NAI-FEUSP: Monitoria Integrada de estágio como dispositivo da formação inicial e continuada de professores em Escolas Públicas – Território, Intersetorialidade e Participação em novas formas escolares. 

PLANO DE AÇÃO

 

Bolsistas pleiteados: 8

Pretende-se a diversificação de disciplinas e a ampliação de estagiários atendidos, o que implica, face ao número de escolas envolvidas (33), que cada monitor possa se relacionar a um mínimo de 4 escolas.

Justificativa  da proposta

Este projeto vincula-se à formação inicial e continuada de professores e professoras realizada pela articulação do Núcleo de Avaliação Institucional (NAI-FEUSP) com escolas públicas, licenciandos da FEUSP mediada por monitores do PFP. Tendo iniciado a parceria com o PFP com seis escolas, em 2016, o NAI-FEUSP manteve em 2022, mesmo com as dificuldades do retorno pós pandemia, uma Rede constituída por 33 escolas públicas situadas na Grande São Paulo.  A pretensão de uma formação triangulada por estagiários, escolas e universidade  é desafiante, tal como indicam outras experiências em curso (FREITAS, 2012 e NÓVOA, 2017).

O estágio tem centralidade neste projeto. Para que ele ocorra com qualidade, o NAI entende que deve ser acompanhado e ter acolhimento tanto dos profissionais da escola que o promove; como de estudantes de pós-graduação que, ao mesmo tempo, se formam como futuros docentes e colaboram na formação de licenciandos. Essa articulação é um dos componentes desta proposta. Ela é construída pela ação da coordenação do NAI,  dos monitores e dos estagiários, processo que envolve o ensino, a extensão e a pesquisa, como será apontado. 

O NAI-FEUSP tem como objetivos: 

(1) o estudo de práticas e de  formas escolares que  contribuam para a  qualidade social da escola pública; 

(2) o apoio e fomento à autonomia e  identidade da escola pública na elaboração e execução de seu Projeto Político Pedagógico (PPP) (AZANHA, 2000); 

(3) o apoio teórico e prático (ferramentas e dispositivos) às escolas para a elaboração curricular integrada a processos de transformação do território escolar (PRCEU/USP, 2017), acompanhada por processos de avaliação institucional, que resultem na revisão permanente de seu Projeto.

A proposta é atuar considerando um sentido da transformação: a escola como sujeito social e a autonomia – inerente a essa condição – dos sujeitos escolares (estudantes, professores e comunidade), vivendo de forma distinta em realidades diferentes. Nesse sentido, uma proposta de formação fundamentada em chaves como o espaço e o cotidiano (LEFEBVRE, 2006) ou o território (SANTOS, 2003) permite a construção de uma proposta baseada na avaliação institucional produtora de sentido (ARDOINO&BERGER, 1986).

Propõe-se contribuir com a escola na elaboração de um currículo que supere o nivelamento raso, baseado no que é externamente definido como comum, com rupturas da padronização e da homogeneização indevida (GABRIEL, 2019).

A produção de uma agenda entre a Universidade – professores, licenciandos e monitores – e escolas públicas é central para o NAI e passa a ser parte da formação. Os monitores e licenciandos são convidados a se constituir em grupos, que se relacionam por escola, retomando uma esquecida prática universitária, baseada na formação de coletivos de interesse e de atuação conjunta.

No curto espaço de tempo em que se estrutura o PFP (10 meses), retomamos o trabalho deixado pelos estagiários e monitores do ano anterior e avançamos a partir do escopo de estágio das disciplinas da FEUSP. É importante mencionar que, além disso, por sua inserção no território, o NAI-FEUSP integrou dois projetos junto à FSP/USP e EE/USP (2020, 2021 e 2022). E que, dessa ação, resultou o fortalecimento de áreas abarcadas por esses projetos, configuradas como polos, trabalhado na disciplina PRG0021 “Educação, saúde e assistência social: redes complementares na proteção social básica”, que terá sua edição no segundo semestre de 2023. O NAI-FEUSP tem se voltado para estudar e apoiar a formação de redes de proteção social, trabalhando como os profissionais de outras unidades da USP e com as escolas, na chave do território, da intersetorialidade e da participação. Por isso, todos são convidados a participar dessa ação, especialmente na disciplina  PRG 0021, envolvendo três unidades da USP (FEUSP, FSPUSP e EEUSP) e contando com a participação de uma professora e estudantes do curso de serviço social da PUC.

