O Projeto
Proposta
Readequação do planejamento educativo do Programa USP60+ da Escola de Artes, Ciências e Humanidades |EACH USP; criação e organização de Plataforma On-line, denominada Interaging USP, com apresentação de conteúdos diversos relativos à educação permanente destinadas a pessoas idosas; criação de conteúdos para a formação de recursos humanos em gerontologia; criação de conteúdos sobre envelhecimento para a população em geral.
Projeto Interaging USP
Propõem-se uma inovação nas diretrizes das atividades educativas e a contemplação de outras vertentes de atuação, baseando-se no paradigma da aprendizagem ao longo da vida e nos princípios interdisciplinares do campo da gerontologia educacional.
Apresentação
O Projeto Interaging USP é uma proposta educativa de integração gerontológica de caráter permanente a ser desenvolvida na Escola de Artes Ciências e Humanidades | EACH. O projeto apresenta como pressupostos o incentivo à criação de atividades que atendam as necessidades educacionais dos idosos, a disseminação de conteúdos e a produção de conhecimentos sobre o processo de envelhecimento e a fase da velhice; de maneira integrada, interdisciplinar e com ações intergeracionais que promovam a participação ativa de discentes, docentes e comunidade na construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Diante das mudanças demográficas observadas no país será cada vez mais necessário o preparo e a atualização de profissionais, o desenvolvimento de pesquisas, a oferta de serviços e produtos que supram as demandas de uma sociedade envelhecida. Almeja-se a reflexão e participação ativa das pessoas na tomada de decisões sobre o seu próprio percurso de desenvolvimento e envelhecimento e em sua trajetória educativa.
O Projeto Interaging USP propõe envolver a EACH com as questões inerentes à longevidade e aproximar, ainda mais, da comunidade utilizando-se de métodos de ensino e inovações tecnológicas que favoreçam a cooperação integrada de ações gerontológicas, a fim de superar os desafios do envelhecimento populacional.
Introdução
A aprendizagem ao longo da vida apresenta-se como um novo paradigma educacional. O Relatório “Educação: Um tesouro a descobrir” publicado em 1996, pela Comissão Internacional nomeada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), apresenta os pilares para a educação no século XXI. Conhecido como Relatório Delors, o documento explora os sentidos das diferentes formas de aprendizagens durante todo o ciclo de vida e reafirma a necessidade de ultrapassar barreiras institucionais. Assim, a aprendizagem acontece em qualquer tempo e em qualquer lugar, não somente atrelada às instituições escolares ou a um único período da vida.
A nova abordagem sobre o papel da educação desafia o planejamento e as metodologias pedagógicas, bem como a estrutura universitária e a atuação dos docentes e discentes. Espera-se que a aprendizagem ao longo da vida alcance a sinergia entre a educação formal, não formal e informal, baseando-se em quatro principais pilares: aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer e a aprender a conviver (DELORS et al., 1996).
De acordo com Jarvis (2013), a aprendizagem humana é o resultado da interação entre os aspectos inerentes ao corpo e mente das pessoas com as situações sociais vivenciadas por elas, em que desta interação desencadeiam-se ações de transformação no sentido cognitivo, emotivo ou prático, sendo incorporadas à biografia pessoal. A aprendizagem não ocorre pelo acontecimento das situações sociais, mas pelas experiências resultantes delas, podendo ser primária ou secundária, ou seja, equivalente às experiências de sentido e de significados culturais. Desta maneira, entende-se que a aprendizagem acontece ao longo da vida, colocando a pessoa em constante processo de mudança.
Compreendendo a relevância da educação para a área interdisciplinar da gerontologia, Peterson (1976) definiu o campo da gerontologia educacional em três vertentes principais: a) educação voltada para os idosos; b) divulgação de informações sobre o envelhecimento à população em geral e; c) formação de profissionais para atuar junto às questões da longevidade. Para Thornton(1992), a gerontologia educacional abrange todos os esforços educacionais associados aos estudos do envelhecimento.
A atuação no campo da gerontologia educacional é orientada por princípios teóricos. A declaração dos princípios da Gerontologia Educacional Crítica (GEC) fornece uma visão crítica sobre as práticas educativas voltadas aos idosos. Nesta lógica, a GEC preocupa-se com o “o que” e “como” as atividades educativas são direcionadas aos idosos.
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Ressalta-se que a adoção da aprendizagem ao longo da vida ao campo da gerontologia educacional, conforme apresenta Withnall (2010), corresponde à perspectiva mais pertinente para suprir as demandas educacionais dos idosos, pois fornecem não apenas benefícios sociais no âmbito individual, mas também coletivos.
