Técnicas de Neutralização: Estratégias de Comunicação Organizacional e Seus Impactos na Reputação Corporativa
15 de Janeiro de 2025
Você sabe o que são técnicas de neutralização? Essas técnicas, originalmente propostas pelos sociólogos Gresham Sykes e David Matza em 1957, são estratégias psicológicas usadas por indivíduos para justificar, minimizar ou racionalizar comportamentos que violam normas sociais, éticas ou legais.
O uso dessas técnicas permite que as pessoas conciliem suas ações com uma autoimagem positiva, ajudando a reduzir a culpa associada a comportamentos questionáveis. Exemplos incluem a negação de responsabilidade (“não tive escolha”) e negação de vítima (“Mereceu”).
No ambiente acadêmico, essas técnicas podem ser aplicadas para justificar práticas como plágio ou colas em exames (“Eu precisava passar”). Mas e no ambiente corporativo? Poderiam organizações recorrer a técnicas de neutralização?
Em um estudo publicado recentemente na Revista Contabilidade & Finanças, William Augusto Sousa de Oliveira e Reiner Alves Botinha exploraram como empresas podem utilizar essas técnicas para manter uma boa reputação corporativa perante os stakeholders.
Os autores demonstram que as empresas nacionais pesquisadas aplicam técnicas de neutralização em disclosures relacionados a escândalos socioambientais nos quais estiveram envolvidos. Esse comportamento tem como objetivo o gerenciamento reputacional e a mitigação de impactos negativos perante o público e o mercado.
O entendimento de como as técnicas de neutralização podem ser aplicadas no ambiente corporativo é fundamental para que executivos financeiros avaliem com maior precisão as práticas de comunicação organizacional. Essa análise é importante, pois, embora algumas estratégias possam ser úteis para mitigar impactos reputacionais no curto prazo, elas também podem comprometer a credibilidade da empresa a longo prazo. Em um cenário cada vez mais orientado por ESG (Environmental, Social, and Governance), desenvolver abordagens éticas e transparentes na gestão de crises torna-se de suma importância para fortalecer a confiança de stakeholders e, assim, sustentar o valor organizacional no mercado.