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SEPULTAMENTO 12 – LAPA DO SANTO

SEPULTAMENTO 12 – LAPA DO SANTO

Localização Espacial e Estratigráfica

O Sepultamento 12 foi encontrado na quadra H12. A Figura 8.12.1 mostra os CEQs correspondentes aos níveis que serão discutidos a seguir.  As cotas de abertura da quadra e desses níveis estão na Tabela 1.

O Sepultamento 12 está localizado próximo ao centro da quadra, mas ligeiramente deslocado para o quadrante noroeste da mesma. De acordo com os CEQs, o Sepultamento 12 aparece unicamente no nível 4, cujas cotas máximas e mínimas são, respectivamente, -0,435 e -0,621. Entretanto, no CEQ do nível 5 existe um buraco de dimensões análogas às da cova localizado justamente abaixo desta. Muito provavelmente trata-se do fundo da própria cova e não de um buraco. No CES da primeira exposição, a cota mais elevada é de -0,561 e está associada ao topo de uma tíbia. Esse é exatamente o mesmo valor indicado na FES para o topo do crânio. A cota do fundo da cova está indicada como -0,662 no CES da última exposição. Essas cotas estão de acordo com o indicado pelos CEQs e, além disso, mostram que o buraco do nível 5 de fato é uma extensão da cova.

A estrutura de blocos EB-H12-8 recobria esse sepultamento (ver seção ‘Estruturas de Blocos‘ para maiores detalhes).

Tabela 1. Cotas verticais iniciais (z).
Quadra Nível NW NE SE SW
H12 1 -0,328 -0,287 -0,130 -0,218
H12 2 -0,351 -0,328 -0,160 -0,194
H12 3 -0,548 -0,462 -0,424 -0,462
H12 4 -0,613 -0,503 -0,435 -0,553
H12 5 -0,621 -0,508 -0,443 -0,554

 

Figura 1 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Croquis de escavação da quadra H12. Em vermelho, regiões onde foram encontrados ossos humanos. Em cinza, blocos de calcário.

 

Descrição do Sepultamento

O Sepultamento 12 é composto por um único indivíduo recém-nascido. As Figuras 2 a 11 apresentam as fotos e os CESs de cada exposição. A cova tem 16 centímetros de diâmetro e cerca de 10 centímetros de espessura, apresentando contorno circular bem delimitado. A cova estava consideravelmente preenchida, com poucos espaços vazios entre os ossos. Esses por sua vez, ocupavam toda a extensão da cova e tocavam as paredes dessa em toda sua extensão.

Com exceção do crânio, cujo alto grau de fragmentação impediu qualquer tentativa de remontagem, a maioria dos demais ossos estava muito bem preservada. Praticamente todos os ossos estavam presentes, incluindo os ossos auriculares. Determinar a posição original do enterro é tarefa quase impossível devido à falta de organização anatômica. Ainda assim, a posição de alguns elementos sugere que o indivíduo estava sentado ou de cócoras, com a coluna em posição vertical e a região dorsal do tórax pressionada contra a porção noroeste da cova. Assim, os ossos da bacia encontravam-se próximos ao fundo da cova, as escápulas, próximas ao topo da cova. As vértebras concentravam-se na porção noroeste da cova e, assim como os demais ossos, estavam desarticuladas, com exceção de duas que, de acordo com a FES, estavam articuladas.

Essa concentração das vértebras numa região específica seria o esperado após o desmoronamento de um esqueleto axial enterrado em posição vertical. Além disso, tanto o fato de as costelas menores estarem localizadas acima das costelas maiores como a própria disposição espacial de algumas costelas (vide exposições 2 a 6) são compatíveis com um tórax em posição vertical. Na FES existe uma observação de que a clavícula foi o último osso a ser encontrado, logo abaixo da bacia (os dois ossos estão concrecionados)[1]. Os ossos do crânio encontram-se extremamente fragmentados e dispersos por toda a cova, o que é compatível com um enterro em posição sentada ou de cócoras e posterior ação da gravidade.

Não foram identificadas marcas de corte, queima ou ocre no esqueleto.

Modo de enterramento

A presença de praticamente todos os ossos, incluindo partes tão pequenas quanto as falanges de mão e pé, ossos internos do ouvido e coroas dentárias, sugere que esse sepultamento nunca foi desenterrado. Por outro lado, existe uma completa falta de conexão anatômica entre os ossos, o que poderia indicar algum tipo de manipulação perimortem dos remanescentes ósseos. Entretanto, pelo menos em parte, a desorganização dos ossos poderia ser fruto de processos pós-deposicionais relacionados à decomposição do corpo e à ação da gravidade, especialmente se ele foi de fato enterrado numa posição em que o esqueleto axial ficasse verticalizado como foi sugerido acima. Infelizmente, não parecem existir elementos suficientes para avaliar essa questão.

 

Figura 2 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 1 e seu respectivo croqui.

 

Figura 3 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 2 e seu respectivo croqui.

 

Figura 4 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 3 e seu respectivo croqui.

 

Figura 5 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 4 e seu respectivo croqui.

 

Figura 6 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 5 e seu respectivo croqui.

 

Figura 7 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 6 e seu respectivo croqui.

 

Figura 8 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 7 e seu respectivo croqui.

 

Figura 9 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 8 e seu respectivo croqui.

 

Figura 10 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 9 e seu respectivo croqui.

 

Figura 11 – Lapa do Santo. Sepultamento 12. Foto da exposição 10 e seu respectivo croqui.

[1] Na mesma FES existe uma observação de que a posição dessa clavícula indicaria que este é um enterro em contexto secundário. Entretanto, isso não é necessariamente correto.