Curso de Curta Duração 16: Revolução Sandinista e América Latina: 40 anos de impactos e repercussões

Ministrantes:

Fernanda Feltes – Mestra em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Fred Maciel – Doutor em História; Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar Sociedade e Desenvolvimento – Unespar/Campo Mourão

Roger dos Anjos de Sá – Doutorando em História pela Universidade Federal de Goiás

Ementa:

A segunda metade do século XX foi marcante na história latino-americana, principalmente do ponto de vista das transformações políticas, mudando a realidade do espaço e trazendo a atenção internacional para este cenário. Na sub-região centro-americana, em especial na Nicarágua, ditas alterações foram significativamente impactantes: em 1979, após mais de quatro décadas de regime autoritário, a capital Manágua era tomada por tropas guerrilheiras, fruto de um intenso combate insurrecional guiado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), desde meados da década de 1960. A partir desse momento, iniciava-se um período de esperanças compartilhadas pela população como um todo, com perspectivas de mudanças na vida da sociedade nicaraguense após o fim da ditadura comandada pela família Somoza. No decorrer do novo regime, foi percebida como necessidade premente a participação e envolvimento do maior número possível de atores sociais dos mais variados grupos e segmentos, respaldada por um extenso ideal anti-somozista e aglutinada ao redor de uma proposta central do grupo que assumia o poder vinculada discursivamente à democratização do país (apontada frequentemente pela cúpula dirigente como “libertação e soberania nacional”), bem como à transformação social. Entretanto, o entusiasmo que gerou uma congregação quase universal entre os diversos grupos, categorias e classes sociais durou pouco, incidindo, por um lado, na criação de uma oposição interna ao projeto capitaneado pela Frente Sandinista e, por outro, provocando o reordenamento da geopolítica norte-americana para o país e para o istmo centro-americano.

A proposta do curso vai ao encontro da percepção da importância do movimento revolucionário nicaraguense para a região, com repercussões ainda notáveis, substancialmente na manutenção da força do epíteto “sandinista”. Assim, abordaremos aspectos centrais de referido acontecimento histórico, com suas motivações, produtos e consequências para a dinâmica regional, além dos impactos internacionais e consequências do movimento sandinista para pensar a Nicarágua na atualidade.

Desenvolvimento e Cronograma:

De 7 a 9 de maio – Das 9h às 10h30

Primeira sessão (07/05/2019) – 1979: a Revolução e seu panorama político.

Segunda sessão (08/05/2019) – Impactos regionais, ações internacionais e influência socioculturais.

Terceira sessão (09/05/2019) – 2019: 40 anos da Revolução Nicaraguense, sandinismo na atualidade, crise sociopolítica e reflexos latino-americanos.

Bibliografia:

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