterações metabólicas que ocorrem na célula imunológica para garantir a correta polarização celular e a função adequada da célula imunológica. Como exemplo, podemos citar os macrófagos. Resumidamente podemos dividir os macrófagos em clássicos (aqueles que apresentam alta capacidade fagocitária, produção de espécie reativas de oxigênio e citocinas pró-inflamatórias) e o alternativo (produz essencialmente fatores de crescimento e regeneração celular, além de citocinas anti inflamatórias). Para a diferenciação do macrófago clássico é necessário um aumento considerável na produção de ATP, junto com mediadores do metabolismo celular que alimentam a via da pentose fosfato, levando a um desvio metabólico que é conhecido por efeito Warburg (alta atividade glicolítica). Enquanto isso, para a diferenciação e manutenção da função celular os macrófagos alternativos precisam aumentar a via de fosforilação oxidativa e metabolismo mitocondrial (Figura 1).