Segundo Luz e Baldwin (2019), diante das mudanças demográficas observadas em todo o mundo – maior número de pessoas idosas somadas à população total – os estudantes de praticamente todas as áreas atuarão profissionalmente em contextos de uma sociedade envelhecida. Por isso, o desenvolvimento do campo da gerontologia educacional em conjunto com a formulação de políticas e planejamentos institucionais visa expandir as ações educativas (THORTON, 1992).
Universidade e Longevidade
O Projeto Interaging USP reitera o compromisso de aproximar a universidade da comunidade, bem como de suas questões sociais mais amplas. O tema da longevidade e as práticas amigáveis aos idosos incorporadas aos programas e políticas dos campi universitários tem se destacado internacionalmente. A proposta inovadora da Dublin City University (DCU) da Irlanda, lançada em 2012, divulga os 10 princípios da Age-Friendly University (AFU), com objetivos de favorecer a cultura amigável a todas as idades na universidade (DCU, 2020).
A iniciativa foi resultado de esforços e cooperação institucionais alinhada às estratégias internacionais de responder aos desafios da longevidade, como o programa Age Friendly Cities proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dada a relevância da temática nos debates acadêmicos, uma rede global de referência foi criada e apoiada pela Academy for Gerontology in Higher Education (AGHE), dos Estados Unidos. Diversas universidades uniram-se ao movimento educacional de benefícios sociais, pessoais e econômicos para estudantes de todas as idades e instituições de ensino superior. Segundo os dados divulgados pela AGHE (2020), o programa da AFU já conta com a adesão de mais de 50 universidades presentes na América do Norte, Europa e Ásia.
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As universidades desempenham um importante papel para o desenvolvimento social, econômico e sustentável, sendo necessário o reconhecimento da temática do envelhecimento em suas atividades acadêmicas. A característica interdisciplinar da gerontologia torna possível a fomentação de uma construção ativa e colaborativa de conhecimentos sobre o envelhecimento, no ensino, na pesquisa e nas atividades de extensão universitária.
Projeto Interaging USP
O Projeto Interaging USP propõe despertar a universidade para os desafios da longevidade, bem como oferecer propostas educativas aos idosos no âmbito da aprendizagem ao longo da vida para a transformação social. A proposta condiz com as recomendações internacionais e pesquisas que sinalizam a necessidade de inovações no ensino e nas relações entre a universidade e a comunidade. O tema transversal e interdisciplinar do envelhecimento favorece a participação e o diálogo entre várias áreas do conhecimento, culminando em uma ação integrativa gerontológica.
A proposta de ação integrativa gerontológica está alicerçada no paradigma da aprendizagem ao longo da vida e organizada de acordo com as três principais vertentes do campo da gerontologia educacional.
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Objetivos
O Projeto Interaging USP tem como objetivo geral fomentar ações educativas no campo da gerontologia educacional em suas três vertentes – educação para idosos, formação de recursos humanos, conhecimento sobre educação para o envelhecimento à todas as idades.
Os objetivos específicos são:
Propiciar uma aprendizagem na perspectiva crítica e de transformação social, aliada às inovações tecnológicas de ensino e à proposta de aprendizagem ao longo da vida aos idosos;
Oportunizar ações intergeracionais e formas diversificadas de acesso e participação dos idosos nas atividades educativas;
Divulgar projetos acadêmicos e grupos de pesquisa que fomentam a produção de conhecimentos e criação de soluções integradas para os desafios da longevidade;
Divulgar os programas de atualização, especializações e cursos de aperfeiçoamento e de difusão destinados aos profissionais que buscam aprofundar seus conhecimentos;
Criar um elo de comunicação entre os docentes responsáveis pelas atividades educativas com os idosos, bem como os demais colaboradores discentes e outras instituições parceiras, a fim de trocar informações sobre metodologias de ensino e práticas didáticas alinhadas aos princípios da GEC e fundamentos da geragogia crítica;
Ampliar a participação e o acesso dos idosos que não podem se locomover até a instituição de ensino, a partir da oferta de atividades educativas na modalidade à distância.
Educação para idosos
Aprendizagem Crítica: as atividades educativas destinadas aos idosos seguem os princípios da GEC. Deste modo, rejeitam-se as práticas de ensino e aprendizagem paternalistas, que limitam o envolvimento e a participação dos idosos no delineamento do seu percurso educativo (FORMOSA, 2011). A aprendizagem é centrada nos interesses e necessidades dos idosos, com intuito de fornecer-lhes recursos para promover a mudança e transformação social.
