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SEPULTAMENTO 15 – LAPA DO SANTO

SEPULTAMENTO 15 – LAPA DO SANTO

Localização Espacial e Estratigráfica

O Sepultamento 15 foi encontrado na região central do limite entre as quadras I12 e I13. As Figuras 1 e 2 mostram os CEQs correspondentes aos níveis que serão discutidos a seguir.  As cotas de abertura da quadra e destes níveis estão apresentadas na Tabela 1. De acordo com os CEQs ele estava presente desde o nível 2 até o nível 6. Este sepultamento estava recoberto pela estrutura de blocos EB-6 cuja cota do topo era -0,271 (vide seção ‘Estruturas de Blocos‘ para maiores detalhes sobre essa estrutura de blocos). Portanto, essa estrutura estava praticamente aflorando na superfície do sítio, em acordo com o indicado pelos CEQs. A cota mais elevadas associada diretamente à ossos humanos é de -0,519  e a mais rebaixada de -0,715. Estas cotas estão, grosso modo, de acordo com os níveis indicados pelos CEQs e serão consideradas as cotas de topo e base do sepultamento. Portanto, incluindo a estrutura de blocos, o sepultamento tinha uma espessura de cerca de 45 centímetros e, desconsiderando-a, uma espessura de cerca de 20 centímetros.

Tabela 1. Cotas verticais iniciais (z)
Quadra Nível NW NE SE SW
I12 1 -0,287 -0,268 -0,103 -0,130
I12 2 -0,328 -0,295 -0,126 -0,160
I12 3 -0,449 -0,429 -0,360 -0,409
I12 4 -0,570 -0,434 -0,360 -0,445
I12 5 -0,616 -0,490 -0,374 -0,576
I12 6 -0,676 -0,674 -0,539 -0,599
I12 7 -0,723 -0,668 -0,543 -0,635
I13 1 -0,354 -0,314 -0,268 -0,278
I13 2 -0,388 -0,324 -0,294 -0,360
I13 3 -0,498 -0,461 -0,435 -0,473
I13 4 -0,506 -0,488 -0,435 -0,616
I13 5 -0,562 -0,579 -0,551 -0,594
I13 6 -0,720 -0,672 -0,634 -0,676
I13 7 -0,775 -0,684 -0,663 -0,752

 

 

Figura 1 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Croquis de escavação da quadra I12. Em vermelho, regiões onde foram encontrados ossos humanos. Em cinza, os blocos de calcário.

 

 

Figura 2 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Croquis de escavação da quadra I13. Em vermelho, regiões onde foram encontrados ossos humanos. Em cinza, blocos de calcário.

 

Descrição do enterramento

O Sepultamento 15 é constituído pelos ossos de um único masculino com idade estimada entre 35 e 45 anos. As Figuras 3 a 16 apresentam as fotos e os CESs de cada exposição. A cova circular, com cerca de 40 centímetros de diâmetro, estava totalmente preenchida, quase não havendo espaços vazios entre os ossos (Figura 17). Praticamente todos os ossos do esqueleto desse indivíduo estavam presentes, inclusive ossos menores como carpos, tarsos, falanges, hióide e patela. Apesar da aparente falta de lógica anatômica alguns conjuntos expressivos mantiveram-se em conexão anatômica.

No fundo da cova, abaixo de todos os outros ossos, foram encontrados ossos da mão e um fragmento distal da ulna esquerda. A simples presença de ossos de uma mesma região anatômica numa região tão circunscrita já seria suficiente para sugerir que esses estivessem articulados no momento da inumação. Além disso, pelo menos no caso do trapezóide direito com o segundo e o terceiro metacarpo direito e no caso de uma falange distal com uma falange intermediária os ossos estão, de fato, em conexão anatômica. Imediatamente acima desses ossos da mão, havia alguns fragmentos de costela, três ossos de pé (incluindo o 1º cuneiforme esquerdo), a escápula esquerda bastante fragmentada e um conjunto composto pelo coxal direito, coxal esquerdo o sacro e as últimas três vértebras lombares. Os ossos desse conjunto estavam em perfeita conexão anatômica. A terceira vértebra lombar parecia estar pressionada contra aquilo que foi a parede da cova, apresentando a parte anterior de seu corpo fragmentado.

