História do Núcleo de Artes Afro-Brasileiras
História
O Núcleo de Artes Afro-Brasileiras é resultado de uma série de ações e ocupações de caráter artístico-cultural do grupo de capoeira angola Guerreiros de Senzala.
Desde 1997 o Grupo se reúne em espaços ociosos da Universidade de São Paulo, sob liderança do Contramestre Pinguim e orientação de Mestre Gato Preto, Berimbau de Ouro da Bahia, para estudo, pesquisa e prática de capoeira angola e demais manifestações culturais afro-brasileiras, como o maculelê, a dança afro, a percussão, a puxada de rede e o samba de roda.
Em 1997 o Grupo utilizava um espaço cedido pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Química, cuja concessão não foi renovada com a mudança da gestão, levando a ocupar o subsolo do restaurante universitário do prédio. Em 1999 houve um pedido oficial de desocupação da área para reforma, com promessas de realocação não cumpridas. Apesar das dificuldades, o Grupo não cessou suas atividades na Universidade, passando a se reunir a céu aberto no teatro de arena da Faculdade de Geologia.
A permanência dos Guerreiros de Senzala na USP e a continuidade do Núcleo de Artes Afro-brasileiras constitui uma luta diária dentro da Universidade de São Paulo. Entre ocupações e pedidos de desocupação, a atual sede do Núcleo é mantida por meio de mutirões periódicos promovidos e custeados coletivamente pelos alunos, alunas e o Contramestre
Em 2000, com apoio do Núcleo de Consciência Negra na USP, os Guerreiros de Senzala conseguiram ocupar o bloco 28, um barracão na época abandonado, aonde permanecem até hoje. Apesar da estrutura desgastada e dos resíduos e lixo que ali eram despejados, o barracão foi revitalizado e mantido pelo Grupo ao longo desses anos através de mutirões.













Em 2005 houve novo pedido de desocupação do espaço, fato que resultou na mobilização de alunos junto a docentes e funcionários da Universidade, que identificaram no trabalho dos Guerreiros de Senzala atividades características de um núcleo de cultura e extensão universitária.
Seguindo essa diretriz, os Guerreiros de Senzala conseguiram angariar apoiadores e reunir documentação necessária para pleitear a criação do Núcleo de Artes Afro-Brasileiras, que foi aprovado pela Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP em 31 de outubro de 2007.
Proposta de criação do Núcleo de Artes Afro-brasileiras
entregue ao então Pró-reitor de Cultura
e Extensão, Prof. Dr. Sedi Hirano.
Intercâmbio Cultural
“Colônia Aliança, Usina Santa Elisa, São Bento de Inhatá, Muraê, Banga, Capanema, São Braz, Santo Amaro, Acupe, Vila de São Francisco, Saubara, Itapema... cê cair dentro daquela região toda ali (...) cê aprende mesmo, aprende sim. Agora ficar aqui só fazendo esses cursos, tudo bem faz com Pinguim, cinco, seis anos... Cê pensa que sabe de capoeira, não sabe não. Você é observador da capoeira, não é capoeirista”. Mestre Gato Preto, Documentário 15 Anos de Senzala.
Desde 1999, os Guerreiros de Senzala fazem viagens anuais à Bahia acompanhados do Contramestre Pinguim para conhecer, locais, pessoas e comunidades que são referências para o trabalho desenvolvido no Núcleo de Artes Afro-brasileiras.
Nos primeiros anos, o Contramestre Pinguim e alguns de seus alunos e alunas foram levados e apresentados por Mestre Gato Preto a locais na Bahia como o Zoogodô Bogum Malê Rundó, terreiro de candomblé da nação Jeje, um dos mais antigos de Salvador, assim como a diferentes locais do Recôncavo Baiano, com destaque para o Ilê Axé Ya Omim, em Santo Amaro da Purificação, na Entrada da Pedra.
Em Salvador, conheceram, ao lado de Mestre Gato Preto, a tradicional roda de capoeira de fim de ano no bairro do Pelourinho, além dos bairros da Liberdade, Engenho Velho da Federação e Itapoã.
Em Pau da Lima, na capital Salvador, no município de Dias D’Ávila e na zona rural de Jaguaquara, os Guerreiros de Senzala puderam conhecer pessoas e lugares que fazem parte da história de migração do Contramestre Pinguim para São Paulo.
A prática de aprendizado local na Bahia iniciada por Mestre Gato Preto rende até hoje viagens anuais de alunos e alunas do Núcleo de Artes Afro-brasileiras acompanhados do Contramestre Pinguim.
















