Roberta Fin Motta

Resumo: A presente Tese aborda a inserção da Psicologia nas Políticas Sociais Públicas, particularmente a Assistência Social, mais especificamente, o processo de construção dos processos de trabalho que repercutem diretamente no cotidiano das (os) psicólogas (os) que atuam no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e, especialmente, nos Centros de Referência da Assistência Social (CRASs), vinculados à Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), da cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Esta Tese está organizada em três seções. A primeira seção consiste num estudo sobre a produção acadêmica publicada da Psicologia na Assistência Social brasileira, com especial ênfase na sua relação com os CRASs. Tal desenho possibilita a análise da evolução histórica da preocupação das (os) pesquisadoras (es) a respeito deste tema, assim como a observação de algumas das características fundamentais desta produção. Para tanto, foi realizado um estudo inspirado em uma proposta de revisão narrativa com consulta às bases de dados eletrônicas. Na segunda seção procura-se caracterizar e discutir o trabalho da (o) psicóloga (o) no âmbito do SUAS, especificamente das (os) trabalhadoras (es) que atuam nos CRASs. Tal estudo parte da premissa de que a (o) profissional da Psicologia é uma (um) trabalhadora (or) da Assistência Social, fundamental para a engrenagem e a tecelagem da política, assim como necessária (o) para a garantia do acesso das (os) usuárias (os) ao direito social. A terceira e última seção debate os processos de trabalho e as práticas das (os) psicólogas (os). Estes dois últimos estudos estão alicerçados em análise de pesquisa realizada com 27 profissionais vinculadas (os) aos CRASs, sendo que os dados foram obtidos por meio de entrevistas e analisados com o apoio na Teoria Fundamentada (TF). Os resultados alcançados indicaram que nos últimos anos há um envolvimento e um investimento importantes da área em relação à Assistência Social. Além disso, a Assistência Social tem colaborado para a expansão e interiorização da profissão e para o desenvolvimento de práticas diferentes das tradicionais.Identifica-se, que as (os) trabalhadoras (es) estão submetidas a condições adversas que podem ser explicitadas no campo da formação e das relações de trabalho, aparecendo desde o modo de contratação até o desenvolvimento das atividades rotineiras do trabalho no SUAS. Destaca-se ainda que, por ser este um campo novo e em expansão, sua materialização como atendimento às necessidades sociais da população ainda carece da construção de mediações para a sua realização. A caracterização das (os) trabalhadoras (es) psicólogas (os) do SUAS em Porto Alegre aponta inúmeros desafios para a construção de um fazer profissional comprometido com os direitos sociais. Por fim, apesar dos avanços, a regulação e a implementação do SUAS ainda não são uma completa realidade no cotidiano de trabalho das (os) profissionais nos CRASs. Ressalta-se, especialmente, o desafio da formação que, conforme apontam as (os) entrevistadas (os), ainda é precária no que tange ao preparo para a atuação no âmbito social, carecendo tanto de referenciais como de técnicas que complementem os fazeres e saberes já instituídos na profissão.

Palavras-Chave: Psicologia; Assistência Social; CRAS; Trabalho

Referência: Motta, Roberta Fin. (2015). O trabalho das (os) psicólogas (os) no SUAS: materializando a assistência social enquanto política social pública. Tese de doutorado, Doutorado em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 

Disponível aqui

Outras publicações

PSICOLOGIA E POLÍTICAS SOCIAIS: CONSERVADORISMO EM TEMPOS DE CAPITAL BARBÁRIE

Marcos Azambuja e Herculano R. Campos

Leia mais »

Política social de Assistência Social e a garantia de direitos sociais: entre ambiguidades e contradições

Lisandra Chaves de Aquino Morais e Isabel Fernandes de Oliveira

Leia mais »