Resumo sobre o exame clínico do nariz e dos seios paranasais elaborado pela presidente Rebeca Torres (T4).
1. Anamnese
Na anamnese registram-se os dados da identificação, antecedentes pessoais e antecedentes familiares, além dos sintomas como: obstrução nasal, hiposmia ou anosmia, rinorreia, epistaxe e alteração do olfato.
Identificação
➢ Idade: em recém-nascidos (RN) com alterações respiratórias, deve-se suspeitar de malformações congênitas e infecções perinatais. Abaixo dos 6 meses pode ser uma urgência com necessidade de cuidados intensivos, já que o RN é respirador nasal obrigatório;
➢ Sexo: algumas malformações congênitas, como atresia de coana, são duas vezes mais prevalentes no sexo feminino;
➢ Profissão: locais de trabalho onde poluentes ambientais são abundantes, como em fábricas com emissão de gases resultantes da combustão de óleos ou de formação de produtos químicos, podem ser a causa de rinites ocupacionais.
Antecedentes Pessoais
Investigar tabagismo e etilismo; antecedentes cirúrgicos, especialmente otorrinolaringológicos; doenças sistêmicas; uso de medicamentos (descongestionante nasal, ácido acetilsalicílico, estatina); exposição a ambientes com irritantes inalatórios; história de trauma cranioencefálico.
Antecedentes Familiares
História familiar de alergia associa-se ao aparecimento de rinite. Se ambos os pais apresentarem rinite alérgica, a possibilidade em seus filhos chega a 80%.
2. Sinais e Sintomas
Os principais sinais e sintomas são obstrução nasal, rinorreia, alteração do olfato e epistaxe.
➢ Obstrução nasal:
-> A obstrução nasal deve ser investigada quanto aos seguintes aspectos:
▪ Lateralidade (uni ou bilateral);
▪ Início (insidioso, rapidamente progressivo ou abrupto);
▪ Fator desencadeante ou de melhora;
▪ Manifestações clínicas associadas (coriza hialina, espirros e prurido nasal sugerem edema inflamatório da mucosa nasal);
▪ Uso de medicamentos que podem provocar alteração vasomotora na mucosa nasal e causar e/ou agravar a obstrução.
➢ Rinorreia:
-> Deve-se avaliar:
▪ Lateralidade (uni ou bilateral);
• Rinorreia unilateral fétida em crianças leva à suspeita de presença de corpo estranho.
▪ Viscosidade (hialina, espessa, purulenta);
▪ Periodicidade (persistente ou ocasional);
▪ Fatores desencadeantes (perfumes, fumaça, poluição atmosférica);
▪ Associação com outros sintomas, como tosse e cefaleia.
➢ Alteração do olfato:
-> As alterações do olfato podem ser classificadas da seguinte forma:
▪ Anosmia (perda completa da olfação);
▪ Hiperosmia (aumento da olfação);
▪ Hiposmia (diminuição da olfação);
▪ Disosmia (distorção da percepção olfatória, podendo ser subdividida em parosmia, quando há estímulo ambiental, e fantosmia, sem estímulo ambiental, ou seja, uma alucinação olfatória).
-> Procura-se identificar a região da via olfatória acometida: condutiva, ou seja, o bloqueio na chegada das moléculas de odor ao epitélio olfatório, por exemplo, nas rinites, alterações anatômicas da cavidade nasal e tumores intranasais; neurossensoriais, quando há lesões no epitélio olfatório e nos nervos olfatórios, como nas infecções virais ou traumatismo cranioencefálico com ruptura de nervos; central, como, por exemplo, nos tumores intracranianos e doenças degenerativas.
➢ Epistaxe:
-> Consiste em alteração da hemostasia dentro da cavidade nasal, em decorrência de comprometimento da mucosa;
-> Deve-se avaliar:
▪ Lateralidade (uni ou bilateral);
▪ Tempo de evolução;
▪ Quadros clínicos semelhantes anteriores;
▪ Fatores associados ao início do sangramento (trauma, infecções de vias respiratórias superiores, rinite);
▪ Comorbidades (hipertensão arterial e coagulopatias são consideradas como facilitadoras do sangramento nasal);
▪ Medicamentos utilizados (anticoagulantes e ácido acetilsalicílico);
▪ Tabagismo e alcoolismo (são facilitadores do sangramento nasal);
▪ Melhora do sangramento apenas com compressão nasal; repercussão hemodinâmica da hemorragia (hipotensão arterial).
3. Exame Físico
O exame físico compreende a inspeção e a rinoscopia anterior e posterior.
Inspeção
Analisa-se a pirâmide nasal, para detectar dismorfias, distúrbios de desenvolvimento e desvios; sinais sugestivos de processos infecciosos: hiperemia, edema e abaulamento; presença de traço sobre o dorso nasal denominado “saudação alérgica” que pode estar presente em pacientes com rinite. Durante a inspeção, pode-se observar a fáceis característica do respirador bucal (ausência de vedamento labial, encurtamento de lábio superior, eversão de lábio inferior, narinas estreitas, olheiras evidentes).
Rinoscopia Anterior
O exame das cavidades nasais é realizado com iluminação obtida por uma fonte de luz externa. Com um espéculo nasal apropriado e de tamanho adequado para cada paciente, promove-se a lateralização da asa do nasal para permitir melhor visão do interior da cavidade nasal.
Observar: inferiormente, o assoalho da cavidade nasal e se há secreções ou lesões; lateralmente, a cabeça da concha inferior (coloração da mucosa, hipertrofia, degenerações polipoides), cabeça da concha média e meato médio (local em que ocorre drenagem das secreções provenientes dos seios frontal, maxilar e etmoidal anterior); medialmente, septo nasal (deformidades, perfurações, ulcerações e abaulamentos).
Rinoscopia Posterior
Com a língua relaxada, apoiada no assoalho da boca e assim mantida com auxílio de abaixador de língua, introduz-se o espelho de laringe pequeno, previamente aquecido, em direção à parede posterior da orofaringe até ultrapassar os limites do palato mole. Avaliar as paredes da rinofaringe, as coanas, a cauda da concha inferior, a porção posterior
do septo nasal, o tamanho das tonsilas faríngeas e as tubas auditivas bilateralmente.
Oroscopia
Durante a oroscopia no paciente com obstrução nasal, observar o palato e avaliar características da mordida. Comum palato atrésico (ogival).
Referências Bibliográficas:
PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8a edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.