O crânio encontrava-se acima do osso da bacia. Ele estava de lado, apoiado sobre o parietal direito, com a face ligeiramente voltada para o fundo da cova. O crânio estava inteiro, ainda que um pouco deformado (Figura 18). O rádio direito foi encontrado dentro do crânio. Não parece que ele tenha sido intencionalmente colocado nessa posição, mas sim que devido ao espaço limitado da cova acabou “entrando” no crânio através da face.

Os ossos longos estavam localizados em partes distintas da cova. Assim, as duas diáfises do fêmur estavam abaixo do crânio, na altura do coxal direito na parte sudeste da cova. Próximo ao crânio, sobre sua região temporal esquerda, na parte NW da cova, havia um conjunto de ossos longos que estavam próximos e paralelos entre si, orientados no sentido SW-NE. As duas ulnas e um fragmento distal de rádio esquerdo faziam parte desse conjunto de ossos que também incluía costelas. Uma das tíbias estava em posição vertical, com a superfície articular voltada para baixo. Ao lado, a metade distal de um fêmur também encontrava-se em posição vertical, com a superfície articular voltada para baixo. A metade distal do úmero direito também estava verticalizada.

Na porção NE da cova estavam concentrados ossos do pé e também a porção distal de uma das tíbias. Apesar de nenhum desses ossos estarem diretamente em conexão anatômica, a proximidade espacial sugere que no momento do enterro estavam articulados. Na parte superior da cova foi encontrado um conjunto de duas vértebras, um conjunto de quatro vértebras e um conjunto de duas vértebras articuladas. A mandíbula também estava na parte superior da cova.

Apesar de terem sido quase que completamente remontados em laboratório, originalmente os ossos longos encontravam-se muito fragmentados. Ainda que em parte essa fragmentação seja pós-deposicional, existem fraturas indicativas de quebra em osso fresco, mesmo que em alguns casos seja difícil discernir entre elas. A disposição espacial dos ossos também sugere que a quebra ocorreu antes do enterramento, já que fragmentos de um mesmo osso encontram-se em posições distintas da cova. Muitas vezes, a superfície da quebra encontra-se concordante com os limites da cova. Além disso, estão presentes diversas fraturas do tipo oblíqua, do tipo asa de borboleta e fragmentos sigmoidais (Figuras 19 a 27).

O úmero esquerdo apresentava 3 fraturas longitudinais de contorno curvilíneo que transpassavam a diáfise de uma extremidade à outra (Figura 19). Apesar do aspecto geral dessa fratura sugerir fortemente que ela tenha sido feita antes da total perda da plasticidade óssea, seu contorno longitudinal implica que ela não foi decorrência de uma quebra direta do osso, pelo menos não no sentido de diminuir seu comprimento. Alternativamente, uma hipótese é que essas fraturas tenham sido geradas pelo sobrepeso da estrutura de blocos e sedimentos que recobriam a cova.

Já o úmero direito apresentava fraturas oblíquas nas duas extremidades, de maneira que a região da diáfise estava bem preservada. Na extremidade distal a fratura oblíqua secciona o osso em duas partes. Ainda que essa fratura seja consideravelmente simples, em sua extremidade distal ela é interrompida por uma pequena fratura perpendicular a ela, formando a feição indicada na Figura 20c. Na extremidade proximal do úmero esquerdo esta presente uma fratura cujo início é caracteristicamente oblíquo mas que, conforme avança para a epífise, adota contorno longitudinal de maneira que não secciona a diáfise (Figura 20b).

