Outro resumo sobre a semiologia otorrinolaringológica elaborado pela presidente Rebeca Torres (T4).
1. Anamnese
Os dados de identificação são importantes na avaliação clínica dos pacientes. Com relação à idade, cumpre salientar que as faringotonsilites virais correspondem a 75% dos casos de infecção das vias aéreas em crianças menores de 2 anos. Já a mononucleose infecciosa ocorre, em geral, na segunda ou terceira década de vida. A infecção pelo Streptococcus pyogenes beta-hemolítico começa a ser significativa a partir dos 2 ou 3 anos, com maior prevalência entre 5 e 15 anos. Em profissionais que têm contato com crianças em idades pré-escolar, escolar e pré-
adolescente, a incidência de faringotonsilites é maior. Hábitos de vida podem tornar os quadros de faringotonsilites mais frequentes, destacando-se ambientes confinados ou não ventilados, convívio com tabagistas, frequentar escolas e/ou berçários cada vez mais cedo.
2. Sinais e Sintomas
➢ Dor de garganta: a dor espontânea ou à deglutição é encontrada em quase todas as enfermidades da faringe, inflamatórias ou neoplásicas. Com frequência, acompanha-se de dor reflexa nos ouvidos. Pode ocorrer também na neuralgia do glossofaríngeo, associada à dor periauricular;
➢ Dispneia: é sintoma pouco comum nas doenças da faringe. Ocorre na hiperplasia exagerada das amígdalas palatinas, que podem chegar ao ponto de desencadear, da mesma maneira que a hipertrofia das vegetações adenoides, a síndrome de apneia do sono. Os volumosos cistos da face faríngea da epiglote e as neoplasias malignas avançadas da orofaringe também podem provocar dispneia;
➢ Disfagia: é a dificuldade de deglutir, decorrente de processos inflamatórios, neoplásicos e paralíticos do véu palatino e dos músculos constritores da faringe. Pode ocorrer em certos estados emocionais;
➢ Tosse: a hiperplasia amigdaliana pode desencadear tosse reflexa. As secreções oriundas das tonsilas palatinas e aspiradas durante o sono são causas importantes de traqueítes e traqueobronquites “descendentes”, manifestadas por crises de tosse;
➢ Halitose: determinadas tonsilas palatinas podem transformar-se em depósito de detritos alimentares e produtos de descamação do próprio epitélio das tonsilas, dando origem às “massas caseosas” que são pequenas formações esbranquiçadas ou branco-amareladas. Devido a um processo fermentativo, tornam-se fétidas, sendo uma das causas de intenso mau hálito e, por conseguinte, indicação de tonsilectomia.
3. Exame Físico
➢ O exame da faringe deve ser feito em continuidade ao da região bucomaxilofacial, utilizando-se o abaixador de língua;
➢ Solicita-se ao paciente manter a língua dentro da boca, de forma relaxada.➢ Deve-se analisar a orofaringe, as tonsilas palatinas, os arcos palatoglossos e os palatofaríngeos;
➢ Observa-se primeiramente o tamanho da língua e sua relação com o palato mole;
➢ Para sistematização do exame da faringe, pode-se utilizar a classificação de Mallampati, modificada por Friedman:
As tonsilas devem ser avaliadas quanto ao tamanho, simetria, presença de exsudato ou caseum, tamanho das criptas, ulcerações, tumores ou abaulamentos.Para facilitar o registro dos achados clínicos, deve-se utilizar a classificação de Brodsky, que inclui a posição e o tamanho das tonsilas:
Rinofaringe ou Nasofaringe
O exame físico da rinofaringe ou nasofaringe é feito por intermédio da rinoscopia posterior.
Hipofaringe ou Laringofaringe
Para o exame da hipofaringe ou laringofaringe utiliza-se o espelho de Garcia, voltado para a região a ser examinada.
Com o espelho previamente aquecido, o examinador segura a língua do paciente com o auxílio de uma gaze para expor a região da orofaringe, posicionando-se cautelosamente o espelho contra a úvula, voltado para a região da faringe e seios piriformes. Inicialmente avaliam-se a base da língua e as tonsilas linguais, posteriormente a valécula, as pregas glossoepiglóticas e os seios piriformes.
A laringoscopia indireta apresenta limitações tendo em conta as características de pacientes (tanto adultos como crianças). Alguns fatores que dificultam sua realização são: presença de intenso reflexo de náuseas, Mallampati III e IV, queda e forma da epiglote. Nestes casos, deve-se lançar mão de videoendoscopia. Cumpre salientar que a investigação semiológica da faringe deve ser completada pelo exame dos linfonodos da cabeça e do pescoço.
Referências Bibliográficas:
PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8a edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.