Rafael Affonso de Miranda Alonso
Nome oficial | Saint Lucia |
Localização | Caribe. Ilha situada entre o mar do Caribe e o oceano Atlântico, ao norte de Trinidad e Tobago |
Estado e Governo¹ | Parlamentarismo |
Idiomas¹ | Inglês (oficial) e crioulo (de base francesa) |
Moeda¹ | Dólar do Caribe oriental |
Capital¹ | Castries (22 mil hab. em 2014) |
Superfície¹ | 616 km² |
População² | 177.397 hab. (2010) |
Densidade demográfica² |
329 hab./km² (2010) |
Distribuição da população³ | Urbana (18,45%) e rural (81,55%) (2010) |
Composição étnica¹ | Negros/descendentes de africanos (85,3%), mestiços (10,9%), indianos do leste (2,2%), outras (1,6%), não especificada (0,1%) (2010) |
Religiões¹ | Católica romana (61,5%), protestantes (15,5%), outras cristãs (3,4%), rastafariana (1,9%), outras (0,4%), nenhuma (5,9%), não especificada (1,4%) (2010) |
PIB (a preços constantes de 2010)⁴ |
US$ 1,23 bilhões (2013) |
PIB per capita (a preços constantes de 2010)⁴ |
US$ 6.771,5 (2013) |
Dívida externa⁴ | US$ 471,2 milhões (2013) |
IDH⁵ | 0,714 (2013) |
IDH no mundo e na AL⁵ |
97° e 20° |
Eleições¹ | Governador-geral, indicado pela rainha da Inglaterra. Primeiro-ministro, indicado pelo governador-geral. Legislativo bicameral composto pela Assembleia de 17 membros (eleitos por sufrágio universal para um mandato de 5 anos) e pelo Senado de 11 membros, sendo 6 indicados pelo Primeiro-Ministro, 3 pelo líder da oposição e 2 escolhidos entre as lideranças locais. |
Fontes:
¹ CIA. World Factbook
² ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
³ ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
⁴ CEPALSTAT
⁵ ONU/PNUD. Human Development Report, 2014
A ilha de Santa Lúcia é um país reconhecido pela Organização dos Estados Americanos (OEA), situado entre o mar do Caribe e o Atlântico Norte. Faz parte das Pequenas Antilhas, e seus vizinhos mais próximos são as ilhas de Martinica (departamento ultramarino francês) ao norte, São Vicente e Granadinas ao sul, e Barbados a leste. Tem 616 km² e uma população estimada de 177,3 mil pessoas. Na capital, Castries, vivem cerca de 22 mil pessoas. A expectativa de vida da população é de 73,61 anos. O idioma oficial é o inglês, mas o povo também fala um dialeto local, o patoá, uma mistura de francês com idiomas africanos, pois cerca de 85% da população é composta de descendentes de escravos. O restante da população divide-se entre mestiços (10,9%), descendentes de indianos (2,2%) e apenas 1% de brancos.
Apesar de pequena e independente há menos de trinta anos, desde 1979, já conseguiu que dois de seus cidadãos fossem agraciados com o Prêmio Nobel. Em 1979, sir Arthur Lewis recebeu o Nobel de Economia e, em 1992, sir Derek Walcott, escritor, recebeu o Nobel de Literatura. Essas distinções conferidas a dois intelectuais oriundos de Santa Lúcia fazem contraponto à carência de instituições de ensino na ilha até pelo menos a década de 1960.
Disputas pela ilha
Os primeiros habitantes de Santa Lúcia foram os índios aruaques, que a ocuparam por volta de 200 d.C, e dela foram expulsos aproximadamente em 900 d.C. pelos caribes. Há controvérsias acerca de quem foi o primeiro navegador europeu a aportar na ilha. Segundo a versão tradicional, teria sido Cristóvão Colombo, em 1502. Outras evidências, porém, indicam que o navegador Juan de la Cosa, a serviço de Colombo, desembarcou em Santa Lúcia, segundo alguns, em 1499, segundo outros, em 1504.
Somente por volta do ano 1600 chegaram os holandeses, que construíram a primeira base fortificada. As primeiras tentativas sérias de colonização, entretanto, foram feitas pelos ingleses. Em 1605, chegou uma leva da Guiana, rapidamente expulsa pelos aguerridos caribes. Um segundo grupo, liderado por Thomas Warner, também fracassou em 1639. Apesar de deterem a supremacia colonial na América Central e do Sul, os espanhóis recuaram de suas pretensões sobre Santa Lúcia diante das constantes investidas inglesas.
Os primeiros a subjugar os indígenas e inaugurar a colonização da ilha foram os franceses, em 1660, sob a direção da Companhia das Índias Ocidentais Francesas. Iniciaram uma disputa com os ingleses que duraria 150 anos, período em que Santa Lúcia mudou de mãos catorze vezes. O ataque decisivo dos ingleses contra os franceses ocorreu em 1778, na batalha que ficou conhecida como Cul de Sac. O contexto que envolveu esse acontecimento foi marcado pela Declaração de Independência dos Estados Unidos em 1776 e pela ajuda francesa aos rebeldes das treze colônias em luta contra a Coroa britânica. Depois disso, os ingleses estabeleceram-se na região, construindo a base naval de Gros Islet e a fortificação de Pigeon Island. Os últimos franceses, porém, permaneceriam na ilha até 1803. O domínio britânico só foi oficializado pelo Tratado de Paris de 1814.
