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Como a Liderança Estratégica do CFO pode Impulsionar o Crescimento e a Sustentabilidade

Publicado em 21/02/2025

O papel do CFO tem evoluído significativamente nos últimos anos, exigindo desses profissionais mais do que expertise financeira. Características como idade, formação acadêmica e soft skills influenciam diretamente a forma como conduzem a estratégia financeira e tomam decisões críticas para o sucesso organizacional. Mas quais fatores realmente moldam a capacidade de liderança dos CFOs?

Liderança é um elemento central do perfil profissional, refletindo o modelo mental adotado pelo líder em relação à sua equipe. Entre as diversas classificações de estilos de liderança, destaco uma particularmente relevante para os executivos de finanças: a liderança de empoderamento. Esse estilo envolve dois aspectos fundamentais: suporte à autonomia e suporte ao desenvolvimento.

O suporte à autonomia refere-se à capacidade do líder de delegar, coordenar, informar e inspirar, além de fornecer suporte à eficácia, incentivar iniciativas e manter o foco em metas. Já o suporte ao desenvolvimento diz respeito à habilidade de impulsionar o crescimento profissional da equipe por meio de exemplos e direcionamentos estratégicos.

Compreender como o estilo de liderança dos executivos financeiros influencia seus comportamentos e decisões é essencial para o desempenho da equipe. Como destacou Ricardo Basaglia, CEO da Michael Page no Brasil, em publicação do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP), intitulada CFO: Oportunidades e desafios sob a ótica de profissionais destacados, “a capacidade de integrar conhecimentos financeiros com habilidades de liderança e gestão é essencial”. Esse equilíbrio, aliado a uma visão estratégica da liderança, não apenas contribui para “desenvolver e reter talentos dentro da organização”, mas também torna a empresa mais atrativa para novos profissionais.

De acordo com o sumário executivo elaborado pelo Reverbera (Reverbera PMS-FEA-USP), a idade média dos CFOs de empresas listadas na B3 (Brasil Bolsa Balcão) é de 46,6 anos, com 55,4% desses executivos na faixa etária de 41 a 50 anos. Esse perfil se aproxima dos padrões observados em outros mercados.

Um relatório da Crist Kolder Associates, que analisou CFOs de empresas da Fortune 500 e S&P 500, revelou que a idade média de um novo CFO contratado é de 50,8 anos–um aumento em relação aos 47,5 anos registrados em 2014. Essa tendência reflete uma crescente preferência por profissionais de meia-idade em cargos de liderança financeira, reforçando a ideia de que a idade desempenha um papel fundamental na definição da liderança financeira das empresas.

A idade do CFO está frequentemente associada a uma experiência acumulada ao longo do tempo, conferindo-lhe uma visão estratégica mais ampla, maior maturidade na tomada de decisões e maior credibilidade junto a stakeholders. Além disso, essa bagagem contribui para o refinamento das habilidades de liderança, favorecendo a formação e o engajamento de equipes financeiras altamente capacitadas para impulsionar o desempenho organizacional.

Embora a idade, isoladamente, não determine as habilidades de liderança de um CFO, a experiência adquirida ao longo dos anos pode representar um diferencial competitivo significativo. Profissionais mais experientes tendem a demonstrar maior capacidade de adaptação a cenários complexos e maior habilidade para equilibrar decisões financeiras com a gestão de talentos–fatores essenciais para uma liderança financeira eficaz.

O sumário executivo elaborado pelo Reverbera (Reverbera PMS-FEA-USP) indica que 60,7% dos CFOs de empresas listadas na B3 (Brasil Bolsa Balcão) obtiveram um MBA. Esses dados reforçam que a educação continuada e certificações especializadas são elementos fundamentais para o exercício de uma liderança financeira eficaz.

Um CFO com uma base acadêmica sólida pode contribuir diretamente para o desempenho e desenvolvimento da equipe financeira. Esse impacto ocorre por meio da capacitação e orientação dos profissionais, do estímulo a uma cultura de aprendizado contínuo, da identificação e retenção de talentos e da disseminação de boas práticas na organização.

