Angela Beatriz de Lima Borges
Resumo: A inserção da Psicologia na Política Nacional de Assistência Social é recente. Em 2004, a(o) psicóloga(o) passa a compor a equipe técnica de referência na Assistência Social junto a outros profissionais. A atuação das(os) psicólogas(os) nessa política pública tem como um de seus desafios superar práticas e modelos tradicionais da Psicologia. O presente trabalho tem por objetivo problematizar a atuação das psicólogas nos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), analisando o processo de inserção nesse espaço e as concepções e práticas desenvolvidas por profissionais em um município de Goiás. Teve como objetivos específicos: a identificação de referenciais teórico-metodológicos no trabalho das psicólogas; analisar se a formação profissional das psicólogas é uma mediação importante na sua prática profissional; identificar quais práticas da Psicologia são desenvolvidas nos CRAS; e refletir se levam em conta as diretrizes teórico-metodológicas da PNAS e/ou demandas sociais. A fundamentação teórica problematizou a relação entre política social e “questão social”, a história das políticas de Assistência Social e o processo de inserção da Psicologia na Assistência Social após a regulamentação da profissão em 1962. Foi realizada uma pesquisa qualitativa em que seis psicólogas foram entrevistadas. Para as entrevistas foi utilizado um roteiro semi-estruturado com a finalidade de explorar os objetivos propostos nesta pesquisa. A análise de conteúdo possibilitou a discussão dos seguintes resultados: atuação predominantemente tecnicista e focada em atendimentos individualizados; desenvolvimento de atividades coletivas desconsiderando “questões sociais” do território do CRAS; formação acadêmica e complementar deficitária para o trabalho nos CRAS; referenciais teórico-metodológicos se restringido às normativas e aos documentos do SUAS; dificuldades relacionadas com as condições de trabalho das psicólogas (falta de concurso público, falta de equipamentos e estrutura física adequada); aposta das psicólogas no processo de transformação da realidade das famílias atendidas por meio do trabalho da Psicologia desenvolvido nos CRAS. Esses resultados podem contribuir na reflexão crítica sobre os limites e as possibilidades para uma relação entre Psicologia e Assistência Social que contribua com os esforços por emancipação.
Palavras-chave: Psicologia; Assistência social; Questão social; Política social.
Referência: Borges, Angela Beatriz de Lima (2016). A inserção da(o) psicóloga(o) na política de assistência social – contradições, desafios e limites. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.
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