Projeto – Validação de Questionários para Avaliação de Aspectos do Relacionamento Humano-Animal de Estimação

Imagem cedida pela Professora Doutora Sylvia Corte para uso deste website e associado ao projeto de validação de questionários.

Animais de estimação são mantidos em ambientes domésticos, por interesse pessoal, para fins de entretenimento, companhia, trabalho, entre outros. Representam a relação mais íntima entre o homem e o animal. Recebem nomes e frequentemente são considerados membros da família. Muitos vivem dentro de casa, com acesso ao espaço privado do quarto, e até partilham as camas dos seus tutores. Eles têm sido descritos como servindo uma função confortadora para crianças. Entre as teorias existentes para explicar a manutenção de animais de estimação em lares humanos estão a biofilia, uma tendência profundamente enraizada para procurar ligação com a natureza, e a proteção social contra os efeitos negativos do estresse e do isolamento nas sociedades urbanas modernas.

No Brasil, cães e gatos são os animais de estimação mais populares. Em 2013, pela primeira vez, o IBGE fez um levantamento nas residências brasileiras sobre o número de cães e gatos. A população canina estimada no país foi de 52,2 milhões e a população felina estimada foi de 22,1 milhões. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) revelou que existiam 44,9 milhões de crianças no país com 14 anos ou menos, o que levou à conclusão que no Brasil existiam mais animais de estimação do que crianças. A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação relatou em 2015 que, mesmo diante da crise enfrentada pelo país, o mercado pet obteve um volume de negócios de R$ 19,2 bilhões e uma expansão de quase 7% em relação a 2014. Em 2018, os brasileiros tinham um gasto médio com seus animais de estimação de R$ 294,00 por mês, sendo R$ 121,00 destinados a cães e R$ 90,00 a gatos.

A Interação Humano-Animal (IHA) – diz respeito a eventos diádicos que ocorrem entre indivíduos, um deles humano e o outro animal. Se eles se encontrarem repetidamente, irão atingir um nível de familiaridade que os levará a antecipar o que o outro irá fazer. Relação Humano-Animal (RHA) é consequência de uma série de interações ao longo do tempo entre dois indivíduos que se conhecem. Um vínculo social é um apego afetivo mútuo entre dois indivíduos que é relativamente duradouro e que sobrevive a separações temporárias. Esta definição é considerada apropriada também para o Vínculo Humano-Animal (VHA). Interação é o intercâmbio de comportamentos, em um momento dado, mas a relação é o resultado da soma dessas interações no tempo. As interações entre humanos e animais constituem comportamentos mútuos resultantes de percepções também mútuas, que formam a base de uma relação com um efeito de feedback sobre a natureza e percepção de interações futuras.

O vínculo humano-animal é uma relação mutuamente benéfica e dinâmica entre pessoas e demais animais, que é influenciada por comportamentos essenciais para a saúde e o bem-estar de ambos (ver também AVMA 2020). Inclui, entre outras coisas, interações emocionais, psicológicas e físicas das pessoas, dos animais e do ambiente. Animais de estimação podem prover conforto e diminuir sentimentos de solidão durante adversidades, como o isolamento social na epidemia de Covid-19, e durante situações de transição no ciclo de vida, como divórcio ou luto. Interações Humano-Animal (IHAs) de boa qualidade (ex, interações calmas, amistosas, envolvendo recompensas positivas) podem promover RHAs de boa qualidade (ex, indivíduos menos estressados).

A Profa. Carine Savalli Redigolo integrou o Centro de Pesquisa Aplicada em Bem-Estar e Comportamento (CPBEC), sob direção da Professora Emma Otta, tendo coordenado um projeto que tratava da relação afetiva entre humanos e seus animais de estimação. No âmbito do CPBEC ela fez a validação do PANAS (Positive and Negative Activation Questionnaire) um instrumento para avaliação da predisposição emocional de cães (Savalli et al., 2019), e do C-BARQ (Canine Behavioral Assessment and Research Questionnaire), instrumento que auxilia na avaliação de várias dimensões comportamentais de cães (Savalli et a., 2021). Além disso, publicou em co-autoria com colegas do grupo da Etologia Humana, um artigo usando um instrumento para avaliação de bem-estar em função de ter ou não um animal de estimação (Defelipe, Savalli & Otta, 2020).

Atualmente, o grupo envolvido neste projeto foi ampliado, com a incorporação da Universidade de la Republica (UdelaR), pela pessoa da Professora Sylvia Côrte, da Faculdade de Ciências e da Universidade de Buenos Aires, pela pessoa da Professora Alejandra Feld, da Faculdade de Ciências Veterinária, e de pesquisadores brasileiros, como a Dra Natalia de Souza Albuquerque (pós-doutoranda da USP). 

A Professora Fernanda Peixoto Martins (UFRA) está elaborando uma Escala de Apego para uso com crianças e pessoas portadoras de necessidades especiais (PNEs). Ela coordena o Projeto EntreLaço na UFRA, que atua na área de Atividades e Terapias Assistidas por Animais (TAA). Por meio da Professora Martins, o Núcleo de Apoio à Pesquisa em Expressão das Emoções no Homem e nos Animais incluiu crianças, além de adultos, nos estudos sobre relação humano-animal de estimação.

Estamos trabalhando  na validação de vários instrumentos:

1) Escala MDORS para avaliação de relacionamento do cão com o seu tutor (Monash dog owner relationship scale (MDORS) – Dwyer, Bennett & Coleman, 2006);

2) Escala CORS para avaliação de relacionamento do gato com o seu tutor (cat-owner relationship scale (CORS) – Howell et al., 2017);

3) Escala Lexington para avaliação de apego a animais de estimação (Lexington attachment to pets scale (LAPS) – Johnson, Garrity, & Stallones, 1992);

4) Questionário de Apego a animais de estimação (Pet Attachment Questionnaire (PAQ) – Zilcha-Mano, Mikulincer & Shaver, 2011);

5) Questionário da Relação de apego entre crianças e pessoas portadoras de necessidades especiais (PNEs) e seus animais de estimação (Martins et al., em preparação);

6) Questionário Cross-cultural sobre apego e comportamento entre tutor e animal de estimação (Cross-cultural Pet Owner Attachment and Behavior Survey – Volsche et al., em preparação);

7) Questionário de Reações e Sentimentos à Perda do Animal de Estimação (Otta et al., em preparação).

Estes instrumentos serão disponibilizados para fins de pesquisa e para profissionais de diferentes áreas que trabalham com a interação humano-animal. Os questionários estão sendo validados para o Brasil, na língua portuguesa, e para a América Hispânica, na língua espanhola. 

Docente Instituto Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). 

Docente do IPUSP.

Docente da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e orientadora do Programa de Pós Graduação em Psicologia Experimental do IPUSP.

Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

Docente do Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Docente do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP).

Docente da Universidad de La Republica, Uruguai.

Docente na Universidad de Buenos Aires.

Docente no Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME-USP). 

Doutora pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia Experimental do IPUSP.

Psicologa, 

Pós doutorando na Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Doutorando no Programa de Pós Graduação em Psicologia Experimental do IPUSP.

Universidade de São Paulo (USP). 

Bióloga formada pela USP.

Universidade de Brasília (UnB). 

Para saber mais:

Artigos? Outras publicações sobre o assunto?

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