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Desafios Atuais e Futuras Oportunidades de Atuação dos CFOs

O CFO e sua equipe financeira enfrentam um ambiente organizacional caracterizado por mudanças contínuas e significativas. Em post anterior, foi destacado que o papel multifacetado do CFO nas organizações traz uma série de desafios, mas também abre portas para demonstrar o valor que podem agregar ao negócio. Em um evento com CFOs das empresas mais desejadas da B3, organizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo, IBEF-SP, um ponto comentado me chamou a atenção: “é na crise que o CFO brilha”. Essa afirmação ressalta a importância estratégica do CFO e de sua equipe em momentos críticos, onde suas habilidades e liderança são essenciais para a resiliência e sucesso da organização.

 

Ao analisar os desafios enfrentados pelos CFOs atualmente, é importante destacar os impactos das crises econômicas, sanitárias, entre outras, nas suas responsabilidades e expectativas. Por exemplo, Flávia Schlesinger, CFO Brasil na PepsiCo, comentou em sua participação no CFO Experience que, durante a pandemia de COVID-19, “[…] a área de finanças […] teve que dar uma resposta rápida e, para isso, […] teve que se conectar com o negócio”. Além das crises econômicas, os CFOs também enfrentam desafios relacionados à crescente importância dos critérios ESG (Environmental, Social, and Governance–Ambiental, Social e Governança). As empresas são pressionadas a cumprir regulamentações ambientais e sociais, investir em projetos e tecnologias sustentáveis, adotar práticas ESG, e divulgar informações sobre essas iniciativas. A integração de práticas sustentáveis na estratégia empresarial e a adaptação de indicadores de desempenho para refletir essas práticas são essenciais para atender às expectativas de investidores, consumidores e parceiros. Como destacou Jennifer Grafton em um editorial da Revista Contabilidade & Finanças, os CFOs precisam incorporar os critérios ESG em suas estratégias corporativas e controles gerenciais.

 

Outro desafio significativo para os CFOs e suas equipes é a liderança na inovação tecnológica. As mudanças tecnológicas têm impactado profundamente a função financeira nas organizações. A automação e robotização de processos, aliadas à análise de grandes volumes de dados por meio de inteligência artificial e Big Data, estão revolucionando a função financeira. Essas tecnologias aumentam a eficiência e precisão, substituindo tarefas repetitivas e oferecendo informações valiosas para a tomada de decisões, transformando significativamente o papel da função financeira nas organizações. Marcus Cardoso, CFO da Sympla, uma startup brasileira de tecnologia fundada em 2011, destacou em sua participação no CFO Experience que “[…] um profissional que esteja começando a carreira em finanças […] deveria olhar com muito cuidado a questão dos dados […]. Ele precisa, no mínimo, saber extrair uma base de dados”.

 

Associadas aos desafios enfrentados pelos CFOs e suas equipes, surgem também oportunidades. As crises podem ser percebidas como catalisadoras para a adoção de novas práticas e tecnologias de gestão financeira. Flávia Schlesinger destaca que a crise sanitária de COVID 19 “[…] trouxe para a área de finanças a possibilidade e o investimento das organizações para ferramentas que as organizações tomavam decisões mais lentas para implementar”. Exemplos dessas ferramentas e investimentos incluem o uso de orçamentos contínuos (rolling), orçamento base zero, planejamento de cenários, automação de processos robóticos (RPA-Robotic Process Automation), análise de big data, inteligência artificial e machine learning, e soluções financeiras em nuvem. Essas mudanças, que visam permitir respostas mais rápidas para o negócio, como salientado pela executiva, não foram apenas soluções temporárias para enfrentar a situação emergencial da pandemia, mas, ao contrário, transformações que “vieram para ficar, e elas mudaram o perfil do profissional financeiro”.

 

Em resumo, os CFOs e suas equipes têm passado por grandes e significativas transformações que, embora desafiadoras, possuem o potencial de elevar a função financeira a um nível estratégico ainda mais alto para os negócios. Essas mudanças podem ser apenas o início de uma evolução contínua, especialmente considerando que crises parecem se tornar cada vez mais frequentes. Diante desse cenário, é importante refletir sobre o futuro da atuação dos CFOs e da área financeira. Como CFOs podem aprimorar sua capacidade de resposta em crises, integrando finanças com outras áreas do negócio? De que maneira as mudanças tecnológicas influenciarão o papel estratégico dos CFOs a longo prazo? Como as práticas financeiras atuais estão incorporando critérios ESG nas operações e controles gerenciais, e como isso pode ser melhorado para gerar valor sustentável? Como a análise de dados e tecnologias emergentes estão redefinindo as funções financeiras? Essas reflexões podem ser aprofundadas ao considerar estudos de caso, benchmarking com empresas que já lideram nessas áreas, e a análise de tendências emergentes que continuarão a moldar o papel do CFO no futuro.