PRESBIFAGIA
Como engolimos?
Como é possível observar no vídeo abaixo, para engolirmos é necessário que haja integridade de diversas estruturas que em conjunto executam a função. O processo começa a partir da mastigação do alimento, contando com a movimentação da língua de forma que ela também movimenta o chamado “bolo alimentar”. Em seguida, esse bolo é empurrado para a região da garganta, onde as estruturas desempenham um papel fundamental para que o bolo seja direcionado para o sistema digestivo ao invés do sistema respiratório.
PRESBIFAGIA
O que é a Presbifagia?
Com o avançar da idade, todas as estruturas do organismo humano sofrem com o processo degenerativo levando à perda de função e capacidade, quer se esteja perante um processo de doença ou não. Os processos degenerativos mais comuns que afetam os idosos estão relacionados a capacidade de ver, de ouvir e de deglutir (engolir) eficazmente. Em específico, associada ao envelhecimento, a dificuldade em engolir é chamada de presbifagia.(1)
A prevalência de presbifagia, ou dificuldade para engolir em pessoas com 65 anos ou mais chega a porcentagens entre 7% e 13%. Contudo, indivíduos portadores de comprometimento neurológico/cognitivo como a demência, a Doença de Parkinson ou que vivem em casas de repouso para idosos, a prevalência pode subir para 50%. (2)
Além do próprio envelhecimento, outros fatores podem estar associados com a ocorrência de disfagia em pessoas idosas. Sendo assim, é possível relacionar questões como a Xerostomia (sensação de boca seca) que pode ser causada por efeitos colaterais de medicamentos como os anti-hipertensivos, anti-colinérgicos, agentes antiparkinsonianos, psicotrópicos e diuréticos. (3)
Pode-se ainda citar, para além dos já supracitados, a Doença de Alzheimer e o Acidente Vascular Encefálico (AVE), os quais também estão relacionados à disfagia. No caso pós AVE, a prevalência de dificuldades para engolir está entre 30% e 65%. (4) Além disso, a disfagia pós AVE pode levar a pneumonia, desnutrição, desidratação e também aumento da duração da hospitalização. (5)
Dentre os principais sinais e sintomas pode-se citar o acúmulo de alimento na boca, modificações na mastigação, escape de alimento durante a refeição, regurgitação nasal (alimento saindo pelo nariz), tosse após a ingestão de sólidos e/ou líquidos, odinofagia (dor ao engolir), engasgo e sensação de algo parado na região da garganta. (6)
Abaixo, é possível observar a diferença entre um exame de imagem onde é possível ver um indivíduo engole em condições normais para um exame onde há alterações. No exame alterado, nota-se que o indivíduo apresenta dificuldades para engolir, bem como necessita realizar mais força para executar a ação.
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Ainda, esta condição pode estar associada a piores resultados em saúde, reinternações, períodos de hospitalização mais longos, maior taxa de morbidade/mortalidade, elevados níveis de ansiedade e depressão e consequentemente, diminuição da qualidade de vida. (7)
Por sua vez, é de suma importância realizar uma avaliação para que tal condição seja identificada e, consequentemente, tratada. Nesse cenário entra o papel do fonoaudiólogo, o qual é o responsável por auxiliar tanto na avaliação quanto no tratamento. Em primeiro lugar, é de suma importância que o profissional tome conhecimento da história clínica do indivíduo, ressaltando aspectos relacionados à alimentação. Somando-se a isto, o profissional deve realizar uma avaliação para determinar se a deglutição no idoso está eficiente e segura. (8)
PRESBIFAGIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - Namasivayam-MacDonald AM, Riquelme LF. Presbyphagia to Dysphagia: Multiple Perspectives and Strategies for Quality Care of Older Adults. Seminars in Speech and Language. 2019 Jun;40(03):227–4
2 - Logrippo S, Ricci G, Sestili M, Cespi M, Ferrara L, Palmieri GF, et al. Oral drug therapy in elderly with dysphagia: between a rock and a hard place! Clinical Interventions in Aging. 2017 Jan;Volume 12:241–51.
3 - Nawaz S, Tulunay-Ugur OE. Dysphagia in the Older Patient. Otolaryngologic Clinics of North America. 2018 Aug;51(4):769–77.
4 - Mann G, Hankey GJ, Cameron D. Swallowing Function After Stroke. Stroke. 1999 Apr;30(4):744–8.
5 - Martino R, Foley N, Bhogal S, Diamant N, Speechley M, Teasell R. Dysphagia After Stroke: incidence, diagnosis and pulmonary complications. Stroke. 2005 Dec;36(12):2756–63.
6 - Miquilussi P, Zanata I, Sartori AP, Silva J, Silva J. A percepção da qualidade de vida do idoso disfágico após intervenção fonoaudiológica. Revista de Saúde Pública do Paraná [Internet]. 16jul.2019 ;2(1):93-02.