No rádio direito havia duas fraturas localizadas nas faces lateral e medial da região central da diáfise. Cada uma dessas fraturas, por sua vez, era composta por duas fraturas oblíquas e simetricamente opostas entre sí (Figura 21). Na face anterior as duas fraturas principais estavam conectadas através de uma fratura menor, que pro sua vez era composta por duas fraturas transversais e uma fratura longitudinal (Figura 21). O rádio esquerdo estava fraturado no terço distal de sua diáfise. Estão presentes três fraturas oblíquas, que ao se interceptarem geraram um fragmento caracteristicamente espiralado (Figura 22).

O fêmur esquerdo estava fraturado em ambas as extremidades da diáfise (Figura 23). Na extremidade proximal uma única fratura oblíqua seccionava o osso, partindo da face lateral e terminando na medial. Além dessa fratura, estão presentes algumas fraturas escalonadas que devem ter sido geradas após o enterramento. Na extremidade distal, o padrão de fratura é mais complexo, constituindo um retículo formado por fraturas transversais, oblíquas e longitudinais. É possível identificar um aspecto espiralado no conjunto de fraturas como um todo e, também, na presença de um fragmento espiralado, em particular.

O fêmur direito também estava fraturado em ambas as extremidades, apresentando a diáfise muito bem preservada (Figura 24). Na extremidade proximal a diáfise estava separada da epífise for um conjunto de fraturas que levou a formação de dois fragmentos (indicados pelos números 1 e 2 na Figura 24b) que são divididos por uma fratura longitudinal. Na extremidade proximal, existe um conjunto de fraturas helicoidais que terminam de forma abrupta e transversal no limite entre diáfise e epífise (Figura 24c).

A tíbia esquerda estava fraturada em ambas as extremidades de sua diáfise (Figura 8.15.25). Na extremidade proximal havia uma única fratura oblíqua que, conforme se aproximava da epífise, assumia um comportamento longitudinal, de maneira que não acarretou na secção do osso em duas partes independentes (Figura 25b). Na extremidade distal o padrão é mais

complexo, com pelo menos 3 fraturas oblíquas, uma longitudinal e uma transversal. Uma em particular, inicia-se de forma oblíqua e, em seguida, assume um contorno longitudinal que termina de forma abrupta, no limite entre diáfise e epífise, numa fratura transversal. Esse conjunto de fraturas gerou um fragmento que merece destaque, aquele que está indicado pelo número 3 na Figura 25c, já que ele é idêntico a um fragmento identificado na tíbia direita.

O padrão de fraturas presente na tíbia direita é bastante complexo, nem sempre sendo possível determinar quais fraturas foram de fato geradas com o osso ainda verde (Figura 26). É possível determinar a presença de duas fraturas “principais” de contorno curvilíneo que transcorrem longitudinalmente todo o osso, de ponta a ponta. Uma delas encontra-se na face posterior do osso e, a outra, na face medial. A princípio, uma vez que essas fraturas não seccionam o osso, elas podem ter sido geradas após o enterramento, não sendo resultado direto de uma quebra cujo objetivo era fazer os ossos caber na cova. Na extremidade distal do osso, entretanto, é possível observar um padrão de fratura virtualmente idêntico àquele presente na tíbia esquerda. Ou seja, uma fratura que se inicia de forma oblíqua e, em seguida, assume um contorno longitudinal que termina de forma abrupta, no limite entre diáfise e epífise, numa fratura transversal (indicada pelas setas azuis na Figura 26). Associado à essa fratura é possível observar um fragmento cujos contornos é absolutamente idêntico àquele observado na outra tíbia. A presença de feições tão similares sugere que os ossos tenham sido submetidos à um mesmo processo para serem fraturados.

A fíbula direita estava fraturada na porção central de sua diáfise. O elemento “principal” é uma fratura oblíqua que separa a diáfise em duas metades. Essa fratura, por sua vez, é interceptada por duas fraturas transversais que se em encontram em posição simetricamente oposta uma a outra. Junto à margem da fratura oblíqua, justamente entre as duas fraturas transversais, formou-se um fragmento sigmoidal (seta vermelha na Figura 27).

Não foram identificados sinais de queima, corte ou aplicação de ocre nos ossos do Sepultamento 15.