Cabe destacar que três estudantes de pós-graduação, sendo duas mestrandas da FEUSP e diretoras das escolas parceiras e um doutorando da FSP, voltaram suas pesquisas para as temáticas que vêm sendo estudadas pelo NAI-FEUSP. O campo desses projetos fortalece e é fortalecido pelas ações de monitores e licenciandos nos estágios. 

Com as escolas, comunidades e pesquisadores/as,

“queremos cidades com serviços eficientes (…) que melhorem o transporte, a saúde, a moradia, a educação etc. Mas a grande questão é como evitar que nossas cidades sejam máquinas de precarizar trabalhadores, beneficiando apenas interesses privados (…) o controle sobre tecnologias, dados e infraestruturas é imprescindível para a gestão cooperativa da cidade inteligente do futuro – democrática e inclusiva.” (BRIA e MOROZOV, contracapa, 2019).

Os relatórios de monitores de anos anteriores indicam que o esforço é válido e a qualidade da aprendizagem é significativamente maior na trama formativa proposta, como no exemplo abaixo:

“Paulo Freire, expressa em suas palavras a identidade do NAI e o compromisso do núcleo com a educação pública de qualidade, crítica e transgressora (…) Aqui está a diferença, a identidade e o encontro do NAI com a ética freireana – o exercício do diálogo no seu mais alto tom, sem hierarquias, sem transmissão, reconhecendo e exercendo o encontro dos sujeitos interlocutores nesse processo educativo e dialógico. Dessa forma, o NAI me mostra que o caminho para uma educação humanista e emancipatória se faz em construção (…)o chão da escola tem muito a nos ensinar e o NAI está aberto a aprender e a dialogar!”   (SENE,2022)

Objetivos

Pretende-se que os monitores se reconheçam, se formem e se envolvam enquanto:

  1. Integrantes propositivos das ações do NAI-FEUSP;
  2. Um grupo apto e organizado para atuar junto aos estagiários de várias disciplinas, tendo como foco principal a disciplina POEB;
  3. Participantes de situações colaborativas, próprias à democracia e à participação, aprofundando o significado teórico e prático desses conceitos na definição da avaliação institucional;
  4. Interessados, junto aos estagiários e às escolas, na disseminação dos resultados do Projetos de Pesquisa CAEG e Aprender na Comunidade (KRUPPA, 2020 e 2021), de forma a iniciar uma rede de proteção social e/ou fortalecer, onde ela já estiver em curso, contribuindo para atuação matricial de equipamentos de diferentes políticas sociais situadas em mesmo território;
  5. Participantes nas ações de mapeamento colaborativo, valendo-se das ferramentas trazidas pelo Portal CulturaEduca (FEUSP e LIDAS, 2017), contribuindo para a discussão do uso de dados a favor da população;
  6. Participantes ativos dos processos com os estagiários, estudando de forma crítica as políticas públicas relacionadas à educação.

