Crônicas

Uma Pedra

Às vezes penso que o cotidiano é um animal de garras afiadas. Um ser arisco, soturno, que se alimenta pelas sombras e só dá as caras quando ataca. Cada momento que se vive dentro dessa lógica de rotina diária é mais um milímetro em que essas suas garras avançam para dentro da carne. Mais perigoso ainda é o efeito dessas suas garras. Parece que quanto mais profundo é o corte, menos é possível sentir o ataque da besta.

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Em busca do diagnóstico

Era uma noite de domingo e o país inteiro se sentava em frente à televisão. O evento passava como qualquer outro naquele país contagiante: as pessoas vestiam-se do pé à cabeça com os símbolos dos seus times, as músicas preenchiam a trilha sonora da temporada e, cada vez mais, o calor e entusiasmo dos torcedores só acabavam quando a bala disparava e a história aparecia no jornal. Naquele dia, nos bares, nas casas de família e na grande Avenida Paulista os telões confirmavam o que os adultos ansiosos já sabiam: o Capitão havia ganhado. As casas verde-amarelas vibravam – a sensação de ser maioria, de ter vencido aqueles canalhas prepotentes, de serem validados, ecoava pelas paredes. As casas vermelhas sofriam – confusas – percebendo que os seus tão belos princípios não eram maioria naquela nação.

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Corre que já vai começar

Era sempre a mesma cena: a TV ligada no horário certo, o sofá ocupado em posições estratégicas, e uma espera silenciosa que só terminava quando o som da abertura começava. “O que será que vai acontecer hoje?” Era a pergunta que rodava na minha cabeça, mesmo já imaginando que o mocinho ia escapar, a vilã ia tramar, e o final feliz estava garantido.

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O 4°membro da família

Ao me levantar, lembrei daquele dia, daquela época onde tudo era melhor e como tudo acabou… Graças a uma palestra, que me gerou um café da manhã reflexivo, lembrando de tudo aquilo que um dia já foi rotina e normalidade antes de um caos.

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A Roda

Era uma noite como outra qualquer nas ruas de São Paulo, andando e pensando em um conceito que insistia em retornar à minha mente. Memórias coletivas: uma força capaz de unir pessoas por meio de experiências intensas, um laço que, paradoxalmente, também pode curar traumas. Fui apresentado a ele pela produtora Marta Nehring em uma coletiva de imprensa. Desde então ele não sai da minha cabeça, frequentemente me conduzindo de volta ao passado.

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“Vamos marcar alguma coisa!”

Infelizmente – ou felizmente -, conexões humanas são únicas e as pessoas também.
Durante nosso tempo na escola, temos o dilema de quem é amigo e quem é colega, em quem devemos confiar e com quem devemos apenas andar junto. Sobre isso, eu sempre tive noção plena de com quem eu realmente poderia contar, sempre soube quem eram minhas amigas e com quem queria fazer trabalho.

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Eu sinto muito Ministério Etrom.

Vestindo uma camisa jeans de manga longa e botões, por baixo de uma jardineira também jeans, geralmente carregando uma mochila e uma sacola. Ela inicia a maioria de seus vídeos falando “bom dia, Brasil, bom dia mundo” ou ¨boa tarde¨ se estiver gravando a tarde. Anuncia o dia, mês, ano, dia da semana e onde está . Em seguida, o conteúdo dos vídeos vai ficando confuso. Ela mescla o nome de famosos, trechos bíblicos, fala sobre um inimigo chamado Saymon e grava pessoas que acredita que a estão perseguindo. Tudo vira uma grande confusão.

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