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SEPULTAMENTO 13 – LAPA DO SANTO

SEPULTAMENTO 13 – LAPA DO SANTO

Localização Espacial e Estratigráfica

De acordo com a FES, o Sepultamento 13 foi encontrado na fácies 7 da quadra J09. Entretanto, não há nenhum registro desse sepultamento nos CEQs da J09. A partir das fotografias, única fonte disponível para o posicionamento desse sepultamento, é possível inferir que ele se encontrava na região oeste da quadra. A posição vertical também não foi adequadamente registrada. Na FES não há nenhuma referência neste sentido e nos CESs a única cota informada está indicada como “abaixo das vértebras” e é de 0,029. É claro que, na medida em que se encontra abaixo das vértebras, essa cota não pode ser considerada como topo do sepultamento. Essas vértebras têm 3 cm de altura, de maneira que a cota de seu topo seria 0,059. Como as referidas vértebras estão presentes na primeira exposição, a cota inferida do seu topo será utilizada como cota do topo do próprio sepultamento. A cota do fundo do sepultamento também não foi registrada e não há nenhuma indicação de profundidade da cova na FES. Perante essa ausência de informações, não resta outra opção a não ser fazer uma inferência a partir das fotos que sugerem que este sepultamento tenha algo em torno de 15 cm de profundidade. A partir dessa premissa, isto significa que sua cota de fundo seria -0,091.

 

Descrição do enterramento

As Figuras de 1 a 3 apresentam as fotos e os croquis referentes à exumação desse sepultamento. O sepultamento é constituído por um único indivíduo recém-nascido. Apesar de os ossos estarem desordenados dentro da cova, elementos de todas as regiões do esqueleto estavam presentes, inclusive os ossos auriculares (Figura 4). Em sua maioria, os ossos estavam inteiros e bem preservados. A principal exceção é o crânio, do qual foram recuperados apenas as porções petrosas dos temporais e alguns fragmentos do occipital. Apesar do aspecto geral de falta de lógica anatômica entre os ossos, diversos ossos permaneceram em conexão. De acordo com a FES, esses elementos são: arcos vertebrais com o corpo vertebral; corpo vertebral com outros corpos vertebrais; bacia; falanges; tíbia e fíbula esquerda; rádio e ulna (lado indeterminado); fragmentos de crânio; costelas; estribo; úmeros; fêmures. Não foram observadas marcas de corte, queima ou ocre nos ossos.

Modo de enterramento

A presença de tantos elementos em conexão anatômica e a presença de virtualmente todos os ossos, indicam com bastante segurança que o esqueleto nunca foi desenterrado após a decomposição total dos tecidos moles. Resta, entretanto, determinar se a ausência de organização anatômica dos ossos é resultado de processos naturais/antrópicos não intencionais ou resultado da ação intencional dos agentes fúnebres. A ausência de marcas de corte, queima ou ocre favorece a primeira interpretação. Entretanto, tendo-se em vista a preservação excepcional em que os ossos se encontram, é impossível refutar totalmente a hipótese de que a desorganização interna dos ossos seja resultado direto da ação intencional humana. Infelizmente, não parece haver elementos suficientes para determinar se a desorganização interna dos ossos é fruto de processos pós-deposicionais ou não.

 

Figura 1 – Lapa do Santo. Sepultamento 13. Foto da exposição 1 e seu respectivo croqui.

 

Figura 2 – Lapa do Santo. Sepultamento 13. Foto da exposição 2 e seu respectivo croqui.

 

 

Figura 3 – Lapa do Santo. Sepultamento 13. Foto da exposição 3 e seu respectivo croqui.

 

Figura 4 – Lapa do Santo. Sepultamento 13. a) Todos os fragmentos de crânio que foram recuperados; b) Metacarpos e metatarsos (indiferenciados), os três ossos da fileira inferior são os ossículos auriculares; c) acima, ílio com uma falange nele cimentada e, abaixo, quatro corpos vertebrais cimentados em conexão anatômica.