Curso de Curta Duração 05: Para um entendimento das formas de “Construção Social” de um desastre

Ministrantes:

María de Lourdes García Vázquez. Arquiteta, com estudos de pós-graduação pela Faculdade de Arquitetura – UNAM; Coordenadora do Laboratório Hábitat Social: participación y género; Integrante das redes: Mujer y Hábitat/HIC (Red Latinoamericana Mujer y Hábitat de HIC – Coalición Internacional del Hábitat), HUB Gender-ONU-Mujeres, Red Internacional de Investigación y Acción en Mejoramiento Barrial y Urbano (RIIAMBU) y Red Universitaria Latinoamericana de Cátedras de Vivienda (ULACAV).

Ementa:

Durante os últimos anos, o debate sobre as relações entre os desastres, o desenvolvimento, o meio ambiente, a sustentabilidade, e de suas implicações para a gestão de riscos e desastres, tem crescido de maneira acelerada, não só no México, mas em toda a América Latina.

O tema tem se convertido em um ponto de referencia e reflexão quase obrigatório no caso de México. Isso se deve, entre outros fatores, aos contextos seguintes e às perdas sem precedentes geradas pelos desastres associadas: a) com os sismos de setembro de 2017 em vários Estados do país; b) com as inundações em Nayarit, pelo transbordamento dos rios Acaponeta e San Pedro, provocadas pelo Furação Willa em 2018; c) ao fato, geralmente aceito, de que o número e o impacto dos desastres estão se incrementando rapidamente em âmbito mundial, nos países em vias de desenvolvimento e, sobretudo, com as populações mais pobres sobrecarregadas com uma carga desmedida das perdas, em termos relativos; d) e, à ideia de que fatores tais como a mudança climática global, a introdução de novas tecnologias perigosas e o aumento notório nos níveis de vulnerabilidade social – caso dos  assentamentos humanos em zonas de fraturas geológicas na Cidade de México (CDMX) – pode vir a gerar condições propicias para um drástico incremento no número de desastres no futuro.

O objetivo principal da presente proposta é analisar e refletir sobre a problemática dos desastres e o desenvolvimento, utilizando o caso dos sismos do 19S como um cenário para verificar os conceitos propostos em torno ao problema e às afirmações e interpretações  que sobre este surgiram durante os meses posteriores ao impacto do evento na CDMX e suas relações com desastres em países da América Latina, entre outros, Brasil e Argentina.

Não pretendemos esgotar o tema, nem apoiar nossos argumentos com una profusão de dados e/ou evidências empíricas, já que nosso objetivo é demonstrar uma serie de argumentos, que contribuam com a reflexão e o debate.

Desenvolvimento e Cronograma:

De 7 a 9 de maio – Das 9h às 10h30

Primeira sessão (07/05/2019)

  • Breve apresentação do Laboratório Hábitat Social: participación y gênero – (LAHAS), UNAM:

A partir de 1976, o projeto acadêmico-político denominado AUTOGOBIERNO-ARQUITETURA, (UNAM, MEXICO) que teve como base o Plano de Estudos do Ateliê Total, conhecido como Taller Total, (FAU-UNC, Córdoba, Argentina) incluiu no seu Plano de Estudos a Extensão Universitária; e nas diversas atualizações do Plano de Estudos de nossa Faculdade, na UNAM, México, esta área continuou se desenvolvendo até hoje e, desde 1997, incluiu-se no currículo como área de conhecimento, tendo como objetivo realizar projetos urbanos e arquitetônicos com comunidades de escassos recursos econômicos. Nossa relação com a FAU-UNC, Córdoba, Argentina, se deu não só neste tema, como também na incorporação da perspectiva de gênero como uma condicionante do desenho. Também participamos em vários eventos conjuntamente, tal como o 2° Encuentro Internacional La Formación Universitaria y la Dimensión Social del Profesional: a 46 años del Taller Total en la UNC

Nosso trabalho parte do desenvolvimento de experiências em Extensão Universitária e, em 2007, iniciou- se o projeto Laboratório Hábitat Social: participación y gênero (LAHAS).

B- Atividades do LAHAS-UNAM, frente ao sismo ocorrido no limite de Puebla e Morelos (México), em 2017, sinistro que causou importantes perdas humanas e materiais, sobretudo na  Cidade de México – CDMX.