7 - Ortega O, Martín A, Clavé P. Diagnosis and Management of Oropharyngeal Dysphagia Among Older Persons, State of the Art. Journal of the American Medical Directors Association [Internet]. 2017 Jul 1;18(7):576–82.
8 - Souza WB de, Meneses CR, Williams EMO. Como intervir nos impactos das alterações de deglutição em pessoas idosas/ How to intervene in the impacts of swallowing changes in old people. Braz. J. Develop. [Internet]. 2022 Mar. 5;8(3):16195-207.
PRESBIACUSIA
Como ouvimos?
Abaixo, clicando no vídeo será possível entender como a audição humana funciona:
FONTE: IPTV USP - HOMEM VIRTUAL
PRESBIACUSIA
O que é a Presbiacusia?
De acordo com a definição da OMS (2012), a presbiacusia, ou perda de audição proveniente da idade, é um problema de saúde crônico que afeta indivíduos com mais de 65 anos de idade (1) e é definida como um distúrbio multifatorial, resultante de agressões ao sistema auditivo ao longo da vida, resultando em uma perda de audição bilateral (nas duas orelhas), simétrica e progressiva, inicialmente para as frequências mais agudas (sons mais finos, como alguns sons da fala). (2)
Dados acerca da prevalência da presbiacusia dependem de fatores como a idade e a população estudada. Entretanto, estima-se que existam mais de 300 milhões de pessoas no mundo com presbiacusia e em 2050 prevê-se que esse número atinja a marca de 900 milhões. (3) Ainda em termos quantitativos, em um estudo de 2022 foi determinado que a prevalência deste acometimento na população estudada atingia a porcentagem de 30,86%. Vale ressaltar que ainda existem poucos estudos que demonstrem a prevalência de tal acometimento, dificultando a quantificação da população afetada. (4)
Dentre os sintomas e queixas mais evidentes é possível citar o zumbido, a dificuldade de ouvir em locais ruidosos, a diminuição da capacidade de discriminação auditiva (diferenciar sons parecidos), tonturas ou vertigens e, consequentemente, a diminuição na qualidade de vida. (5) Para além dos aspectos orgânicos, a presbiacusia impacta diretamente no âmbito psicossocial da população acometida, podendo-se ressaltar como consequências o isolamento social e familiar, o que pode levar à depressão e a baixa autoestima. (6)
O diagnóstico dessa doença é feito por fonoaudiólogos e é comumente realizado pelo exame de audiometria tonal. Tal exame objetiva determinar o tipo e o grau da perda auditiva. Um exame complementar denominado audiometria vocal (ou logoaudiometria) pode ser utilizado, possibilitando avaliar aspectos relacionados à compreensão de fala, auxiliando a indicar o grau de prejuízos para a comunicação. (7)
Ainda, é de suma importância fazer o levantamento da história detalhada da perda auditiva, incluindo a investigação dos hábitos pessoais, condições cardiovasculares, imunológicas e metabólicas, exposição ao ruído, uso de medicamentos que lesam as células responsáveis pelo processo de audição, assim como a investigação de fatores desencadeantes ou potencializadores que podem contribuir para o aparecimento e/ou aumento das queixas do indivíduo. (8)
Vale ressaltar que a presbiacusia é uma condição que não possui cura, mas apresenta métodos de tratamento que possibilitam a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Para tal, os indivíduos podem ser submetidos ao processo de reabilitação auditiva, o qual abrange desde a amplificação (uso de aparelhos auditivos) até a terapia fonoaudiológica. A orientação realizada pelo profissional pode ocorrer desde o momento do diagnóstico, perpassando pelo do processo de seleção e adaptação da prótese auditiva e/ou durante as sessões de terapia fonoaudiológica. (9)
PRESBIACUSIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - World Health Organization. Community-based rehabilitation: promoting ear and hearing care through CBR [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2012. Disponível em: https://iris.who.int/handle/10665/339376
2 - Gates GA, Mills JH. Presbycusis. The Lancet. 2005 Sep;366(9491):1111–20.
3 - Organização Mundial da Saúde. OMS alerta que perda deu audição pode afetar mais de 900 milhões até 2050 [Internet]. ONU News. 2020.
4 - Machado ND. Prevalência e critérios quantitativos para o diagnóstico da Presbiacúsia [Internet]. estudogeral.uc.pt. 2022.
5 - Oliveira IF, Dias CA, Fecury AA, Araújo MH. Oliveira E, Dendasck CV, et al. Sintomas associados a perda auditiva em idosos: usa revisão bibliográfica [Internet]. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. 2019. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/perda-auditiva
6 - Moraes, TS. Impactos da presbiacusia no cotidiano do idoso: implicações biopsicossociais. [Internet] PUC GOIAS. 2020. Disponível em: https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/handle/123456789/1047
7 - Costa-Guarisco LP, Dalpubel D, Labanca L, Chagas MHN. Percepção da perda auditiva: utilização da escala subjetiva de faces para triagem auditiva em idosos. Ciênc saúde coletiva [Internet]. 2017Nov;22(11):3579–88. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-812320172211.277872016
8 - Ruberti GL, Santos L de O, Venega TG. Presbiacusia e a reabilitação auditiva. repositoriounisobr [Internet]. 2022; Disponível em: https://repositorio.uniso.br/entities/publication/1961619c-a95a-4659-89f7-16d617655a7b
9 - Souza MCF, Wieselberg MB. Aconselhamento em Audiologia. In: Lopes Filho O, editor. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 1997. p. 587-604
PRESBIFONIA
Como a voz é produzida?