Participação dos idosos: os idosos são incentivados a atuarem de maneira participativa no planejamento e organização das atividades, as quais contemplarão não somente atividades de desenvolvimento pessoal e autorrealização, mas também àquelas destinadas ao empoderamento e à liderança. Desta maneira, busca-se uma cultura de autoajuda em direção a uma educação mais engajada pelos idosos, incentivando-os à participação comunitária e ao envolvimento com as pesquisa desenvolvidas pela universidade que dizem respeito à longevidade.
Educação para a sociedade
Ações intergeracionais: as ações intergeracionais desenvolvidas pelos discentes, docentes e os idosos possibilitam atuar sobre a desmistificação de preconceitos em relação à idade – o ageismo. A aproximação entre as gerações e a conscientização das pessoas sobre as mudanças decorrentes do processo de envelhecimento favorecem atitudes mais positivas sobre a fase da velhice, e ainda, incentiva a autopercepção e o autogerenciamento sobre as condições de vida. O ageismo é uma ocorrência mundial com mais de 100 formas diferentes de estereotipagem e descriminação contra as pessoas pelo motivo da idade (MCGUIRE, 2017).
Projetos intergeracionais já desenvolvidos no campus da EACH
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Projeto Geraç@ões
O Projeto integra o ensino, pesquisa e extensão na universidade. Busca-se a criação de uma cultura solidária, promovendo trocas de conhecimento entre professores (universidade e escola parceira), alunos de graduação e pós-graduação dos mais diversos cursos da EACH, além dos parceiros de outras Instituições. O princípio da transdisciplinaridade é aplicado em todas as ações do Projeto, utilizando-se metodologias ativas para a sua execução. São exploradas grandes temáticas para as interfaces em diversas áreas do conhecimento.
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Divulgação Científica: os projetos acadêmicos e grupos de pesquisa do campus da EACH poderão divulgar seus resultados científicos por meio de informativos, exposições, cartilhas e outras produções midiáticas. Deste modo, objetiva-se investir em divulgações científicas (para além das comunicações científicas, restrita aos periódicos acadêmicos), ao levar conteúdos relativos à longevidade com uma linguagem mais simples e acessível aos idosos e à comunidade em geral. Além disso, os discentes da pós-graduação poderão compartilhar os seus temas de pesquisa.
Grupos de Pesquisa já desenvolvidos no campus da EACH
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Cartilha Educativa
Divulgações científicas já desenvolvidas no campus da EACH
Cartilha “Envelhecimento saudável em tempos de Pandemia” foi organizada pelo grupo de pesquisa LabEduca60+. A proposta objetivou disseminar informações educativas aos idosos sobre o Covid-19 e suas implicações no dia a dia. Diante do período de extremo cuidado à saúde e de isolamento social, espera-se que as pessoas se tornem mais resilientes frente a situações difíceis e distantes do nosso controle pessoal. A cartilha incentivou aos idosos que, mesmo não fisicamente, podemos aprender juntos e vencer essa adversidade.
Educação para profissionais
Atualização, especializações e cursos de aperfeiçoamentos: a divulgação dos cursos nas modalidades formais e não formais, vinculados ao PRCEU, têm por finalidade incentivar a formação de profissionais que atuam em demandas específicas da população idosa.
Programa de Atualização:
Visa desenvolver no participante um conhecimento ou uma técnica em determinada área ou disciplina, destinando-se ao público em geral, sem exigência de escolaridade mínima.
Curso de Difusão:
É uma atividade de divulgação artística, cultural, científica, técnica, tecnológica ou desportiva e se destina ao público em geral, sem exigência de escolaridade mínima, com carga horária mínima de 4 horas.
Especialização:
Possui natureza técnico-profissional e possibilita aos interessados aprofundar seus conhecimentos e competências em uma determinada área, aprofundando o ensino de graduação. É uma modalidade de pós-graduação lato sensu, com duração mínima de 360 horas.
Aperfeiçoamento:
É um sistema organizado de uma ou mais disciplinas, ministrado somente a alunos graduados, com o objetivo de ampliar conhecimentos em campos específicos da atividade profissional. Carga-horária mínima é de 180 horas.
Atualização:
Visa difundir o progresso do conhecimento em determinadas áreas ou disciplinas. Com carga horária mínima de 30 horas, é destinado aos interessados em rever e aprimorar suas atividades profissionais, além de interagir com profissionais da área. São destinados a quem deseja ampliar conhecimentos em sua área de interesse ou conhecer novas áreas de atuação, melhorando sua capacitação profissional.
Suporte para práticas geragógicas:
Almeja-se a criação de uma ferramenta de suporte on-line destinado aos docentes responsáveis pelas atividades educativas para os idosos. O objetivo é possibilitar a troca de informações, experiências e de conhecimentos que vão ao encontro de práticas geragógicas na perspectiva da GEC.