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O Impacto das Características dos CFOs na Gestão de Lucros (REM)

12 de Fevereiro de 2025

As características pessoais dos principais executivos de finanças (CFOs) influenciam suas decisões?

Embora seja difícil afirmar que exista um conjunto ideal de características pessoais dos CFOs que garantam o sucesso tanto da área financeira quanto da empresa, é possível considerar que, para determinadas decisões, características específicas podem exercer forte influência.

Um exemplo de decisão crucial no ambiente organizacional, frequentemente influenciada pelos CFOs, é o real earnings management (REM), uma forma de manipulação de lucros que envolve a intervenção direta nas transações de negócios.

O REM pode ser uma ferramenta útil em determinadas situações, contribuindo para o cumprimento de metas financeiras de curto prazo e permitindo adaptação a condições de mercado voláteis. No entanto, seu uso excessivo pode comprometer a integridade financeira e minar a confiança dos stakeholders.

Um estudo conduzido por Domenico Campa, Gianluca Ginesti e Alessandra Allini, publicado na European Accounting Review, analisou dados de CFOs de empresas listadas em 16 países europeus para investigar se características pessoais dos CFOs – como gênero, visibilidade e formação educacional (ex: MBA ou formação em contabilidade) – afetam a adoção de estratégias de REM.

Principais insights do estudo:

– Influência das características pessoais: CFOs do sexo feminino ou altamente visíveis tendem a adotar níveis mais baixos de REM, enquanto CFOs com MBA ou formação em contabilidade mostram maior propensão a utilizar estratégias de REM, especialmente em cenários mais complexos.

– Interação entre características pessoais: As diferenças de gênero no uso de REM desaparecem entre CFOs mais jovens ou aqueles com MBA, enquanto a formação em contabilidade está associada a maior utilização de REM, mas exclusivamente para CFOs mais jovens.

Esses achados destacam a importância de considerar o perfil do CFO no processo decisório, especialmente ao entender como esses executivos tomam decisões sobre a gestão de lucros. Além disso, têm implicações práticas para investidores e reguladores, ao avaliar o risco de manipulação de lucros nas empresas.