Além disso, um CFO com formação acadêmica robusta tende a tomar decisões financeiras mais estratégicas, que são melhor compreendidas e aceitas por sua equipe, fortalecendo sua credibilidade e influência interna. Isso resulta em um time financeiro mais técnico, alinhado aos objetivos da empresa e preparado para enfrentar desafios complexos.

A formação acadêmica continuada também desempenha um papel essencial no desenvolvimento de soft skills, como liderança, comunicação e pensamento crítico. Mais do que atualizar conhecimentos técnicos, a educação contínua fortalece as competências interpessoais necessárias para um CFO liderar com eficácia.

Embora a formação acadêmica, isoladamente, não determine o sucesso de um CFO, quando combinada com experiência prática, conhecimento técnico e habilidades interpessoais, ela se torna um diferencial competitivo. Um CFO bem preparado academicamente pode não apenas impulsionar a equipe financeira, mas também contribuir para o crescimento sustentável da organização.

O número de profissionais sob a gestão do CFO pode impactar sua abordagem de liderança em termos de proximidade com a equipe, complexidade na tomada de decisão e necessidade de delegação de responsabilidades, gerando tanto desafios quanto oportunidades. 

Equipes financeiras maiores geralmente indicam operações mais complexas, exigindo do CFO maior habilidade em delegar tarefas, coordenar pessoas e processos e estruturar fluxos de trabalho eficientes. Já em equipes menores, a liderança tende a ser mais direta e próxima, reduzindo a necessidade de canais formais de comunicação e mecanismos estruturados de alinhamento e engajamento.

Enquanto equipes menores favorecem a agilidade na tomada de decisões e maior integração entre os profissionais, equipes maiores permitem maior especialização das funções, reduzindo a necessidade de profissionais multifuncionais e diminuindo a sobrecarga do CFO com atividades operacionais. No entanto, o desafio do alinhamento estratégico cresce conforme o time se expande, tornando essencial a criação de processos que garantam eficiência e alto desempenho.

Por um lado, CFOs de equipes menores podem enfrentar desafios relacionados à sobrecarga de responsabilidades e limitação de recursos para funções especializadas. Por outro, CFOs à frente de grandes equipes precisam garantir que a estrutura organizacional e os processos internos sustentem a eficiência operacional e promovam uma cultura de alto desempenho.

Independentemente do tamanho da equipe, a capacidade do CFO de desenvolver lideranças intermediárias–inclusive considerando processos sucessórios–, incentivar a inovação e promover um ambiente de aprendizado contínuo pode ser determinante para otimizar o desempenho financeiro e impulsionar os objetivos estratégicos da organização.

O papel de liderança desse executivo vai além da expertise técnica, sendo influenciado por uma combinação de fatores: idade, formação acadêmica, soft skills e o tamanho da equipe financeira. Esses elementos podem ser determinantes na eficácia de sua liderança.

A liderança de empoderamento, ao equilibrar autonomia e desenvolvimento, pode se tornar um diferencial importante para otimizar o desempenho da equipe, engajar a área financeira em temas estratégicos como sustentabilidade e fortalecer a influência dessa área no processo decisório da organização.

A maneira como o CFO exerce sua liderança pode impactar diretamente as práticas de controle financeiro e gestão de desempenho, como o uso do orçamento e definição dos principais indicadores de desempenho, influenciando o planejamento e o monitoramento do desempenho organizacional. Em última análise, a liderança financeira não só impulsiona o desempenho da equipe, mas também garante a sustentabilidade e o crescimento da organização.

Em síntese, a maturidade estratégica adquirida com a experiência, o aprofundamento técnico por meio da formação acadêmica continuada, as softs skills essenciais à liderança e  a habilidade de gerenciar equipes de diferentes tamanhos, por meio de delegação, especialização e alinhamento estratégico, são fatores que podem ser fundamentais para assegurar uma liderança financeira eficaz. Esse equilíbrio é essencial para engajar equipes e garantir o sucesso organizacional.