Abaixo, clicando no vídeo será possível entender como a voz é produzida:
FONTE: IPTVUSP - HOMEM VIRTUAL
PRESBIFONIA
O que é a Presbifonia?
A voz é a personalidade própria do indivíduo e através dela são expressos sentimentos e informações, com o uso da entonação, volume e flexibilidade. Sabe-se que ao longo da vida ocorrem mudanças vocais, que com o passar dos anos são ligadas ao crescimento e ao envelhecimento. Em cada etapa a frequência do uso da voz cumpre uma demanda diferente, variando de sujeito para sujeito, pois depende de diferentes fatores que são individuais durante os ciclos da vida. (1,2)
Sendo assim, quando se fala do envelhecimento da voz, a presbifonia é o envelhecimento natural deste aspecto, com início e desenvolvimento que dependem da saúde física, psíquica e da história de vida do indivíduo. Ademais, fatores constitucionais, raciais, hereditários, alimentares, sociais e ambientais também podem contribuir para o aparecimento desta condição. (3)
Quanto à prevalência da presbifonia, há poucos estudos em território brasileiro que quantifiquem tal população. Entretanto, em um estudo foi revelado que dentre as pessoas idosas com problemas vocais, a prevalência da presbifonia como causa das alterações foi de 17,78%. (4)
Segundo estudos, para além do próprio envelhecimento das estruturas, existem uma série de fatores associados aos distúrbios de voz, incluindo aspectos clínicos e psicológicos como: resfriados, dor de garganta, refluxo gastroesofágico, artrite problemas de tireoide, bronquite, distúrbios do sono, ansiedade e frustração. Ainda, é possível citar outros fatores como: local de residência do indivíduo, índice de massa corporal (IMC), estado de saúde geral, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença das cordas vocais, doença cerebrovascular e depressão. (5)
Dentre os sintomas da presbifonia, pode-se citar o cansaço para falar, a diminuição do tempo máximo de fonação (quantos segundos um indivíduo consegue manter a emissão com uma única inspiração), alteração da Frequência Fundamental (F0) (que pode ficar deixar a voz mais grossa ou fina), diminuição da Intensidade Vocal/capacidade de projetar a voz, dificuldade em manter a entonação e a intensidade da voz e também o aumento da soprosidade e da rouquidão. (6)
O diagnóstico é realizado pelo fonoaudiólogo e deve conter tanto uma boa entrevista que investigue possíveis fatores associados quanto uma avaliação completa, englobando a avaliação perceptivo-auditiva da voz, a análise acústica e exames de imagem como a laringoscopia indireta ou a videolaringoscopia. Quando diagnosticada corretamente, a presbifonia tem tratamento, o qual também é realizado por um fonoaudiólogo. (7)
PRESBIFONIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - Colton RH, Casper JK, Leonard R. Compreendendo os problemas da voz: uma perspectiva fisiológica no diagnóstico e tratamento das disfonias. 3a edição. Rio de Janeiro: Revinter; 2009.
2 - Gampel-Tichauer D. Envelhecimento e voz: características principais e repercussão social[Internet]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2007. Disponível em: https://leto.pucsp.br/bitstream/handle/12514/1/Gampel.pdf
3 - Behlau MS, Pontes P. O desenvolvimento ontogenético da voz: do nascimento à senescência. In: Behlau M, Pontes P. Avaliação e tratamento das disfonias. São Paulo: Lovise; 1995. p. 39-52.
4 - Chang FC, Doan TN, Wang L, To TL, Ho W, Chou L. Prevalence of Presbyphonia in Older Adults With Dysphonia: A Systematic Review and Meta-Analysis. American Journal of Speech-language Pathology. 2023 Nov 6;32(6):3064–76.
5 - Gois ACB, Pernambuco L de A, Lima KC de. Factors associated with voice disorders among the elderly: a systematic review. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. 2018 Jul;84(4):506–13.
6 - Rodrigues AC. Presbifonia : dar voz a um “velho” problema. Repositório da Universidade de Lisboa. 2017. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/handle/10451/30749
7 - Cardoso GK. Intervenção fonoaudiológica na presbifonia: revisão integrativa de literatura. Repositório PUC CAMPINAS. 2020. Disponível em: https://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/handle/123456789/14616
QUESTIONÁRIO SOBRE O CONTEÚDO
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