Colonização britânica
O principal traço da colonização foi a cultura da cana-de-açúcar por escravos africanos, característica comum a todas as colônias britânicas do Caribe. Em 1834, formalmente, o Império Britânico aboliu a escravidão e os efeitos da medida chegaram gradualmente aos confins do globo terrestre. Os negros, contudo, foram mantidos em estado de virtual servidão por outros mecanismos de exploração.
Em 1838, Santa Lúcia foi incorporada ao domínio colonial britânico das Ilhas de Barlavento (que compreendiam também as atuais São Vicente e Dominica, com sede em Barbados). O inglês tornou-se o idioma oficial em 1842. No fim do século XIX, em 1882, aportou em Castries a primeira leva de trabalhadores indianos para suprir a escassez de mão de obra nas lavouras. Esse expediente também foi utilizado pelos britânicos em outros pontos do Império Colonial na América Central e no Caribe. Atualmente, os descendentes dos imigrantes indianos compõem uma importante minoria étnica do país.
Em 1951, os cidadãos de Barlavento com mais de 21 anos de idade passaram a ter direito ao voto, um passo importante para a independência política. Santa Lúcia fez parte da Federação das Índias Ocidentais de 1959 a 1962. Cinco anos depois, foi criada a Federação dos Estados Associados das Antilhas, composta pelas Ilhas de Barlavento, Antígua, Névis e Anguila, com uma Constituição própria. A Federação tinha o objetivo de permitir que as pequenas ilhas enfrentassem em conjunto as dificuldades decorrentes do tamanho, mas as diferenças políticas fizeram com que cada colônia buscasse a independência individualmente.
Independência e política interna
Em dezembro de 1978 foi anunciada a independência de Santa Lúcia, porém, somente em 22 de fevereiro de 1979 o processo de separação da ilha foi concluído. Desde essa data, ela faz parte da Comunidade Britânica, a Commonwealth, que, desde 1952, tem a rainha Elizabeth II como chefe de Estado – quem indica o governador-geral. Santa Lúcia adotou a democracia parlamentar como forma de governo e realiza eleições diretas para a Câmara dos Deputados. Os integrantes do Senado são indicados pelo primeiro-ministro, o líder da oposição na Câmara, e por entidades da sociedade civil. Os dois principais partidos da ilha, o Partido Unido dos Trabalhadores (PUT), conservador, e o Partido Trabalhista de Santa Lúcia (PTSL), socialdemocrata, revezam-se no poder desde 1979, quando o trabalhista Allen Louisy tornou-se o primeiro primeiro-ministro com um discurso em favor dos camponeses e de metas como o combate ao desemprego e de favorecimento à pequena empresa. Ele promoveu o ingresso de Santa Lúcia no Movimento dos Países Não Alinhados e estabeleceu relações diplomáticas com os regimes socialistas de Cuba e da Coreia do Norte.
No fim da década de 1970, o domínio dos Estados Unidos sobre a região do Caribe foi abalado pelas vitórias de dois movimentos revolucionários: em março de 1979 em Granada e, em julho, na Nicarágua. Com isso, a orientação esquerdista e independente do governo de Santa Lúcia passou a sofrer dura oposição dos conservadores locais, capitaneados por John George Melvin Compton, ex-primeiro-ministro no período colonial e aliado dos EUA. As pressões culminaram com o afastamento de George Odlum do Ministério das Relações Exteriores no final de 1979. Em abril de 1981, o processo encerrou-se com a dissolução do governo do PTSL. Um novo governo foi montado em maio do mesmo ano, com a posse do primeiro-ministro Winston Cenac, que permaneceu no posto até janeiro de 1982, sob cerrada oposição conservadora, quando assumiu Michael Pilgrim, cujo governo resistiu até 3 de maio de 1982.
John Compton, o principal líder conservador, que tinha como lema a frase “cristãos sempre, comunistas nunca”, venceu as eleições de 1982, permanecendo no poder até 1996. Em 1983, ele apoiou os EUA, sob o comando de Ronald Reagan, na invasão a Granada e no financiamento aos “contras” da Nicarágua. No plano interno, o governo conservador promoveu o programa liberal tradicional, que ia do apoio irrestrito à iniciativa privada até a adoção de medidas econômicas ortodoxas em busca de empréstimos e aval do FMI.
O também conservador Vaughan Lewis substituiu Compton em 2 de abril de 1996, ficando no poder até as eleições de maio de 1997. Neste ano, o PTSL foi reconduzido ao poder, sob a liderança de Kenny D. Anthony. Em 2001, o PTSL venceu o novo pleito e voltou a indicar Kenny para primeiro-ministro; em 2015, ele seguia na chefia de governo.
