ESTETROL: O NOVO ESTROGÊNIO

Entrevista com Jean-Michael Foidart

O estrogênio é um dos principais hormônios sexuais femininos e é responsável pelo amadurecimento do corpo, com estímulo para as formas curvilíneas e o crescimento das mamas; pelo preparo do corpo da mulher para uma gestação; pela manutenção dos ossos e bom funcionamento do coração, entre outros. Na transição para menopausa e pós-menopausa, entretanto, há uma diminuição progressiva da produção desse hormônio no organismo (ovários), sendo os principais sintomas os fogachos (ondas de calor), alterações do sono e do humor, secura vaginal e outros sintomas urogenitais e sexuais. Para buscar aliviar esses sintomas, além do incentivo de hábitos de vida saudáveis, há a terapia hormonal, com uso de estrogênio (isolado para mulheres sem útero) e combinado com progestagênio (nas composições) sendo outro hormônio sexual feminino. Uma das indicações clássicas do uso de terapia hormonal é a presença de sintomas moderados a intensos que prejudicam as atividades de vida diária das pacientes, além da síndrome geniturinária do climatério (ouça nosso podcast no spotify Menopausando USP | Podcast on Spotify). Contudo, há contraindicações ou mulheres que não podem usar terapêutica hormonal, como as mulheres com doenças cardiovasculares prévias ou ativa, trombose prévia/familiar e câncer de mama em tratamento. Mas, estudos recentes demonstram que um novo estrogênio, o Estetrol, além de ser eficaz, terá propriedades bioquímicas diferentes. 

O Estetrol está presente na gestação de seres humanos, não sendo encontrado em nenhuma outra espécie sendo sintetizado apenas pelo fígado fetal.  Os estrogênios agem na ativação de genes responsáveis pela proliferação de células, entretanto, o estetrol consegue agir diretamente no bloqueio do efeito de alguns desses genes, sendo aqueles que apresentam uma ação muito fraca na estimulação da proliferação das células. O Professor Jean-Michael Foidart, médico e pesquisador belga, professor honorário e co-diretor do Laboratório de Tumores e Desenvolvimento Biológico da Universidade de Liège, Bélgica,  explica que a metabolização dos estrogênios no organismo é feita de maneiras diferentes. Estetrol, é absorvido no trato intestinal, entra na circulação sanguínea até chegar ao fígado para ser finalmente metabolizado.

O Estetrol, todavia, não é metabolizado por nenhuma das enzimas do fígado responsáveis pelas ações de interação medicamentosa, ou seja, ao tomar outros medicamentos que afetam essas enzimas, o Estetrol é pouco impactado e permanece com a mesma eficácia.

A boa notícia é que o Estetrol virá em breve para o Brasil. Segundo o Professor Foidart explana, na composição de pílula contraceptiva, o Estetrol será mais um estrogênio utilizado para anticoncepção combinada (pílulas que contém estrogênio e progestagênio em sua composição). Ainda, segundo o pesquisador, o Estetrol possui uma vida útil muito mais prolongada do que os outros estrogênios, o que permite que os tecidos continuem expostos à quantidade significativa da molécula muito tempo após ter tomado pílulas anticoncepcionais. O estetrol na anticoncepção virá em combinação com um progestagênio já utilizado e conhecido, que será a combinação da pílula anticoncepcional Estetrol-Drospirenona. 

Para saber mais sobre o assunto, assista à entrevista completa feita com o Professor Foidart no nosso novo canal do youtube: Menopausando USP – YouTube

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