Disciplinas

1º semestre

2º semestre

  • Política e Organização da Educação Básica no Brasil (EDA0463 e EDA1221);
  • Coordenação do Trabalho na escola (EDA0325);
  • Metodologias de Ensino (diversas disciplinas).
  • Política e Organização da Educação Básica no Brasil (EDA0463);
  • Educação, Saúde e Assistência Social: Redes Complementares na Proteção Social Básica (PRG0021);
  • Metodologias de Ensino (diversas disciplinas)

Procedimentos:

  1. Divulgação do projeto junto a pós-graduandos da Faculdade de Educação, Instituto de Psicologia e Faculdade de Saúde Pública e posterior seleção de monitores.
  2. Formação contínua dos monitores, cuidando de seu entrosamento com os estagiários e escolas.
  3. Apresentação e sensibilização de estudantes e professores da Feusp, realizadas por escolas da REDE-NAI, em rodas de conversa programadas para ocorrer no horário inicial dos períodos vespertino e noturno, na primeira semana de aula.
  4. Inscrição e organização dos estagiários por proximidade a escolas da Rede NAI, a partir do mapeamento de suas residências (ferramentas de mapeamento desenvolvidas pelo Instituto Lidas).
  5. Planejamento conjunto das ações de estágio.

Resultados esperados 

Oito monitores em processo de formação no atendimento de, no mínimo, 160 estagiários por semestre, em atividades que contribuam positivamente com a qualidade social das escolas públicas envolvidas.

Referências

ARDOINO, Jacques; BERGER, Guy. L’évaluation comme interprétation. Tradução: Manuela Terrasêca. Pour, n. 107, Jun-Agos, 1986, p. 120‐127.

AZANHA, José Pires. Proposta pedagógica e autonomia da escola. In A escola de cara nova. Planejamento. São Paulo: SE/CENP, 2000. p. 18-24.

BERGER, Guy; TERRASECA, Manuela. Políticas e Práticas de avaliação Algumas reflexões.  Educação, Sociedade & Culturas, n. 33, 2011, p. 7-16.

BRIA, F.; MOROZOV, E. A cidade inteligente: tecnologias urbanas e democracia. São Paulo: Ubu Editora, 2019.

FREITAS, Luiz Carlos de; SORDI, Mara Regina Lemes de; FREITAS, Helena Costa Lopes de; MALAVAZI, Maria Márcia Sigrist. Avaliação Educacional. Caminhando pela contramão. 4ª ed., Petrópolis: Editora Vozes, 2012. 86p

GABRIEL, Carmen Teresa. Currículo e construção de um comum: articulações insurgentes em uma política institucional de formação docente. Revista e-Curriculum, São Paulo, v.17, n.4, p. 1545-1565out./dez. 2019.

KRUPPA, Sonia M.P. et al. Escolas Públicas e Universidade “dentro e além dos muros”: Educação e Saúde no Território Escolar. Projeto aprovado junto ao Edital Aprender na Comunidade 02/2020 – Pró-Reitoria de Graduação/USP, 2020. 

KRUPPA, Sonia M.P. et al. Inovação e políticas sociais: integração de conhecimentos na formação interdisciplinar no território. Projeto aprovado junto ao EDITAL PRG – CAEG /USP, janeiro/2021

LEFEBVRE, Henri. A produção do espaço. Trad. Doralice Barros Pereira e Sérgio Martins (do original: La production de l’espace. 4e éd. Paris: Éditions Anthropos, 2000). Primeira versão : início – fev.2006

NÓVOA, António. Um novo modelo institucional para a formação de professores na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Relatório final da missão de trabalho junto a UFRJ, 2017.

MUSUMECI, Leonardo Rafael. Cidades inteligentes vistas do lado de cá: território, intersetorialidade e participação no planejamento local de políticas públicas. Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para Exame de Qualificação, março de 2022.

PRCEU/USP Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a USP, no interesse da Faculdade de Educação  e o Instituto Lidas, 2017.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2003.

SENE, Vinícius França de. Relatório Semestral ao PFP , 2022- 2º Semestre.

 

 

PLANO DE TRABALHO

 

A seguir, descreve-se as atividades a serem desenvolvidas pelos pós-graduandos, tanto no primeiro semestre quanto no segundo semestre.

Como os bolsistas monitores devem atender aos licenciandos, em primeiro lugar, apresentamos a proposta para estes e, em seguida, descrevemos as atividades dos bolsistas monitores.