Neste contexto, LAHAS-UNAM, em conjunto com organizações de vitimados, integrantes do Movimento Urbano Popular, realizamos um processo participativo para elaborar o Plano de Reconstrução com participação dos moradores: proposta desde o direito à cidade, o qual compreende polígonos assentados nas colônias Cananea-La Planta, Ejido de Santa María Aztahuacán e a Unidade Habitacional Santa Cruz Meyehualco na Alcadia de Iztapalapa-CDMX. Temos desenhado os trabalhos articulando as atividades de outros agentes que já trabalharam na zona, como acadêmicos do Instituto de Geofísica da UNAM e atualmente com os técnicos de diversas áreas da Alcadia.

C- Fatores para estabelecer que os desastres constroem-se socialmente e, por esta razão, podem estar sujeitos à manipulação política e ideológica, sendo, portanto, também construídos social e politicamente..

Segunda sessão (08/05/2019)

Precisões Teóricas e Conceituais: Um desastre não é só um sismo ou furacão, são os efeitos que esses provocam na sociedade. Os eventos físicos são obviamente necessários e um requisito prévio para que sucedam os desastres, porém não são capazes em si mesmos para que assim se concretizem. Nesta perspectiva, os desastres são o produto de processos de transformação e crescimento da sociedade, que não garantem uma adequada relação com o ambiente natural e construído que a sustenta (LAVELL, 1996).

Terceira sessão (09/05/2019)

Oportunidades e obstáculos para a Reconstrução com Transformação, depois do 19S na CDMX, na forma em que a academia, a sociedade e os governos veem o problema de risco e desastre, e em termos da maneira em que enfrentarão a problemática no futuro. O processo que seguirá a reconstrução, seus padrões e prioridades, atualmente, segue aberto a muitas interrogações e dúvidas. Indaga-se se o processo será realizado com um profundo sentido de redução da vulnerabilidade, de participação social amplia, de inclusão dos grupos menos favorecidos da  sociedade, de “desenvolvimento” em termos integrais, de adequação às realidades locais e regionais diferenciadas, de vinculação com a academia e os representantes da sociedade civil desses territórios, de respeito e,  de acordo com os 17 Objetivos de Desenvolvimento  Sustentável (ODS).

Quarta sessão (09;05/2019)

Refletir, conjuntamente com os participantes, para intercambiar ideias e propostas com base em casos comparados de incidentes trágicos e crimes ambientais em países de América Latina, entre outros, Brasil e Argentina.

Bibliografía:

CENAPRED (2016) Guía rápida de preparación ante situaciones de desastre, SEGOB-México.

Desastres y Sociedad (1993-98). Revista Semestral de la Red de Estudios Sociales en Prevención de Desastres en América Latina, Nos. 1-8.

GARCÍA MONTES, L (2009) “El hábitat y la participación comunitaria en los asentamientos post-desastre”.  Universidad Nacional de Colombia, Sede Bogotá. Facultad de Artes. Maestría en Hábitat. Bogotá, Colombia.

LAMPIS, A. (2005) “Pobreza y Riesgo Medioambiental: un problema de vulnerabilidad y desarrollo” Working Paper. Programa de investigación sobre Vulnerabilidad y Desigualdad. http://www.desenredando.org/public/varios/2010/2010-08-30_Lampis_2010_Pobreza_y_Riesgo_Medio_Ambiental_Un_Problema_de_Desarrollo.pdf

LAVELL, A. (1996). “Degradación Ambiental, Riesgo y Desastre Urbano: Problemas y Conceptos”, en: Fernández, M. A. (1996). Ciudades en Riesgo: Degradación Ambiental, Riesgos Urbanos y Desastres. LA RED-USAID. Lima

LAVELL, A. y E. Franco (1996). Estado, Sociedad y Gestión de los Desastres en América Latina. LA RED-FLACSO-IT Perú. Lahmann. Lima, Perú.

LAVELL, A. Coord. (2003). “La gestión local del riesgo. Nociones y precisiones en torno al concepto y la práctica”. CEPREDENAC – PNUD

ZICCARDI, A. (abril-junio, 1986). “Política de vivienda para un espacio destruido”. Revista Mexicana de Sociología, Vol. 48, No. 2, Sismo: desastre y sociedad en la ciudad de México, pp. 121-193. Disponível em: http://links.jstor.org/sici?sici=01882503%2819864%2F06%2948%3A2%3C121%3APDVPUE%3E2.0.CO%3B2-7 , acesso: 28/02/2019