A Fila de Murilo Rubião e a crítica à burocracia e ao racismo
Raimundo Paiva da Nóbrega
A Fila, de Murilo Rubião, aborda a absurda burocracia, o racismo e as desigualdades entre a vida no campo e na cidade, com um toque de literatura fantástica.
Da obra
A Fila, conto de autoria de Murilo Rubião, publicado em 1974, pertence ao gênero fantástico. A narrativa versa sobre um camponês chamado Pererico, que se dirige à cidade com a missão de fazer uma reunião com o gerente de uma fábrica para relatar uma mensagem sigilosa confiada por um terceiro, e tem a expectativa de uma breve estadia na capital.
Recebido na fábrica por um porteiro negro chamado Damião, que lhe entrega senhas diariamente, Pererico enfrenta, durante meses, intermináveis filas, com o objetivo de conseguir a reunião.
Sem recursos para permanência tão longa, chega a passar fome, sendo ajudado com casa e comida por uma mulher chamada Galimene, que conhece na própria fábrica.
O insólito, inusitado, é a situação narrada, na qual, além da absurda burocracia que atinge diretamente as pessoas mais simples como um camponês, são abordadas também outras questões como o racismo e as diferenças da vida na cidade e no campo.
Após permanecer em torno de seis meses na capital, Pererico retorna ao campo sem conseguir relatar a mensagem que trazia, pois não conseguiu fazer a reunião.