Segue outro caso clínico destinado à discussão promovida pelos ligantes, atividade que será realizada em 31/08.
ID: JMN, sexo masculino, 51 anos, casado, natural e procedente de Bauru/SP, caminhoneiro, acompanhado pela esposa.
QPD: Sono durante o dia há dois anos.
HMA: A esposa relata, nos últimos 10 anos, história de roncos contínuos e altos durante o sono, com apneia e agitação que pioram em decúbito dorsal. Os sintomas se intensificaram há dois anos, após relato de ganho ponderal de 12kg. Paciente ainda informa sensação de sono não reparador com sonolência diurna excessiva, já tendo se envolvido em acidente automobilístico.
AP: Obesidade, HAS não controlada, pré-diabetes e hipercolesterolemia (sic). Sem histórico de cirurgias, alergias nem uso de medicações.
AF: Mãe falecida por IAM e pai com AVE.
HAV: Nega tabagismo, consome 3 doses de bebida alcóolica por semana, nega uso de outras drogas. Mora em casa de alvenaria, com saneamento básico, porém, em razão de seu trabalho, dorme a maior parte da semana no caminhão.
IS: NDN.
EF:
BEG, acianótico, anictérico, normocorado, fácies atípica, sem adenopatias cervicais. 18 irpm. 60 bpm. PA 163/95 mmHg. IMC de 36,2 kg/m2 . Circunferência cervical de 45 cm. Ao se realizar a oroscopia, observa-se mallampati modificado IV, tonsilas grau II, úvula alongada e hiperemiada.
Exames de tórax e abdômen normais, pulsos periféricos sem alterações. A escala de sonolência de Epworth (ESS), para este paciente, evidencia 18/24 pontos. Não são observadas alterações no RX de tórax e na espirometria. Os exames de laboratório possibilitam a verificação de glicemia limítrofe, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. A partir do ecocardiograma Doppler transtorácico, encontram-se sinais sugestivos de cardiopatia hipertensiva. As provas de função da tireoide estão dentro dos limites da normalidade (TSH). O paciente é avaliado no ambulatório especializado em medicina do sono e indica-se a realização de polissonografia (PSG) de noite inteira para elucidação diagnóstica.
Evolução:
Após PSG diagnóstica de noite inteira, constatou-se distúrbio respiratório obstrutivo durante o sono de grau grave apresentando IAH de 45 eventos por hora de sono com queda da SpO2 de até 60%, conservando 11% do TTS com SpO2 de menos de 90%. Orientação: medidas de higiene do sono, perda de peso e uso de CPAP com pressão fixa de 13 cmH2O por meio de máscara nasal. A pressão a ser utilizada no aparelho foi determinada por outra PSG visando remissão da hipoxemia. O retorno clínico, quatro meses depois, demonstrou término dos roncos e apneias durante o sono, ESS com redução para 11 pontos, bem como controle adequado da HAS e normalização da glicemia de jejum.