Teoria da Dissonância Cognitiva aplicada ao Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento: Um processo de migração modal.
Entender o processo de escolha modal é fundamental para o planejamento das infraestruturas do sistema de transportes urbanos. A fim de compreender esse fenômeno, o projeto de pesquisa em desenvolvimento tem por objetivo analisar os fatores que afetam o processo de escolha modal a partir da integração entre a Teoria da Dissonância Cognitiva (TDC) e o Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento (MTMC). A principal justificativa é que o MTMC permite a segmentação da população em diferentes classes de comportamento quanto ao uso dos modos de transporte urbanos, conforme os estágios de mudança de comportamento, facilitando o desenvolvimento de políticas públicas ou ações de empresas privadas específicas a cada segmento.
O principal construto da MTMC afirma que a adoção de um novo comportamento por parte de um indivíduo passa pela progressão/regressão de diferentes estágios de mudança (ver Figura abaixo). É possível notar que o processo se dá tanto por mudanças cognitivas (Estágios 1 a 3; Estágios 4-5), quanto pela mudança de comportamento (Estágios 3-4).
Embora pesquisas recentes tenham aplicado esse modelo na área de escolha modal, ainda não se sabe exatamente quais fatores afetam a progressão e regressão entre os estágios de comportamento. Há duas principais causas para isso. Primeiro, o MTMC é normalmente combinado com outras teorias complementares ao seu funcionamento. Entretanto, aplicações têm usualmente utilizado teorias que consideram a existência de uma relação uni-direcional entre atitudes (cognição) e comportamento (série de escolhas).
Estudos recentes têm apresentado que, na verdade, essa relação é bi-direcional, isto é, as atitudes também influenciam o comportamento. Por exemplo, indivíduos deixam de utilizar um modo mais eficiente, como a bicicleta, devido à falta de status social desse modo.
A Teoria da Dissonância Cognitiva, portanto, permite que essa relação bi-direcional seja considerada quando da modelagem a partir do conceito de inconsistência cognitiva. Indivíduos procuram sempre estar consonantes consigo mesmos. A existência de uma inconsistência cognitiva, isto é, uma diferença entre atitudes e comportamento, pode gerar um desconforto psicológico, que funciona como um gatilho para que o indivíduo mude de atitude ou comportamento a fim de voltar ao seu estado de consonância original (ver Figura abaixo)
A tradução desse processo para o fenômeno da escolha modal se deve ao fato de indivíduos que possuem atitudes positivas quanto à bicicleta, por exemplo, atualmente utilizam o transporte público e/ou o automóvel em suas viagens cotidianas. Essa inconsistência pode levar o indivíduo a um elevado nível de desconforto psicológico, tal que ele passe a utilizar a bicicleta ou adapte suas atitudes quanto à bicicleta a fim de se tornar consonante consisgo mesmo.
Portanto, a hipótese da pesquisa se resume à seguinte afirmação:
H1: Diante de um estado de dissonância, quanto maior a magnitude inconsistência cognitiva entre as atitudes e o comportamento relativo ao uso diferentes modos de transporte, maior a probabilidade de o indivíduo progredir ou regredir entre os estágios de comportamento.
O segundo problema da aplicação do MTMC é a falta de dados longitudinais sobre as escolhas dos indivíduos, de modo que não se sabe como as variáveis explanatórias mudam ao longo do tempo para cada pessoa.
Portanto, o método da pesquisa envolve a coleta de dados longitudinais. Serão coletados dados primários de pessoas que trabalham e residem na cidade de São Paulo em 3 momentos, com intervalos de 7 meses entre cada coleta.
Para participar da pesquisa, leia o QR Code ou acessse pelo link abaixo. Contamos com sua contribuição!