Por: Maély Ignácio e Mariana Martins
Câncer de Mama e Climatério: Entenda a Relação e a Importância do Estilo de Vida
No mês de Outubro, conhecido como “Outubro Rosa”, muita atenção é voltada para a conscientização e prevenção do câncer de mama.
Neste contexto, tivemos a honra de conversar com o Dr. Carlos Alberto Ruiz, médico ginecologista e obstetra, mastologista e coordenador do Setor de Mastologia da Divisão de Ginecologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, sobre a relação entre o câncer de mama e o climatério, bem como o impacto do estilo de vida na prevenção e recuperação da doença.
O Câncer de Mama e os Hormônios
O Dr. Carlos Ruiz explicou que o desenvolvimento da mama começa muito cedo, a partir da quarta semana de vida intrauterina, e é influenciado pelos hormônios maternos. Tanto recém-nascidos do sexo masculino quanto do feminino nascem com o chamado “botão mamário”, que se desenvolve sob a influência dos hormônios. O desenvolvimento mamário produz a unidade ducto lobular terminal, onde ocorrem processos benignos e malignos.
O câncer de mama, portanto, é hormonalmente dependente e se desenvolve em resposta à ação dos hormônios estrogênio e progesterona. Assim, qualquer coisa que afete a mama durante o desenvolvimento, desde a infância até o amadurecimento, pode aumentar ou diminuir o risco de câncer de mama. O uso de terapia hormonal por via oral, em estudos antigos, tiveram resultados de aumento do número de casos absolutos de neoplasia de mama.
Terapia Hormonal no Climatério
Durante o climatério, a função dos ovários diminui, levando à redução na produção de hormônios. Isso pode resultar em sintomas desconfortáveis, como ondas de calor, insônia e alterações de humor. Algumas mulheres recorrem à reposição hormonal para aliviar esses sintomas. O uso de terapia hormonal combinada por via oral ou transdérmica devem ter critérios de uso individual, bem como devem seguir as indicações clínicas, e seu uso está contraindicado nos casos de câncer de mama em tratamento.
Impacto do Estilo de Vida na Prevenção
O peso e o estilo de vida desempenham um papel crucial na prevenção do câncer de mama, especialmente na pós-menopausa. As mulheres que ganham peso nessa fase apresentam risco aumentado, que pode chegar até 30%, de desenvolver câncer de mama. Além disso, as pacientes que já tiveram câncer de mama e mantêm um estilo de vida saudável, incluindo uma alimentação adequada e exercícios, têm uma menor chance de recidiva da doença.
Para aquelas que já enfrentaram o câncer de mama, a mudança no estilo de vida pode influenciar na recidiva e na qualidade de vida. Exercícios físicos e uma dieta equilibrada são fundamentais, pois a perda de peso e a manutenção do peso adequado reduzem o risco de metástase e recidiva. O exercício físico também ajuda a preservar a massa muscular, combatendo a sarcopenia, uma condição comum após os 50 anos.
Em resumo, o câncer de mama está intimamente ligado aos hormônios, o que torna a terapia hormonal uma consideração delicada, principalmente para as mulheres com diagnóstico e em tratamento, sendo nestes casos contraindicados. Além disso, o estilo de vida desempenha um papel fundamental na prevenção e no pós-tratamento do câncer de mama. É importante que as mulheres sejam conscientes não apenas sobre suas mamas, mas também sobre sua saúde como um todo, buscando uma abordagem holística para a qualidade de vida.
Neste Outubro Rosa, lembramos a importância da prevenção e da manutenção de um estilo de vida saudável. Cuide de si mesma e da sua saúde, pois a prevenção é sempre o melhor caminho.
Para saber mais sobre o tema, ouça o novo episódio do nosso podcast:
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