Economia na virada para o século XXI
As duas grandes fontes de renda de Santa Lúcia são a agricultura e o turismo, que começou a ganhar força na década de 1970. A força do turismo deve-se aos resorts controlados por grandes redes multinacionais. No ano de 2001, 253 mil turistas, quase o dobro do número de habitantes, visitaram a ilha.
A agricultura de exportação, depois dos séculos de dependência do açúcar, passou ao cultivo de frutas, como o coco, a manga e, principalmente, a banana. Atualmente, este é o principal produto exportado pelo país, sobretudo para o Reino Unido. Por esse motivo, Santa Lúcia é uma exceção no Caribe, sendo a única nação da região que não depende comercialmente dos Estados Unidos. Apesar disso, o sucesso da banana fez com que a ilha passasse a depender de uma nova forma de monocultura. Mais recentemente, Santa Lúcia também passou a oferecer serviços financeiros offshore. Seu Produto Interno Bruto (PIB) foi de US$ 377,5 milhões em 2003, ano em que a economia cresceu 3,7%. Sua inflação média anual entre 1990 e 2001 foi de 2,1% ao ano.
Quadros estatísticos
Indicadores demográficos e econômicos de Santa Lúcia
1950 | 1960 | 1970 | 1980 | 1990 | 2000 | 2010 | 2020* | |
População (em mil habitantes) |
83 | 90 | 104 | 118 | 138 | 157 | 177 | 192 |
• Sexo masculino (%) | 49,28 | 48,06 | 48,09 | 48,90 | 49,10 | 48,97 | 49,12 | … |
• Sexo feminino (%) | 50,72 | 51,94 | 51,91 | 51,10 | 50,90 | 51,03 | 50,88 | … |
Densidade demográfica (hab./km²) |
154 | 167 | 193 | 219 | 256 | 291 | 329 | … |
Taxa bruta de natalidade (por mil habitantes)** |
46,98 | 45,93 | 37,07 | 33,34 | 26,12 | 17,99 | 15,5* | 13,4 |
Taxa de crescimento populacional** |
0,91 | 1,38 | 1,05 | 1,38 | 1,24 | 1,05 | 0,83* | 0,59 |
Expectativa de vida (anos)** |
52,55 | 59,42 | 64,53 | 69,99 | 71,32 | 72,07 | 74,7* | 76,2 |
População entre 0 e 14 anos (%) |
39,15 | 44,63 | 50,08 | 43,84 | 36,54 | 32,25 | 25,25 | 21,5 |
População com mais de 65 anos (%) |
3,83 | 4,29 | 4,62 | 5,08 | 7,47 | 7,57 | 8,47 | 9,7 |
População urbana (%)¹ | 19,20 | 21,46 | 23,91 | 26,54 | 29,35 | 27,77 | 18,45 | 18,78 |
População rural (%)¹ | 80,80 | 78,54 | 76,09 | 73,46 | 70,65 | 72,23 | 81,55 | 81,22 |
Participação na população latino-americana (%)*** |
0,05 | 0,04 | 0,04 | 0,03 | 0,03 | 0,03 | 0,03 | 0,03 |
Participação na população mundial (%) |
0,003 | 0,003 | 0,003 | 0,003 | 0,003 | 0,003 | 0,003 | 0,002 |
PIB (em milhões de US$ a preços constantes de 2010) |
… | … | … | … | 780,5 | 1.044,8 | 1.244,3 | … |
Participação no PIB latino-americano (%) |
… | … | … | … | 0,029 | 0,029 | 0,025 | … |
PIB per capita (em US$ a preços constantes de 2010) |
… | … | … | … | 5.648,2 | 6.656,9 | 7.014,2 | … |
Matrículas no ciclo primário² |
… | … | … | 30.610 | 33.148 | 25.347 | 19.483 | … |
Matrículas no ciclo secundário² |
… | … | … | 5.077 | 7.802 | 12.530 | 16.017 | … |
Matrículas no ciclo terciário² |
… | … | … | 249 | … | … | 1.973 | … |
Médicos | … | … | … | 38 | 60 | 92 | … |
… |
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)³ |
… | … | … | … | … | … | 0,717 | … |
Fontes: ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
¹ Dados sobre a população urbana e rural retirados de ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
² UNESCO Institute for Statistics
³ UNDP. Countries Profiles
* Projeções. | ** Estimativas por quinquênios. | *** Inclui o Caribe.
Obs.: Informações sobre fontes primárias e metodologia de apuração (incluindo eventuais mudanças) são encontradas na base de dados ou no documento indicados.
Bibliografia
CEPAL. Anuario estadístico de América Latina y el Caribe. Relatório do Desenvolvimento Humano 2004. PNUD/ONU. Santiago: 2004.
GUIA DO TERCEIRO MUNDO. Rio de Janeiro: Terceiro Mundo, 1986.
KLAK, Thomas. Central America and the Caribbean.
Site
http://www.thecommonwealth.org
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