 

Modo do Enterramento

A ausência de lógica anatômica entre os ossos aponta para um sepultamento em contexto secundário. Ainda assim, a presença de alguns ossos em direta conexão anatômica atestam que, pelo menos em algum grau, tecidos moles ainda estavam presentes no momento do enterro. Por outro lado, a proximidade entre os ossos indica que os músculos já haviam desaparecido.

 

Figura 3 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 3a e seu respectivo croqui.

 

Figura 4 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 2 e seu respectivo croqui.

 

Figura 5 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 3a e seu respectivo croqui.

 

Figura 6 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 3b e seu respectivo croqui.

 

Figura 7  – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 4a e seu respectivo croqui.

 

Figura 8 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Croqui da exposição 4b. Foto comprometida por razões técnicas, em seu lugar a foto da exposição 4a foi reproduzida.

 

Figura 9 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 5 e seu respectivo croqui.

 

Figura 10 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 6 e seu respectivo croqui.

 

Figura 11 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 7 e seu respectivo croqui.

 

Figura 12 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 8 e seu respectivo croqui.

 

Figura 13 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 9 e seu respectivo croqui.

 

Figura 14 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 10. Croqui não efetuado.

  

Figura 15 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 11 e seu respectivo croqui.

 

Figura 16 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Foto da exposição 12 e seu respectivo croqui.

 

Figura 17 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Fotos de campo. a) e b) detalhe para a posição do crânio; c) a própria disposição dos ossos indicava os limites da cova; d) detalhe para a posição da “placa” de calcário localizada junto ao crânio; e) e f) a cova esta totalmente preenchida não havendo espaço vazios entre os ossos; g) alguns ossos longos pareçam estar alinhados numa mesma orientação; h) abaixo de todos os ossos foram encontrados ossos de mão em posição anatômica entre si.

Figura 18 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Vista do crânio em norma frontal, posterior, lateral direita, lateral esquerda, superior e inferior.

 

Figura 19 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Úmero esquerdo. a) vistas anterior e lateral; b) vistas posterior e medial. A epífise distal estava separada do úmero, tendo sido apoiada em plastilina para a realização das fotos, entretanto, nas posições medial e lateral não foi possível realizar esse procedimento e, por isso, a epífise distal não aparece nessas vistas. Esse osso apresentava três fraturas longitudinais de contorno curvilíneo que transpassavam a diáfise de uma extremidade à outra (setas cinzas, vermelhas e azuis em “c”, “d” e “e”). A fratura indicada pelas setas cinzas tinha início na face medial da extremidade proximal e terminava na face anterior da extremidade distal. A fratura indicada pela seta vermelha tinha início na face lateral da extremidade proximal e terminava na face anterior da extremidade distal, juntando-se a fratura indicada pelas setas cinzas. A fratura indicada pelas setas azuis tinha início na face posterior da extremidade distal e terminava na face posterior da extremidade distal. Além dessas fratura que transpassam toda a diáfise, na metade proximal desta havia uma outra fratura longitudinal (indicada pelas setas pretas) que tem início na face Antero-medial da extremidade proximal e que, no meio da diáfise, se junta a fratura indica pelas setas cinzas.

 

Figura 20 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Úmero direito. O osso estava fraturado nas duas extremidades das epífises. b) Na extremidade proximal havia uma fratura cujo início é caracteristicamente oblíqua mas ao invés de seccionar a diáfise ela torna-se longitudinal e prossegue até a epífise proximal (setas cinzas). Na face posterior a conjunção de três fraturas espiraladas gerou um fragmento espiralado (seta vermelha). c) Na extremidade distal há uma fratura oblíqua (setas pretas) cujo seu término, junto à epífise, muda de orientação formando a feição mostrada no detalhe.

