SAÚDE BUCAL DA MULHER NO CLIMATÉRIO

Entrevista com Dra. Silvia Vanessa Lourenço

Por: Maély Ignácio e Mariana Martins

A boca ou cavidade oral é um órgão complexo, com várias estruturas anatômicas e funções fisiológicas múltiplas, desde a ingestão e mastigação de alimentos até o beijo. Sendo assim, a boca reflete a individualidade e é um órgão muito sensível ao longo da vida, desde a infância até a velhice. Na menopausa, as mulheres passam por mudanças biológicas e endócrinas, ocorrendo, especialmente, uma queda na produção de hormônios esteróides sexuais, como o estrógeno, também chamado de estrogênio, que está relacionado com a saúde bucal. O desconforto oral, que inclui “boca seca” e “ardência na boca”, pode ser um dos sintomas climatéricos das mulheres nesse período. Entretanto, raramente esse sintoma é associado às mudanças hormonais que ocorrem nessa fase da vida.

Segundo a Profa. Dra. Silvia Vanessa Lourenço, professora associada da Disciplina de Patologia Geral da Faculdade de Odontologia da USP e coordenadora do Grupo Salivando, a produção de saliva é afetada durante a menopausa, mas ainda é um assunto pouco estudado. Atualmente, o que se sabe é que a mucosa oral e as glândulas salivares contém receptores de estrogênio e, portanto, variações dos níveis hormonais afetam diretamente a cavidade oral. No climatério, é esperado uma redução fisiológica da saliva, então, o risco de doenças dentárias e mucosas orais aumentam quando as funções defensivas e lubrificantes da saliva são reduzidas. Devido à natureza sensível da cavidade oral, as sensações inespecíficas e desagradáveis na boca causam ansiedade nas mulheres, o que, por sua vez, pode reduzir ainda mais a secreção salivar, por mecanismos que envolvem o sistema nervoso, seguindo um ciclo vicioso. 

Em relação ao sintoma “boca seca”, é orientado beber pelo menos 1,5 L/dia, além de cuidados dentários preventivos, como o controle da ingestão de carboidratos fermentáveis e manutenção de uma boa higiene oral. Para “ardência na boca”, é importante consultar um profissional dentista para diagnóstico diferencial de candidíase oral e outras doenças mucosas. Em caso negativo, géis e pomadas bucais receitas por um profissional da saúde podem ajudar.

Ademais, buscando suprir a escassez de informações sobre o assunto, o Grupo de Pesquisa Salivando, coordenado pela Profa. Dra. Silvia busca entender como as glândulas salivares se desenvolvem, envelhecem, ficam doentes, como aparecem tumores e como elas interferem na produção da saliva e também na saúde da cavidade oral. O Grupo é sediado na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e é formado por pesquisadores da odontologia e de várias outras áreas, como da Faculdade de Medicina, Instituto de Química, Instituto de Biologia e do Instituto de Ciências Biomédicas.

Para saber mais, ouça o nosso novo episódio sobre o tema no Spotify: https://open.spotify.com/episode/3iVG7fQq5FBS5dudsFNTIF?si=NtZm7kq5SKCjYrS8SyIdhg 

Referências:

Jukka H. Meurman, Laura Tarkkila, Aila Tiitinen; “The menopause and oral health”

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