Esequiel Pagnussat

Resumo: A partir da promulgação da Constituição de 1988, o Brasil implementou uma série de políticas públicas que visam a construção da Seguridade Social na perspectiva de garantir o bem estar da população. Uma importante conquista ocorre em 2004 quando fora formulada a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) que regulamenta a construção do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), que por sua vez, organiza as ações na busca em atender indivíduos e famílias em situação de risco e vulnerabilidade social. Dentro da organização do SUAS, o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), um dos serviços ofertados pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), atua de maneira preventiva com o intuito de fortalecer os vínculos familiares e comunitários, além de promover a garantia de direitos sociais de famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade. Entre os profissionais que passam a atuar no campo socioassistencial encontram-se os psicólogos. A Psicologia é composta por múltiplos e diferentes repertórios teóricos e práticos, por sua vez, a Psicologia Social busca compreender como os fenômenos psicossociais interagem nos indivíduos e na sociedade. Neste sentido, o Apoio Social, ou Suporte Social, surge como um importante tema de pesquisa e intervenção da psicologia no campo das políticas públicas. Neste sentido, foi proposto o presente estudo cujo objetivo foi identificar a configuração estrutural e funcional de Apoio Social em algumas famílias acompanhadas pelo Serviço PAIF de Porto Alegre. A pesquisa foi composta por um delineamento misto sequencial, contemplando inicialmente um estudo quantitativo e posteriormente um estudo qualitativo. Na primeira etapa foram utilizados questionários para identificar a percepção do apoio social e do suporte familiar com 91 pessoas acompanhadas pelo Serviço PAIF. Os resultados do primeiro estudo indicam a relação entre maior Percepção de Suporte Familiar e maior Escolaridade, maior Adaptação Familiar e maior Escolaridade, maior Autonomia Familiar e maior Tempo de Acompanhamento no CRAS. Identificou-se também, diferença entre uma maior Rede de Apoio das mulheres em comparação com a dos homens, relação entre maior Participação Comunitária e menor Renda, maior Integração Comunitária e maior Idade da Pessoa, maior Tempo de Acompanhamento no CRAS e maior Valor do Benefício Social. Além disso, houve correlação entre as dimensões do Apoio Social Comunitário e do Suporte Familiar. Após a etapa quantitativa, iniciou-se o estudo qualitativo que buscou identificar como os recursos e estressores de Apoio Social influenciam no desenvolvimento das famílias acompanhadas pelo Serviço PAIF. Foram selecionados quatro participantes, com níveis extremos de Apoio Social e Suporte Familiar do estudo quantitativo. Foram realizadas entrevistas biográficas de caráter narrativo e analisadas sob a perspectiva da Análise de Conteúdo. Os resultados a partir dos conteúdos das narrativas foram organizados em dois eixos centrais: Acontecimentos Vitais Estressantes e os diferentes Recursos Psicossociais. Assim, a partir das narrativas pode-se identificar múltiplos e contínuos eventos vitais estressantes, a importância dos vizinhos, das instituições religiosas e dos serviços públicos no apoio comunitário. Quanto ao apoio familiar, a família não teve maior papel como requisitante ou provedora de suporte.

Palavras-Chave: Apoio Social; Apoio Familiar; Assistência Social.

Referência: Pagnussat, Esequiel. (2014). Apoio social e familiar em indivíduos acompanhados pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral. Dissertação de mestrado, Mestrado em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

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