 

Figura 21 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Rádio direito. a) vista posterior da região central da diáfise; b) vista anterior da região central da diáfise. Havia duas fraturas localizadas nas faces lateral e medial da diáfise que eram compostas, cada uma, por duas fraturas oblíquas e simetricamente opostas. Entretanto, no caso da que se localizava na face medial (seta vermelha) a metade posterior da fratura estava ausente (reparar como não é possível observá-la na vista posterior), em seu lugar havia duas fraturas oblíquas (seta azul). Na face anterior as duas fraturas principais estavam conectadas através de uma fratura menor, composta por duas fraturas transversais e uma fraturas longitudinal (indicada pelas setas verdes em “c”).

 

Figura 22 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Rádio esquerdo. O osso estava fratura no terço distal de sua diáfise. Trata-se de uma fratura oblíqua mas que não é única, sendo composta por pelo menos duas fraturas independentes (setas pretas). Além dessa fratura, mas como parte dela, há um conjunto de fraturas helicoidais que gerou o fragmento espiralado que está indicado pela seta vermelha.

 

Figura 23 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Fêmur esquerdo. a) Vistas anterior, lateral, posterior e medial; b), c), Vistas anterior e lateral da extremidade proximal. Uma única fratura oblíqua seccionava o osso, partindo da face lateral e terminando na medial. Além dessa fratura, estão presentes algumas fraturas escalonadas que devem ter sido geradas após o enterramento (seta preta); d), e), f) vistas anterior, lateral e medial. O padrão de fratura é mais complexo, com um retículo formado por fraturas transversais, oblíquas e longitudinais. É possível identificar um aspecto espiralado no conjunto como um todo e também na presença de um fragmento espiralado, em particular.

 

Figura 24 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Fêmur direito. a) vistas anterior, lateral, posterior e medial. b) vistas posterior, medial, anterior e lateral da extremidade proximal. A diáfise e a epífise estão separadas por dois fragmentos que estão divididos por uma fratura longitudinal; c) vistas posterior, medial, anterior e lateral da extremidade distal. O conjunto de fraturas que está presente na extremidade distal apresenta um nítido componente helicoidal, que se expressa nitidamente nesses dois fragmentos.

 

Figura 25 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Tíbia esquerda. a) vistas anterior, lateral, posterior e medial; b) vistas lateral, posterior e medial da extremidade proximal. A fratura oblíqua assume um comportamento longitudinal conforme aproximasse da diáfise, de maneira que não acarreta na secção do osso; c) vistas postero-lateral, antero-lateral, anterior e medial da extremidade distal. Diversas fraturas oblíquas se interceptam formando diversos fragmentos, dentre esses o de número 3 merece destaque por ser idêntico ao observado na tíbia direita.

 

Figura 26 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Tíbia direita. A) vistas anterior, lateral, posterior e medial; b) vista lateral do terço proximal da diáfise; c) vista postero-lateral do terço central da diáfise; d) vista posterior do terço distal da diáfise; e), f), g) vista medial dos terços proximal, central e distal da diáfise; h) vista lateral do terço distal da diáfise. O padrão de fratura é bastante complexo, nem sempre sendo possível determinar quais fraturas foram de fato geradas com o osso ainda verde. Existem, entretanto, duas fraturas principais de contorno curvilíneo que transcorrem longitudinalmente todo o osso, de ponta a ponta. Uma delas, indicada pelas setas pretas, encontra-se na face posterior do osso, e a outra, indicada pelas setas vermelhas, na face medial. Na face lateral da extremidade distal há uma fratura que se inicia de forma oblíqua e, em seguida, assume um contorno longitudinal que termina de forma abrupta numa fratura transversal (setas azuis). Não há, portanto, nenhuma fratura em particular que seccione a diáfise em duas partes independentes.

 

Figura 27 – Lapa do Santo. Sepultamento 15. Fíbula direita. De cima para baixo vistas medial, posterior, lateral e anterior. A extremidade distal do osso encontra-se à direita. As setas pretas indicam a fratura oblíqua responsável pela separação da diáfise em duas partes. As setas azuis e verdes indicam as fraturas transversais que estão presentes em posições simetricamente opostas, uma em cada uma das metades da diáfise. A seta vermelha indica o fragmento com forma sigmoidal, formado justamente no meio do percurso da fratura oblíqua.