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Exame Clínico da Laringe

Resumo elaborado pela presidente Rebeca Torres (T4).

1. Anamnese
➢ Idade: em crianças, os distúrbios vocais funcionais e as malformações congênitas são as principais causas de rouquidão. Nas faixas etárias mais avançadas, são as laringites crônicas e doenças neoplásicas;
➢ Sexo: as disfonias funcionais são mais frequentes nos meninos, durante a infância, enquanto na idade adulta acometem mais as mulheres;
➢ Profissão: distúrbios laríngeos são frequentes em profissionais que abusam da voz, como professores, locutores e cantores. Trabalhos em ambientes com poluentes inalatórios, como pedreiras e marcenarias, podem ser prejudiciais à mucosa das vias respiratórias superiores e predispor ao desenvolvimento de lesões laríngeas;
➢ Antecedentes pessoais: deve-se avaliar: tabagismo e etilismo; antecedentes cirúrgicos (sintomas vocais que aparecem no pós-operatório de cirurgia cardíaca e de tireoide levantam a possibilidade de secção do nervo laríngeo recorrente); doenças sistêmicas; uso de medicamentos; exposição a ambientes com irritantes inalatórios; história de
traumas laríngeos, sejam externos (traumas cervicais) ou internos (intubações orotraqueais); antecedentes e intercorrências neonatais quando ocorre estridor.

2. Sinais e Sintomas
Os principais sinais e sintomas são rouquidão e estridor.
Rouquidão
Caracteriza-se pela mudança do timbre e da intensidade da voz. O início e a frequência devem ser avaliados.
➢ Início: alterações súbitas podem indicar distúrbios emocionais (disfonia psicogênica) ou doenças neurológicas, como paralisia de pregas vocais. História mais arrastada, de evolução progressiva, costuma ser observada em neoplasias;
➢ Frequência: distúrbios funcionais ocorrem, em geral, em períodos de abuso vocal. Já os distúrbios vocais orgânicos têm rouquidão fixa, sem momentos de melhora;
➢ Sintomas associados: associação de rouquidão com otalgia reflexa e odinofagia é sugestivo de tumores supraglóticos com extensão para a hipofaringe; tosse e desconforto respiratório são encontrados em tumores glóticos volumosos com extensão para a subglote.
Estridor
Som produzido pelo turbilhonamento do ar quando há qualquer tipo de restrição nas vias respiratórias superiores.
➢ Tipo de estridor: inspiratório (obstrução supraglótica ou glótica) e expiratório (obstrução subglótica) ou ambos;
➢ Época de início: desde o nascimento, ou primeiras semanas de vida (malformações congênitas, como laringomalácia); após intubação orotraqueal e/ou internação em unidades de tratamento intensivo (estenoses adquiridas);
➢ Sintomas associados: aparecimento abrupto em crianças sem febre (aspiração de corpo estranho); a presença de febre levanta a suspeita de laringite aguda;
➢ Periodicidade: constante ou intermitente;
➢ Fatores de melhora ou piora: na laringomalácia, por exemplo, é característico que o estridor piore aos esforços físicos, choro e mamadas;
➢ Sinais respiratórios indicativos de gravidade: taquipneia com retração do tórax; retração de fúrcula e costal; apneia; uso da musculatura acessória; cianose; bradicardia com hipóxia e hipercapnia.

3. Exame Físico
Como os distúrbios vocais podem ser consequência de lesões neurológicas, é necessário avaliar os pares cranianos.
Verificar posição e contração da musculatura do palato mole, estase salivar, mobilidade da língua e reflexo do vômito. No caso de estridor, esclarecer se é inspiratório, expiratório ou ambos. Identificar sintomas
respiratórios associados, isto porque a intensidade do estridor, isoladamente, não permite definir
se o quadro é leve, moderado ou grave. Uma obstrução muito grave pode não gerar estridor, mas os sintomas de desconforto respiratório podem ser evidentes. Em recém-nascidos e prematuros, realizar ausculta cervical para melhor avaliar o estridor. Pode-se avaliar a laringe e a hipofaringe também por meio de laringoscopia indireta. Para isso, utiliza-se o espelho de Garcia, sendo importante realizar o exame durante a fonação e a respiração. Observar: posição, simetria e mobilidade de pregas vocais; estase salivar, restos alimentares, secreção ou lesão em região supraglótica e glótica.

Observação: não é possível fazer este exame em crianças e adultos que não colaboram. Nestes casos, torna-se obrigatória a endoscopia das vias respiratórias.

Referências Bibliográficas:
PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8a edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.