📈 Performance mediana, bônus milionário: o que isso revela sobre incentivos executivos?
14 de Abril de 2025
A remuneração de executivos de alto escalão continua sendo pauta frequente na mídia especializada, com destaque para os questionamentos sobre os valores elevados.
Um caso recente, noticiado em 11 de Abril pelo Financial News, envolve o pacote de remuneração do CEO do London Stock Exchange Group (LSEG), David Schwimmer. A consultoria Institutional Shareholder Services (ISS) recomendou que os acionistas votem contra o relatório de remuneração de 2025, argumentando que o plano premia excessivamente desempenhos medianos, sem exigir resultados verdadeiramente excepcionais.
A proposta prevê que, mesmo com desempenho apenas mediano, o executivo receba 50% do bônus máximo – anteriormente, esse percentual era de 25%. A mudança pode adicionar até £378 mil (cerca de R$2,4 milhões) ao pacote anual do CEO.
O plano traz elementos clássicos de esquemas de incentivo:
– Pay for Performance: Vinculação da remuneração ao desempenho, característica de planos de longo prazo (LTIPs), buscando alinhamento com a geração de valor.
– Threshold, target e máximo: A ativação de 50% do bônus com performance mediana reduz o grau de meritocracia do modelo.
– Alavancagem dos incentivos: A nova curva de pagamento aumenta a sensibilidade da remuneração mesmo para resultados intermediários.
– Benchmarking de mercado: O LSEG justifica a proposta com base em práticas internacionais, reforçando a lógica de competitividade externa e avaliação relativa de desempenho.
– Risco de desalinhamento: Recompensar desempenho modesto pode desincentivar a busca por metas ambiciosas e comprometer o alinhamento com os interesses dos acionistas. No limite, isso significaria pay without performance.
A reação da ISS evidencia o crescente escrutínio sobre a governança da remuneração, impulsionado por investidores que exigem maior transparência, justiça e aderência à estratégia de longo prazo. O engajamento dos stakeholders nesse processo tornou-se essencial.
🔍 Por que isso importa — e qual o papel do CFO?
Para empresas no Brasil e em outros mercados emergentes, o caso do LSEG destaca a necessidade de integrar sistemas de mensuração de desempenho a políticas de compensação de maneira clara, equilibrada e defensável. Executivos da área financeira têm papel central nesse processo: cabe a eles garantir que as métricas reflitam objetivos estratégicos e que os incentivos promovam decisões sustentáveis, alinhadas à criação de valor no longo prazo.