BioNanoTech

Universidade de São Paulo

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Alunos de iniciação científica do Laboratório de Bionanotecnologia fazem apresentações de seus trabalhos no SIICUSP

O evento que ocorre anualmente trouxe dois alunos do Laboratório para falar sobre suas pesquisas que fizeram ao longo do ano

A aluna Laura Lis conta como foi a sua experiência participando do evento: “A oportunidade de participar do SIICUSP representou uma experiência verdadeiramente empolgante e enriquecedora. Através desse evento, pude aprimorar significativamente minha habilidade de comunicação, uma vez que apresentei meu projeto a um público diversificado, composto por indivíduos versados em distintas áreas, bem como a avaliadores especializados, habituados com a temática em questão. Tal contexto propiciou discussões mais aprofundadas acerca dos aspectos técnicos do trabalho, fomentando um ambiente propício para a troca de ideias e conhecimentos”

Em 24 de outubro, ocorreu o 31° Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP, o SIICUSP, que ocorre anualmente no segundo semestre em todas as unidades da Universidade de São Paulo. O evento este ano contou com mais de 80 alunos da Escola de Engenharia de Lorena, a EEL, com o objetivo de se apresentar os trabalhos de Iniciação Científica dos alunos de graduação. Dentre eles, dois dos graduandos do Laboratório de Bionanotecnologia marcaram presença no evento: a aluna Laura Lis Coimbra Silva e o aluno João Otávio Panichi da Silva. Ambos os projetos apresentados pelos dois envolveram a produção e obtenção de celulose, porém com diferentes análises e diferentes formas do biopolímero.

O trabalho apresentado pela Laura Lis, intitulado “Otimização da produção de celulose nanocristalina, via enzimática, a partir de polpa celulósica pré-tratada mecanicamente”, tem como objetivo otimizar e aumentar o rendimento do processo de tratamento enzimático da celulose nanocristalina (a CNC) e da desfibrilação mecânica, ou seja, através da quebra da molécula a níveis muito pequenos. A CNC é uma nanopartícula obtida a partir da celulose ao qual tem um grande valor econômico e com cada vez mais aplicações industriais, se tornando, portanto, uma matéria-prima valiosa.  Normalmente, para se obter estes nanocristais, é utilizado hidrólise ácida e, por conta disto, o processo não é ecológico e também seu rendimento não é alto. Porém, como uma alternativa para maior eficiência e sustentável, uma rota enzimática vem sido estudada por cientistas como possibilidade de substituir essa metodologia. Ainda assim, mesmo com este procedimento promissor, o rendimento normalmente é insatisfatório, com apenas 20% ou menos sendo obtido do produto. Desta forma, o trabalho da aluna foi feito através da metodologia estatística: o Planejamento de Experimentos (DOE), que consiste na coleta e análise de dados experimentais para, assim, verificar se é possível aumentar esta eficiência do processo.

O aluno de iniciação científica, João Panichi, fala sobre sua participação no simpósio: “Ter a oportunidade de participar de eventos científicos como o SIICUSP é uma experiência única, além de representar o laboratório BioNanoTech, estimular a divulgação científica e mostrar o trabalho duro de um ano de pesquisa é muito gratificante. Espero que todos consigam ter essa experiência ainda na graduação.”

Quanto ao projeto do aluno João Panichi intitulado por “Avaliação de Operação Unitária de Troca de Solventes para Funcionalização de Celulose Nanofibrilada”, o aluno analisou uma forma de otimizar a obtenção da celulose nanofibrilada (CNF) para tornar o processo mais econômico e eficiente na sua obtenção. Diferente da celulose nanocristalina, a CNF se apresenta em feixes paralelos organizados, como se fossem um “espaguete”. Em seu trabalho que se refere à fabricação de CNF de polpas celulósicas, ele examinou que, na produção dessa espécie de nanocelulose, há um alto gasto de água e energia. Portanto, ele observou que é possível diminuir o consumo durante esse processo específico, proporcionando, então, benefícios tanto econômicos quanto ambientais. Para melhorar  este procedimento, ele usou dois processos unitários ao qual envolve a funcionalização (metodologia que há uma trocas de solventes para encaixar novas moléculas orgânicas em outras superfícies, como se fossem “blocos de Lego” sendo montados) e analisou qual seria a melhor opção para esta redução: a filtração à vácuo (processo que envolve separar as partículas sólidas de um meio líquido através de uma bomba à vácuo) e a centrifugação (outro processo que também tem a mesma finalidade, porém com a utilização de uma centrífuga – um equipamento que irá utilizar a rotação como o seu método de separação). A partir dos resultados obtidos pelos seus experimentos, percebeu-se que a filtração à vácuo foi mais eficiente, o que gerou uma CNF mais hidrofóbica (propriedade de objetos de  repelir a água) e que consumiu menos energia do que a centrifugação, além de ter gerado menos água residual. Com uma CNF hidrofóbica, é possível expandir mais de suas aplicações às indústrias e laboratórios, pois haverá aplicações diretas na produção de produtos sustentáveis resistentes a umidade como embalagens e materiais à prova d’água.

A partir dos trabalhos apresentados pelos alunos, observa-se que os projetos de pesquisa que eles vieram desenvolvendo durante o ano são de grande impacto na atualidade, principalmente na área econômico-sustentável. Obter processos que sejam ecológicos, ou seja, que tem a pretensão de não prejudicar o meio ambiente e que visem menos gastos é uma visão à qual é desenvolvida cada vez mais pelas indústrias mundialmente, principalmente nos ramos do papel e celulose. Com isto, os alunos já criam uma visão para estarem capacitados a desenvolver iniciativas de empreendimento dentro deste ramo: o empreendimento científico.