As horas de estágio dividem-se em dois tipos de atividades: obrigatórias a serem realizadas por todos os estudantes e partilhadas (planejamento das equipes.)Todos os estudantes deverão ter contato presencial na escola, segundo as orientações dos/as professores/as responsáveis pelas disciplinas e por aquelas seguidas pelo NAI-FEUSP, conforme o Plano de Ação da proposta.

 

Lista de Ações a serem realizadas durante cada semestre pelos licenciandos-estagiários: 

  • Com outros estagiários da mesma escola, planejamento das ações e a divisão de algumas tarefas comuns.
  • Participação em encontros com escolas da Rede NAI-FEUSP e produção de material em diferentes linguagens. 
  • Uma visita em grupo à escola onde será realizado o estágio, acompanhada de forma presencial e/ou a distância pelo monitor-bolsista responsável da mesma, antecedida de leitura obrigatória do PPP e de pesquisa na Plataforma CulturaEduca
  • Preparação para execução do procedimento de pesquisa/observação/atividades proposto em cada semestre pelo professor/a responsável pela disciplina.
  • Execução das atividades propostas em cada semestre pelas disciplinas (estágios presenciais na escola escolhida). 
  • Transcrição/organização e sistematização do material coletado – Produção do Relatório 
  • Participação no plantão dos bolsistas-monitores.
  • Participação na devolutiva da pesquisa às turmas de sala de aula e à escola

Em decorrência se organizam as ações/20horas semanais a serem cumpridas pelos bolsistas- monitores:

 

Ações semanais no 1º e 2° semestres dos monitores-bolsistas com carga horária.

  • Atividades de Formação do bolsista: grupo de estudo sobre conteúdos e metodologia da pesquisa-ação a ser implementada, participação em determinadas aulas da disciplina ministrada pela professora coordenadora – 4 horas
  • Planejamento das ações a serem realizadas junto aos licenciandos-estagiários e escolas – 4 horas
  • Encontros com profissionais das escolas e estagiários – 8 horas
  • Atividades de organização do NAI-FEUSP, voltadas para a comunicação com as escolas da REDE NAI-FEUSP e licenciandos-estagiários – 4 horas

Total: 20 horas

 

Ações semestrais, mensais e pontuais dos monitores-bolsistas

  • Leitura e Análise do Projeto Político Pedagógico das escolas – Semestral
  • Leitura de roteiros e relatórios de licenciandos-estagiários – Semestral
  • Produção de Relatório parcial e final- Semestral
  • Organização e divulgação das atividades realizadas pelo NAI-FEUSP – Mensal
  • Atividades eventuais junto ao Projetos do NAI-FEUSP – Mensal
  • Participação em atividades do Instituto Lidas (PORTAL CulturaEduca) – Mensal
  • Acolhimento de novo monitor-bolsista, quando de sua substituição e ou renovação – Pontual¹
  • Visitas, monitoradas pela professora, a no mínimo 2 escolas da REDE-NAI – Pontual²

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¹ Se necessário.
² Realizada em datas agendadas (março e setembro).

Procedimentos

Pretende-se que cada monitor-bolsista centralize o trabalho em 3 a 5 escolas, no máximo, organizadas segundo o critério de proximidade e/ou desafios, quando se constituem em quarteirões polos dos projetos Aprender na Comunidade e CAEG, e que receberão grupo  de licenciandos-estagiários, formados por 3 a 4 integrantes. As ações previstas para os oito monitores-bolsistas solicitados terão a mesma estrutura organizativa e agenda, mas serão dirigidas a escolas diferentes.

 

Cronograma

Meses/Atividades  Mar  Abr  Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 
Atividades  de formação do monitor-bolsista. X X X X X X X X
Encontros com escolas e estagiários. X X X X X X X X X
Plantões de atendimento aos estagiários. X X X X X X X X X X
Acompanhamento dos projetos de estágio nas escolas.  X X X X X X X
Ações de organização, comunicação, memória e publicação X X X X X X X X X X
Avaliação do Proposta e Relatórios PRG  X X